A igreja que canta muito, mas adora pouco


Vladimir Chaves

Há tempos em que a linha que separa o sagrado do profano vem sendo diluída de forma preocupante. O que deveria ser reverenciado como expressão exclusiva de culto a Deus vem sendo relativizado e transformado em entretenimento. A Bíblia é clara ao nos alertar: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Romanos 12:2). No entanto, vemos a igreja se adaptando cada vez mais às exigências da cultura, perdendo a distinção que deveria marcá-la como povo santo.

Um dos sinais mais evidentes dessa descaracterização está no louvor congregacional. Corinhos simples e espirituais, outrora cantados com devoção, recebem roupagens de forró, frevo, samba, axé e até rock. O que deveria edificar torna-se apenas ritmo contagiante, confundindo emoção com adoração. Paulo já advertia: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas edificam” (1 Coríntios 10:23). Ao ignorar essa verdade, substituímos a edificação espiritual pelo mero prazer estético.

Esse problema se agrava ainda mais quando pensamos nas novas gerações. Crianças que deveriam ser ensinadas a valorizar a riqueza espiritual da Harpa Cristã (patrimônio de fé que moldou a devoção de nossos pais) são incentivadas a cantar músicas moldadas em ritmos profanos. A consequência é clara: cresce uma geração que não reconhece o valor da herança espiritual recebida. A Palavra, no entanto, ensina: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6).

Ao transformar o louvor em espetáculo e o culto em palco de entretenimento, perde-se o foco da verdadeira adoração. Canta-se muito, mas adora-se pouco; emociona-se a carne, mas não se quebranta o espírito. Jesus advertiu a respeito dessa falsa adoração ao dizer: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15:8). É exatamente isso que acontece quando a igreja se deixa seduzir por estilos mundanos em vez de preservar a reverência devida ao Senhor.

É urgente recuperar a essência da adoração, devolvendo ao culto sua centralidade em Deus. Precisamos resgatar o valor da Harpa Cristã, da simplicidade do louvor e do temor ao Senhor, para que nossas canções sejam ofertas santas e não espetáculos profanos. Como diz o salmista: “Cantai ao Senhor um cântico novo; cantai ao Senhor, todos os moradores da terra” (Salmo 96:1). Só assim a igreja poderá se distinguir do mundo e oferecer a Deus um culto que seja em espírito e em verdade (João 4:24).

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