Relatório final da Reforma Política inclui distritão e sistema misto de financiamento de campanhas


Vladimir Chaves

O parecer do relator Marcelo Castro (PMDB), lido na Comissão Especial da Câmara, traz um texto alternativo às várias propostas de emenda à Constituição que tratam do tema (PECs 182/07, 344/13, 352/13 e outras).

A definição dos dois pontos mais polêmicos da reforma surgiu após consulta do relator a cada membro da comissão. No caso do sistema eleitoral, as duas opções mais defendidas foram o distritão, sistema pelo qual são considerados eleitos os candidatos mais votados em estados e municípios, independentemente do partido de filiação; e o distrital misto, que computa o voto para o candidato no distrito e também para o partido.

O distritão prevaleceu por 18 votos a 14, com argumentos de que este sistema ajuda a reduzir o excessivo número de candidatos na disputa eleitoral e permite ao eleitor melhor conhecimento das propostas.

Financiamento de campanhas

Quanto ao financiamento de campanhas eleitorais, o texto permite o uso de recursos públicos e privados, mas com uma série de restrições, como teto para doação de pessoas físicas e de empresas e para os gastos das campanhas, além de ampla transparência dos valores doados, com identificação dos doadores.

O substitutivo propõe um novo modelo baseado nos seguintes princípios:

- impossibilidade de concentração de todos os recursos da campanha em poucos doadores;

- delegação à lei da tarefa de fixar tetos (em números percentuais e absolutos) de doação para pessoas físicas e jurídicas bem como dos gastos das campanhas para cada cargo;

- ampla transparência dos valores doados e da identificação dos doadores no curso do processo eleitoral;

- vedação de arrecadação e gastos de recursos nas campanhas enquanto não fixados em lei os respectivos tetos;

- vedação de doações de pessoas jurídicas diretamente a candidatos, com previsão de possibilidade de doação, sob restrições, apenas a partidos políticos.
Fim da reeleição

Além do fim da reeleição para cargos do Executivo, o substitutivo da Reforma Política prevê:

- coincidência das eleições e da duração dos mandatos de cargos eletivos, que passariam a ser de cinco anos;

- fortalecimento dos instrumentos de democracia participativa e de fidelidade partidária;

- federações partidárias de âmbito nacional e caráter duradouro, durante as legislaturas;

- permissão de coligações de partidos apenas nas eleições majoritárias, ou seja, aquelas para presidente da República, governador, prefeito e senador; e

- alteração na suplência para o Senado. Os suplentes serão os imediatamente classificados abaixo dos eleitos.

O relator Marcelo Castro deixou de fora do seu parecer propostas relativas ao fim do voto obrigatório, a restrições à divulgação de pesquisas eleitorais em período próximo aos pleitos, a condições de elegibilidade de militares, à alteração do número de deputados federais e a cotas para mulheres no Parlamento.


Segundo o relator, não havia consenso em torno desses pontos. A comissão especial marcou reuniões para quinta (14) e sexta-feira (15). A intenção é encerrar a discussão e a votação do texto até segunda-feira, quando termina o prazo de funcionamento da comissão.

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