Preso político é encontrado morto na sede do serviço de inteligência venezuelano


Vladimir Chaves

Um preso político venezuelano que era considerado perigoso pelo presidente Nicolás Maduro foi encontrado morto em sua cela na sede do serviço de inteligência do país. Rodolfo González, apelidado de “Aviador” pelo mandatário do país por ter sido piloto de aviação civil, se enforcou na noite de quinta-feira. Aos 63 anos, ele foi preso em abril do ano passado. A filha do detento confirmou a morte.

O suicídio foi confirmado por seu advogado. Defensora de direitos humanos da Fundação pelos Direitos e Igualdade Cidadã (Fundeci), Elenis Rodríguez afirmou que ele sofria de angústia pela iminente transferência a uma das prisões mais violentas do país, Yare. Outros acusados também serão transferidos para o local.

“Recebi a triste e trágica notícia de que Rodolfo González abriu mão de sua vida no calabouço. Por pensar distinto, ele foi preso com sua mulher em abril de 2014. Em cadeia nacional, Maduro disse que ele deveria ser enviado a Yare (temida no país pelos enormes índices de violações de direitos humanos e violência). Nunca me esquecerei da angústia no rosto de um homem inocente se vendo ameaçado de ir a uma prisão de alta periculosidade. Rodolfo se deixou levar pela angústia”, escreveu em carta.

Lissette González, filha do piloto preso, afirmou que a transferência do pai tinha sido marcada para a manhã desta sexta-feira. A última comunicação dos dois aconteceu por volta de 21h, e ele teria cometido suicídio pouco depois.


González estava encarcerado no Sebin desde abril, tido pelo governo como um dos organizadores das “guarimbas”, os protestos que marcaram o país em 2014. Ele foi acusado de crimes como incitar a violência, posse de explosivos e tráfico de armas, em decisão confirmada pela promotora Katherine Harrington — uma das sancionadas pelos EUA por seu papel na suposta incriminação forjada a detidos como o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma.


O Globo

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