“Não deixemos de reunir-nos
como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros,
ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o dia.” (Hebreus 10:25)
O versículo é, antes de
tudo, um alerta e uma exortação à perseverança na fé em meio às dificuldades da
vida cristã. Quando o autor diz: “Não deixemos de reunir-nos como igreja,
segundo o costume de alguns”, ele não está apenas tratando de uma prática
comunitária, mas de uma questão vital para a saúde espiritual do cristão. A fé
não foi projetada para sobreviver no isolamento, e é por isso que a vida cristã
exige comunhão. A igreja não é apenas um lugar de reuniões semanais, mas o
corpo vivo de Cristo, onde cada membro é chamado a sustentar o outro.
Negligenciar esse ajuntamento é, em certo sentido, negar a própria natureza da
fé, que é comunitária e relacional.
É interessante notar que, já
no primeiro século, alguns tinham o hábito de se afastar. Isso mostra que a
tendência de se isolar, seja por desânimo, por decepções, por medo ou por
orgulho, sempre esteve presente. Hoje não é diferente: muitos justificam seu
afastamento da igreja sob o argumento de que “têm fé em Deus” e que “a igreja
não salva ninguém”. Embora seja verdade que a salvação está em Cristo, é
igualmente verdade que a comunhão com a igreja é um meio de graça estabelecido
por Deus para nos manter firmes. Aquele que insiste em viver uma fé
individualista se arrisca a cair na armadilha da autossuficiência e,
gradativamente, na frieza espiritual.
O texto também aponta para o
propósito do encontro: “encorajemo-nos uns aos outros”. A reunião da igreja não
é centrada apenas no que se recebe, mas no que se compartilha. O verdadeiro
culto não é um espetáculo para consumidores religiosos, mas um encontro de
irmãos que carregam juntos os fardos da vida, repartem esperanças e se
fortalecem mutuamente. O cristão maduro não vai ao culto apenas para buscar
ânimo, mas também para oferecer ânimo. Quando a comunhão se torna apenas um
espaço de consumo e não de serviço, a igreja perde sua essência.
Por fim, a motivação para
perseverar na comunhão é escatológica: “ainda mais quando vocês vêem que se
aproxima o Dia”. O “Dia” aqui é a volta de Cristo, o desfecho da história. O
autor de Hebreus quer lembrar que a jornada cristã é uma corrida de resistência
e que o fim se aproxima. Isso exige mais vigilância, mais comunhão e mais
compromisso, não menos. Se a volta de Cristo está cada vez mais próxima, como
justificar uma fé solitária e desligada da comunidade? A urgência do tempo nos
chama a viver de forma ainda mais conectada e ativa no corpo de Cristo.
Portanto, Hebreus 10:25 é um
chamado contra o individualismo e a indiferença espiritual. Ele denuncia a
religiosidade superficial que pensa poder caminhar sozinha e nos lembra que a
vida cristã só se sustenta na partilha, na exortação mútua e na esperança
comum. A igreja é mais do que um prédio ou uma instituição; ela é o espaço em
que Cristo manifesta Sua presença através do encontro de irmãos. Recusar essa
comunhão é abrir mão de um dos instrumentos mais preciosos que Deus nos deu
para perseverar até o fim.





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