Professora faz desabafo contra paralisação de 3 dias nas escolas.


Vladimir Chaves

Uma carta aberta de autoria de uma professora da rede estadual de educação do Rio Grande do Sul, está circulando nas redes sociais e tem recebido centenas de elogios. Na carta a professora Carla Sotero, faz um desabafo contra a paralisação de três dias, ao tempo que faz uma declaração de amor a profissão e compromisso com a educação e seus alunos.

Confira a integra da carta:
“Odeio…odeio quando falam de forma generalizada da classe dos professores estaduais.

Faço parte deste grupo por opção, e não por obrigação. E o dia em que eu estiver descontente, aborrecida, procurarei outra forma de me realizar, afinal, com todas as mazelas, me qualifiquei muito pra fazer o que faço.

E me realizo muito, acreditem…acho que por isso faço muito bem, e assumo sem vaidade.

Na atual conjuntura, não vejo esta paralisação ou greve, como queiram chamar o movimento, como oportuna.

Eu ainda nem conheço ao menos meus alunos deste ano que, por óbvio, não têm culpa alguma de fazermos parte de um contexto histórico onde não tivemos, até o presente momento, um sindicato que pudesse nos representar à altura de uma modificação fundamentada.

Trazemos nas costas um Plano de Carreira elaborado em pleno regime militar, retrógado e engessado.

Tudo evolui: a medicina, a engenharia, as artes… mas muitos educadores ainda estão enraizados numa situação perdida e passível urgentemente de modificação. E os educadores modificam ou não a educação.

Nosso plano de carreira deve ser reformulado, como as leis, as normas, as estradas, os viadutos, a comunicação… enfim, tudo que careça de um estudo sensato e focado no melhor de cada área.

Não farei greve pra concordar com um grupo que não pensa no coletivo, mas apenas em seu umbigo prestes a aceitar algum beneficio.

Não farei greve onde houverem representantes de um governo caótico e perdido, em que de um lado se luta e de outro se comemora alianças.

Não farei greve enquanto meu compromisso maior são seres humanos, em especial num espaço de vulnerabilidade social onde minha presença e ação vai muito além um estático conteúdo.

Não farei greve enquanto conhecer as famílias e saber que, se não estiverem na escola, seus filhos ficarão à margem de uma realidade sem proteção e alimento.

Não farei greve enquanto eu aceitar ser professora… ser responsável, a cada dia, pela construção de uma rua, de um bairro, de uma cidade melhor.

Não farei greve com base na decisão de uma minoria.

Não farei greve enquanto eu ver que, cada dirigente de sindicato, usa os professores para degrau político.

Não farei greve até que me mostrem uma saída melhor, que não seja a de prejudicar tantos e tantos sujeitos em desenvolvimento.

Me desculpem, mas não me colocarei como peça de manobra.

E vejam, em momento algum me vitimizo, em momento algum acuso alguém. Somente me posiciono face à história, face às minhas escolhas.

sabem o quanto sou autêntica e transparente.

Se forem participar de deste ou de outro movimento, desejo sorte.

Se também encontrarem outra forma de mudar este quadro complexo, sem prejudicar meu objetivo maior que é o aluno em sala de aula…contem comigo.

Também não peço desculpas se alguém se sentir ofendido…todos me conhecem e sabem o quanto respeito o sentimento e ideia do outro.

Só por favor me deixem ser o que sou… e segunda-feira estarei em sala de aula sim, pois para os meus alunos, em pleno início de período letivo eu digo…SIM!

Carla Sotero
com muito orgulho Professora de Educação Física

com muita luta,  Mestre em Educação.

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