Festa de cores, sons e sabores, começa o Maior São João do Mundo


Vladimir Chaves

A melodia candente dos acordes da sanfona anunciou: é São João! “Olha pro céu, meu amor”, que no firmamento da Rainha da Borborema brilham estrelas multicoloridas e o ribombar de fogos desenhando sonhos na noite encanta e proclama: é tempo do Maior São João do Mundo.

O chiado da chinela marca o arrasta-pé na palhoça, e o coração pulsa no compasso da zabumba. Até mesmo o dançarino solitário não resiste à toada aguda do triângulo e, braços fazendo as vezes de um belo par, entra na dança. “Me arraiô / Rastro na areia / Minha sereia / São João é um amor”.

Um senhor irrequieto, barba muito branca, chapéu cheio de estilo, toca um coco ritmado e envolve a todos num carisma irresistível. O gringo, tomado de empolgação, pergunta quem é. “É Biliu. É de Campina”.

O cheiro se espalha no ar e vai buscar ainda longe o passante. Quem resiste ao sabor do São João? Tem pamonha com queijo de coalho. Tem milho verdinho, cozido ou assado. Tem canjica temperada a canela.

O saudosista lembra – porque não há como esquecer – dos tempos do Rei Luiz Gonzaga, de Dominguinhos, de Jackson do Pandeiro, de Marinês. E que saudade! Mas, Gonzagão vive em cada trio de forró que repete suas canções. Lá está a emoção de Dominguinhos rediviva na melodia tocante do acordeom. O balanço do pandeiro evoca o “rei do ritmo”. E tantas vezes se cante “No meu cariri / Quando a chuva não vem”, eis a “rainha do xaxado”.

É o São João de Campina. Espetáculo de cores, ritmos e sabores, com 31 anos de história e muita história a contar. É de Campina, com o jeito do nosso povo, a alegria da nossa gente, a grandeza de uma cidade que é “única entre muitas”. Pode se chegar! Está só começando. Serão trinta dias de forró, arrasta pé, cultura popular e muita nordestinidade.


“O céu estava assim em festa / Porque era noite de São João”. E Campina Grande faz, com muito amor, o Maior São João do Mundo!

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