Por Gilvan Freire: PT : 35 ANOS DE FUNDAÇÃO, 12 DE AFUNDAMENTO


Vladimir Chaves

Não poderia ser mais melancólico o trigésimo quinto aniversário do PT. Ninguém na rua para levantar a bandeira vermelha estrelada nem para socar no ar com o punho fechado, aquele gesto e aquele estandarte que que fizeram das ruas brasileiras um lugar onde o país inteiro, enfurecido e mobilizado contra a ditadura agonizante, cantava bordões e gritava palavras de ordem. Foi assim também no bota fora de Collor, o Fernandinho das elites exploradoras

É bem verdade que o PT não fez isso sozinho. Quando nasceu, já tinha sido gerado no útero do PMDB, o partido com o maior mérito na resistência à tirania e na derrubada do regime militar. Por pura, perversa e traiçoeira ironia da história, os dois partidos são hoje cúmplices nos atentados que deixam o país sem rumos.

O PREÇO DO FRACASSO E DA TRAIÇÃO

Hoje só o PT está enganado a respeito de si mesmo. Seu papel reformista e regenerador está esgotado. Melhor dizendo, fracassado. Quem ainda acha que o PT vai voltar às ruas com o apoio do povo levante a mão. Ninguém levantou, viu ? É isso, ninguém acredita mais no PT, nem mesmo boa parte de petistas que não estão pendurados nos cabides de emprego do aparelho estatal. Muitos petistas foram militantes de luxo nos velhos tempos de enfrentamento, agora são beneficiários da bolsa emprego - soldados civis remunerados, encarregados de defender os covís.

Segundo a última pesquisa do DataFolha, Dilma mergulha para o naufrágio. Seu prestígio popular caiu para quase a metade do que fora anteriormente, enquanto a reprovação social subiu de forma astronômica. Pior : setenta e seis por cento dos entrevistados ( é como pensa o povo brasileiro ) acham que ela tem a ver com a corrupção que varre o país de Norte a Sul, passando pelo Planalto Central. Como não saber se era esse esquemão que financiava as campanhas dela, de Lula e de todos os outros candidatos petista pelo Brasil afora ?

Mas se colocarem o próprio PT nesse tipo de pesquisa, os índices de aceitação popular ficarão rente com o chão. Melhor dizendo, com a lama. Por isso deixa o PT sair às ruas. Lá só estarão os futuros desempregados do governo e alguns pelegos sindicais que silenciam quando o país pega fogo nos incêndios morais. No Congresso, ninguém defende mais Dilma nem Lula, muito menos defende o PT.

Mas se o PT insultar o povo, que já está ofendido demais com o petismo, vai ocorrer algo assemelhado com o que aconteceu nos tempos dos militares, que estrumavam os cachorros para morder os calcanhares de Ulisses e Lula. Com a diferença de que agora, se houver provocação à sociedade brasileira, será ela mesma que vai estrumar seus cachorros para morder os calcanhares dos que se julgam donos do Estado e da própria nação. É esse o preço das traições políticas e morais.

Gilvan Freire: Foi líder estudantil, vereador, deputado estadual duas vezes e presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, deputado federal e candidato a governador da Paraíba em 1998.

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