Movimento coronelista: Professora da UEPB desabafa contra “Comando de Greve”


Vladimir Chaves

A professora Drª Silvana Santos, que foi alvo recente de uma moção de repudio do Comando de Greve dos Docentes da UEPB, por ousar questionar a condução da greve, utilizou as redes sociais para fazer um desabafo contra o que ela chamou de “movimento coronelista”.

De inicio a professora questiona o regimento da Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Paraíba – ADUEPB -, que estabelece que apenas os professores que pagam 1% dos seus vencimentos a entidade tenham direito a voto nas assembleias, como a que decidiu pela greve por tempo indeterminado. De acordo com a professora, dos 1500 docentes, apenas 300 professores da ativa submetem-se a exigência do regimento e que por isso não ver o movimento paredista como um ato legitimo da categoria, já que a maioria está excluída das decisões.

Ela denunciou ainda que apenas militantes do PSOL e PCO possuem transito livre nas reuniões do “comando de greve” e que os docentes que não tem vinculo com esses partidos não são aceitos nas reuniões.

Ainda de acordo com a professora, aquele que ousar discordar do “comando de greve” pode ser constrangido com moções de repúdios do “comando de greve”, como a que foi aprovada e divulgada nos meios de comunicação contra ela.

Confira a integra do desabafo da professora Drª Silvana Santos.

Palhaçada.
Nas universidades federais, todos os professores votam nas assembleias que tomam decisões sobre greve. Por isto, sempre tem 500, 600 ou mais votos. Na UFCG, por exemplo, as reuniões são no ginásio de esportes.

Na UEPB, só quem paga 1% do salário para a ADUEPB pode votar. E olhe lá, porque sempre tem manobra para impedir sindicalizados recentes de votar em reunião. A justificativa para essa exclusão em massa é o regimento ("é regimental..."). E o tal regimento se transforma em algo mais importante do que a própria legitimidade de uma decisão coletiva, a qual deveria envolver de fato toda a categoria Emoticon smile 1.500 docentes).

Hoje temos só 300 professores da ativa com direito ao voto. E mais 150 aposentados, os quais, aliás, não sei se de fato deveriam tomar decisões sobre greve. A Profa. Lourdes Sarmento, por exemplo, é aposentada. Quer dizer, se tiver ou não tiver aula, que diferença isto irá fazer isso para os aposentados?

Por essa razão, não vejo essa greve da UEPB como movimento legítimo de uma categoria profissional. As bandeiras de luta podem ser boas, mas o processo não é. O processo não é democrático e nem é inclusor. Na verdade, pelo contrário, o comando de greve é autoritário, exclusor e inconsequente.

Quem for do PSOL/PCO pode ir na reunião do comando de greve. Quem não for, será de alguma forma convidado a se retirar, aliás, como eu fui.

Eu fui expulsa do comando de greve porque eu virei representante do "patrão" assim de repente. Deixei de ser docente, pesquisadora, professora e virei uma versão do mal assim como em um passe de mágica. Até ganhei uma moção de repúdio dos meus pares!!! Nem o Governador ganhou, só eu!!!

Na minha opinião, esse "movimento" espelha uma concepção coronelista do mundo. Todos são obrigados a concordar e fazer o que o comando de greve manda. Se desobedecer, aí eles votam, em assembleias esvaziadas, na calada da noite, as tais moções de repúdio "por unanimidade". Fazem isto para constranger o outro.

Este tipo de prática não contribui para consolidarmos uma democracia.
Os docentes da UEPB têm de exigir o seu direito ao voto e não terceirizar esse direito.

Todos os docentes têm o direito e o dever de decidir sobre sua vida e sobre a vida dos seus alunos. Isso é à base de toda democracia.


É isso.

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