Por Eliana Calmon: A LUTA CONTINUA APÓS A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL.


Vladimir Chaves

Confesso não ter sido surpreendida com a vitória da Presidente Dilma. Afinal, assistimos durante a toda a campanha, um processo de vale-tudo. Vi a mentira sendo transformada em verdade e vi de perto como se manipula a vontade popular, afinal, fui partícipe do processo eleitoral como candidata.

Apesar de toda a máquina do governo, terem conseguido uma vitória apertada, com apenas 3% de diferença, mostra que demos um recado claro a ser considerado: queremos mudanças, não aceitamos a corrupção e não estamos mais dispostos a pagar a conta dos desvios de recursos e da péssima condução da política econômica.

Pergunta-se, então: como haver mudança se a maioria optou pela reeleição? Como saturar a corrupção se a cada escândalo denunciado a candidata do governo subia nas pesquisas eleitorais? Como explicar a nossa indisposição em pagar a conta se mantivemos o "status quo"?

Analisemos os resultados, passada a emoção primeira: nunca tinha visto a classe média mobilizada da forma demonstrada por todo o país. Nunca vi tantas abstenções. Nunca vi uma eleição com tantos votos nulos, e nem um resultado final tão apertado.

Isso não foi por acaso, foi o recado: nós, pagadores da conta governamental, queremos mudança e não estamos dispostos a dar continuidade a política corrupta e de péssimos resultados. Não temos como manter a polarização de sempre, alternando PT e PSDB, pois ambos representam o mesmo modelo patrimonialista, variando apenas na intensidade. Daí, os votos nulos e o grande número de abstenções, que acabaram levando ao resultado final.

Estamos a dizer por aí que o Brasil foi dividido pelo PT. Será que foram eles capazes de realizar este feito? Entendo que não.

O Brasil já estava dividido, eles apenas exploraram eleitoralmente a dicotomia para levantar a bandeira do Brasil carente, ignorada pelos próprios nordestinos nutridos politicamente pela pobreza que estão no poder há mais de quarenta anos, dirigindo a Câmara e o Senado, em um jogo político perverso.

A realidade brasileira não foi alterada - até aqui - nem pelo PSDB e nem pelo PT. O primeiro ignorou os dois Brasis e o segundo explorou a diferença entre eles para dela se locupletar.

Ao final, podemos concluir o seguinte: nós brasileiros, sejamos do Sul, do Centro-Oeste, do Norte ou do Nordeste, acordamos do sono letárgico e daqui para frente tudo será diferente.

Os pobres, sejam do Sul, Sudeste, do Norte ou do Nordeste deram o recado: para nós, todos (os políticos) são iguais, por isso preferimos aqueles que entregam algum benefício, seja como "bolsa", propina ou emprego. Minas Gerais, como sempre faz, desde a Inconfidência Mineira, "na moita" disse claramente: desta vez vamos deixar a mineiridade e gritar: - Nós também temos pobreza.

Considero estas eleições um divisor de águas, como, alias, já sinalizavam os analistas políticos. Agora é a hora de assumirmos o nosso papel de cidadão e sermos partícipes políticos do processo de governo.

Não basta ir as urnas e depositar o voto, precisamos participar com vigilância cívica, mobilização serena e muita atenção aos movimentos governamentais.

Vamos resistir à política do vale-tudo e da corrupção. Vamos fiscalizar, investigar, e denunciar as faltas, pois é essa a única forma civilizada de oposição aos oportunistas que tão bem souberam explorar a fragilidade da política dos peemidebistas e a corrupção já existente no parlamento - bem antes da “onda vermelha” - e o comodismo da classe media, que deixava acontecer, ignorando os males governamentais e a pobreza extrema dos miseráveis do nosso país.

É preciso motivação e atenção, para continuarmos a gritar, como fizemos em junho de 2013:

- Não aceitaremos mais a corrupção. Exigimos apuração e punição; queremos cidadania democrática, não este arremedo populista; queremos serviços públicos de qualidade e um Brasil igual para todos.

Portanto, A LUTA CONTINUA.                         

Salvador, Bahia, 3 de novembro de 2014

Eliana Calmon

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