Brasil dos meus sonhos e pesadelos


Vladimir Chaves

Depois de ouvir a ainda presidente Dilma Rousseff, no debate da Band, fui dormir, pois não é que sonhei que estava no país que ela “desenhou” durante o seu “falatório”. Sonhei que vivia num Brasil sem inflação, com um sistema de saúde pública de causar inveja ao mundo, onde os pobres passeavam de avião e frequentava a mesma universidade dos ricos, um país sem injustiças, sem mendigos, sem favelas, sem seca, sem corrupção, sem impunidade e onde todos dormiam com as portas abertas tamanha era a eficiência da justiça e dos órgãos de segurança.

Aí, o danado do galo acha de cantar na melhor parte do sonho, eu acordo e me vejo num país onde o trabalhador tenta sobreviver com um salário miserável de apenas R$ 724,00, onde a inflação corrói dia a após dia seu poder compra, num país onde mulheres dão a luz nas calças públicas e corredores de hospitais, onde amontoam-se milhares de enfermos imploram em vão atendimento médico, onde o pobre pode levar meses para realizar um simples exame de sangue, urina e fezes, num país onde o pobre mal consegue pagar uma passagem de ônibus para ir ao trabalho, num país onde a educação pública está sucateada e milhões de jovens fazem de conta que estão estudando, que terão condições de competir no mercado de trabalho com o filho do rico que estuda nas melhores escolas particulares, num país marcado pelas mais degradantes injustiças sociais, num país onde os grandes centros estão tomados por brasileiros órfãos de cidadania, mendigando nas ruas e morando em barracos e palafitas, um país que assiste atônito a explosão do aprimoramento da corrupção, um país aonde só preto, pobre e puta vão para cadeia, um país que chama de herói e solidariza-se com bandidos do colarinho branco, um país onde as pessoas honestas são obrigadas a fazerem dos seus lares fortalezas, prisões, enquanto a bandidagem dita as regras das ruas, um país onde as leis na maioria das vezes é complacente com assassinos, estupradores, ladrões... E injusta com o pobre trabalhador, um país onde o sistema de segurança pública está perdendo a luta para o crime organizado.

De toda forma, o sonho foi tão bom, tão perfeito, tão aprazível que resolvi continuar sonhando com o Brasil “desenhado” pela presidente, mesmo que acordado, resolvi não desistir do Brasil, resolvi acreditar que é possível construir o país dos meus sonhos.


Vladimir Chaves