Nos últimos 20 dias o
placar de votos na Câmara só piorou para o Palácio do Planalto. Esse cenário
mais adverso ocorreu apesar da forte investida do governo da presidente Dilma
Rousseff sobre sua militância propagando a interpretação de que o pedido de impeachment
é um “golpe''.
Um levantamento da
consultoria Bites indica que subiu de 220 para 273 o número de deputados
federais que se expressa abertamente a favor do impeachment. É um crescimento
expressivo de 24%.
Foram considerados nessa
análise o que efetivamente os deputados dizem nos seus perfis nas redes sociais
Twitter e Facebook, além de entrevistas à mídia tradicional. No estudo da
Bites, os votos só são computados quando um congressista fala de maneira clara
qual é a sua posição.
A primeira amostragem foi
feita em 18.mar.2016. A última, 6.abr.2016. Eis os dados:
São necessários 342 votos
para que seja admitido o pedido de afastamento da presidente da República. Como
a oposição contabiliza 273 apoios, precisa ainda arregimentar, no mínimo,
outros 69 deputados federais.
Ao mesmo tempo, nesse
período pesquisado –que já abrange a abertura da política de fisiologia, com
distribuição de cargos e verbas pelo Planalto– o grupo de deputados contrários
ao impeachment ficou praticamente estacionado. Na realidade, até caiu um pouco:
saiu de 124 em 18.mar para 118 apoios no dia 6.abr.
O grupo de deputados mais
importante, a esta altura, é o dos chamados indecisos. Ninguém no Congresso
acha que possa existir ainda alguém em dúvida na Câmara ou no Senado. O que há
são políticos à espera de alguma proposta mais vantajosa para negociar a favor
de um lado ou de outro.
Os indecisos sofreram uma
forte redução nos últimos cerca de 20 ias. Caíram de 169 para 122 –variação de
28%.
Numa eleição tradicional,
os indecisos tendem a se dividir proporcionalmente conforme os votos que cada
candidato já tem. Agora, essa lógica não vale.
Tudo dependerá nos
próximos dias e semanas da eficácia da promessa de cargos feita pelo governo
para atrair mais apoios. Para Dilma Rousseff, bastam 172 votos –ou seja, se a
petista agregar mais 54 deputados ao seu grupo, livra-se do impeachment. É
menos do que os 69 que faltam no momento para a oposição.
O que pode preocupar Dilma
Rousseff é a chamada “onda” que pode se formar contra ela e seu governo nos
dias finais que antecederem a votação. Não há como fazer uma previsão
científica a respeito.
O dado disponível é o das
últimas semanas: apesar de o governo ter reagido de maneira robusta na área
política (com a distribuição de cargos e verbas, com a chamada fisiologia), a
tropa pró-impeachment continuou a crescer.
A Bites fará a contagem
das posições dos deputados diariamente, a partir de hoje (7.abr.2016). Esse
termômetro será útil para medir as variações na Câmara.
Do Blog de Fernando
Rodrigues.