O dia em que a Câmara dos Deputados abalou o inferno


Vladimir Chaves


Brasília viveu um dia histórico. Na noite em que a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto de anistia aos presos políticos do 8 de janeiro, não foi apenas o tabuleiro político que se mexeu — foi o próprio reino das trevas que sentiu o impacto. O placar, 311 votos favoráveis contra 163 contrários, soou como um trovão em meio ao silêncio da injustiça. Foi mais que um movimento parlamentar; foi um recado claro de que parte do Legislativo não aceita a perseguição cega e desproporcional contra cidadãos que hoje pagam penas superiores a criminosos de alta periculosidade.

Se no mundo visível deputados levantavam seus “cartões de voto”, no mundo espiritual demônios urravam. Os que se alimentam da dor alheia, que se regozijam com famílias destruídas e com a criminalização de um protesto, reagiram em fúria. Como disse o profeta Isaías: “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem decretos de opressão, para privar os pobres dos seus direitos e para com violência arrebatar o direito dos aflitos do meu povo” (Isaías 10:1-2). Não é à toa que o resultado da votação gerou tanto ranger de dentes entre aqueles que veem na condenação em massa uma forma de vingança política.

Para maioria dos brasileiros, as sentenças proferidas após o 8 de janeiro não obedeceram ao espírito de justiça, mas ao de exemplaridade forçada. A prova mais gritante disso foi a condenação de uma mulher por ter rabiscado com batom uma estátua — símbolo de que a balança da justiça foi trocada por um porrete ideológico. Contudo, como lembra o salmista: “Pois o Senhor ama a justiça e não desamparará os seus santos” (Salmo 37:28). O clamor que sobe dos lares atingidos por essas decisões encontra eco nos céus, e a resposta começa a se manifestar no cenário político.

É claro que a batalha está longe do fim. A aprovação da urgência não significa a vitória final, mas abre caminho para que o projeto de anistia seja debatido e, possivelmente, aprovado. Os que hoje celebram sabem que cada passo será contestado por aqueles que, como os fariseus de outrora, “coam um mosquito, mas engolem um camelo” (Mateus 23:24), ou seja, punem com severidade desproporcional pequenos atos enquanto fecham os olhos para escândalos de corrupção bilionária que dilapidaram o país.

No entanto, o povo que crê não esmorece. Nas igrejas, nas casas e nas ruas, há uma multidão que continua intercedendo, porque entende que a verdadeira vitória não está nos números da votação, mas na fidelidade de Deus em ouvir o clamor dos que são injustiçados. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31). A sessão de ontem foi apenas a primeira de muitas batalhas. A guerra ainda está em curso, mas um recado já foi dado: quando o povo de Deus se levanta em oração e quando a política ecoa a justiça, até o inferno treme.

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