“Suas casas são cheias de
enganos, como gaiolas cheias de pássaros...” (Jeremias 5:27). O profeta
descrevia a corrupção de Judá, mas suas palavras soam como denúncia ao Brasil
de hoje. Vivemos em um país onde a mentira virou política de Estado e a
corrupção se tornou prática cultural. Isaías já havia advertido: “Ai dos que
decretam leis injustas e dos escrivães que escrevem perversidade” (Isaías
10:1). A advertência ecoa em nossas instituições.
As gaiolas estão cheias. Não
de pássaros, mas de propinas e contratos fraudulentos. Foi assim no mensalão,
quando votos no Congresso foram comprados. Foi assim no petrolão, que drenou
bilhões da maior estatal do país. E segue sendo assim no escândalo do INSS, em
que quadrilhas desviaram benefícios de aposentados e pensionistas. O dinheiro
que deveria sustentar os mais frágeis virou fonte de luxo para corruptos.
Enquanto uns engordam, idosos enfrentam filas intermináveis. Jeremias tinha
razão: “Engordam, estão nédios; até ultrapassam em obras malignas” (Jeremias
5:28).
E a justiça? No Brasil, ela
pesa mais sobre os fracos. No episódio de 8 de janeiro, vimos condenações
desproporcionais contra cidadãos comuns, como a mulher sentenciada a mais de 15
anos de prisão por rabiscar com batom uma estátua. A pena imposta a ela é maior
do que a de muitos homicidas. Enquanto isso, corruptos que desviaram bilhões
cumprem penas brandas ou conseguem brechas jurídicas. A Bíblia já alertava:
“Não torcerás o juízo; não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno” (Deuteronômio
16:19). Mas o Brasil insiste em torcer a balança.
Esse é o retrato de uma
nação adoecida: líderes que engordam na corrupção, instituições que punem
seletivamente e um povo que chama de “jeitinho” aquilo que é, de fato, engano.
Vivemos um ciclo de cinismo coletivo. Rimos das falcatruas, mas somos os pássaros
presos dentro da gaiola. Esquecemos que “os lábios mentirosos são abominação ao
Senhor” (Provérbios 12:22). O que parece vantagem é, na verdade, prisão
espiritual e social.
Jeremias denunciou a
podridão de sua geração, e sua voz atravessa os séculos. O Brasil precisa
decidir se continuará sendo uma nação de casas cheias de engano e vazias de
esperança, ou se terá coragem de romper com a mentira, escolhendo a verdade, a
justiça e a dignidade como fundamentos. Como disse Jesus: “Conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Sem essa escolha, não
haverá futuro livre nem para os governados, nem para os governantes.
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