Em entrevista a Revista
Veja a senadora e ainda petista Marta Suplicy, não poupou criticas ao Partido
dos Trabalhadores. Prestes a sair do PT, ela afirma que o partido que ajudou a
construir não existe mais e que a cúpula petista só tem um objetivo que é o de
manter-se no poder a qualquer custo.
Segundo a senadora o PT se distanciou dos seus princípios éticos, das suas bases e de seus ideais, o partido traiu o povo brasileiro.
Confira alguns trechos da
entrevista:
A senhora saiu do PT ou o
PT a deixou antes?
Tenho muito orgulho de ter ajudado a fundar o PT. Acreditei, me envolvi, trabalhei décadas, com dedicação total. Saio do PT porque, simplesmente, não é o partido que ajudei a criar. O PT se distanciou dos seus princípios éticos, das suas bases e de seus ideais. Dessa forma traiu milhões de eleitores e simpatizantes. Eu sou mais uma entre as pessoas que se decepcionaram com o PT e não enxergam a possibilidade de o partido retomar sua essência. Respondendo a sua pergunta, estou segura de que meus princípios nunca mudaram, são os mesmos da fundação do PT, os mesmos com os quais criei os meus três filhos. Agora tenho um desafio, o desafio do novo. Quero ter um projeto para o meu país. Um projeto em que acredite. É isso que eu vou buscar.
Tenho muito orgulho de ter ajudado a fundar o PT. Acreditei, me envolvi, trabalhei décadas, com dedicação total. Saio do PT porque, simplesmente, não é o partido que ajudei a criar. O PT se distanciou dos seus princípios éticos, das suas bases e de seus ideais. Dessa forma traiu milhões de eleitores e simpatizantes. Eu sou mais uma entre as pessoas que se decepcionaram com o PT e não enxergam a possibilidade de o partido retomar sua essência. Respondendo a sua pergunta, estou segura de que meus princípios nunca mudaram, são os mesmos da fundação do PT, os mesmos com os quais criei os meus três filhos. Agora tenho um desafio, o desafio do novo. Quero ter um projeto para o meu país. Um projeto em que acredite. É isso que eu vou buscar.
O que mais pesou na sua
decisão?
O componente ético é muito forte. A decepção foi tremenda. Não foi fácil ver os integrantes da cúpula do partido na prisão. Discordo da maneira pública pela qual eles foram julgados e sentenciados. O processo judicial pode ter sido perfeito, mas a humilhação pública que eles sofreram não se justifica. Por essa razão eu não me manifestei durante o julgamento do mensalão. Mas senti que havia um profundo distanciamento do que nós, petistas, queríamos para o Brasil. Reconheço o muito que já se fez em termos de diminuição da pobreza e do aumento da mobilidade social. Mas eu percebo também que a cúpula se fechou e, cercada por interesses corporativistas de certos movimentos sociais e sindicalistas, trabalha apenas para se manter no poder. O PT não tem mais projeto para o Brasil. Se não recuperar seus princípios éticos, da fundação, não voltar às suas bases, se ficar só no corporativismo, o PT vai virar uma pequena agremiação. Teria chance se fosse no caminho oposto, mantendo sua base social, mas incorporando uma classe média que ele mesmo ajudou a criar. Mas, se você perguntar se o PT fará o que é preciso para se salvar, minha é resposta é não.
Houve uma gota d'água?
A
escolha do Fernando Haddad para ser candidato à prefeitura de São Paulo, em
2012, foi muito difícil para mim. Mas respirei fundo e fiz campanha para ele.
Sei que minha participação foi fundamental para a vitória do Haddad. Antes já
tinha sido praticamente abandonada na minha eleição para o Senado. Ganhei com
enorme dificuldade. O PT fez campanha muito mais forte para o candidato Netinho
do que para mim. Então comecei a pensar no que estava fazendo no PT. Em 2014,
meu nome nem foi cogitado para a corrida ao governo de São Paulo, embora eu
tivesse 30% das intenções de voto. Aí vem essa avalanche de corrupção. Engoli
muita coisa na política. Mas, quando vi que estava em um partido que não tem
mais nada a ver comigo, que não luta pelas bandeiras pelas quais eu me bati e
que ainda me tolhe as possibilidades - e eu sei que sou boa -, a decisão de
sair ficou fácil.
A senhora não viu os
sinais da "avalanche de corrupção" no PT?
Não, porque eu nunca participei disso. Não tinha a mais leve ideia. Como a maioria dos petistas não tinha também. Se você não estava ali naquela meia dúzia, você não sabia.
Quando ficou evidente sua saída, a máquina de destruição de reputações do partido começou a agir com a acusação de que a senhora, uma aristocrata, nunca foi realmente do PT. Isso magoa?
Essas pessoas nunca estiveram na minha pele. Dei ao PT uma cara de
classe média palatável. Isso abriu outro horizonte, com a adesão de uma classe
média que não se identificava com o sindicalismo. Se não posso dizer que a
inventei, tenho certeza de que contribuí muito para a modernidade do PT. Esse
tipo de crítica não me afeta.
A senhora teve um papel de
destaque no "Volta, Lula", movimento para afastar Dilma e lançar como
candidato o ex-presidente. Por quê?
Eu tinha certeza de que, se a Dilma
vencesse, teria um segundo mandato muito difícil, como está sendo efetivamente.
Achava que com o Lula teríamos condição de rever com clareza os erros cometidos
e, assim, reunir força política para tirar o Brasil daquela situação. A maioria
dos deputados e dos senadores preferia a candidatura do Lula pelas mesmas
razões que as minhas. Eles só foram mais cuidadosos.
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