Um novo projeto apresentado
pelo PSOL na Assembleia Legislativa da Bahia reacendeu um debate sério sobre os
limites da democracia, da liberdade individual e da liberdade religiosa no
Brasil. A proposta prevê multas de até R$ 450 mil e até cassação do alvará de
funcionamento de igrejas e instituições religiosas que oferecerem apoio
espiritual a homossexuais que buscarem, por vontade própria, ajuda nas igrejas.
De acordo com o texto do
projeto, qualquer prática considerada como “terapia de conversão” deve ser
proibida no estado. Isso incluiria não apenas atendimentos psicológicos, mas
também aconselhamento pastoral, oração, retiros, cultos ou qualquer forma de apoio
espiritual a pessoas que desejam deixar a homossexualidade ou alinhar sua vida
sexual à fé cristã.
Ou seja: ainda que alguém,
por livre escolha, procure sua igreja em busca de ajuda e oração, o simples ato
de um pastor ou padre oferecer esse acompanhamento poderia ser enquadrado como
crime.
A contradição democrática
Aqui está o ponto central da
polêmica: já existem leis no Brasil que proíbem e punem qualquer tipo de
coação, abuso, engano ou constrangimento. O Código Penal, o Estatuto da Criança
e do Adolescente e outras normas já oferecem meios de proteger pessoas contra
práticas abusivas.
Portanto, a criação de uma
lei específica, com multas milionárias e ameaça de fechamento de igrejas, não
tem como objetivo “proteger vítimas de abusos”, mas sim limitar a atuação da fé
cristã em uma área sensível: a sexualidade.
Na prática, o projeto
estabelece que a liberdade de buscar aconselhamento religioso só vale até onde
o Estado permitir. A mensagem é clara: “Você pode pregar o arrependimento de
qualquer pecado, menos desse”.
Liberdade religiosa sob
ataque
A Constituição Federal é
cristalina ao garantir a inviolabilidade da liberdade de consciência e de
crença, bem como o livre exercício dos cultos religiosos (art. 5º, VI). Também
veda que o Estado interfira no funcionamento das igrejas (art. 19, I).
Quando um projeto como esse
surge, ele não apenas fere a liberdade da igreja de professar sua fé, mas
também viola a liberdade individual do cidadão que deseja buscar ajuda
espiritual. É como se o Estado dissesse: “Você é livre para ser gay, mas não é
livre para deixar de ser, mesmo que queira”.
Trata-se de uma lógica
perigosa, que trata o indivíduo como incapaz de decidir sobre sua própria vida
espiritual.
O Evangelho e o
arrependimento
O coração da mensagem cristã
é o chamado ao arrependimento e transformação de vida. Jesus pregava:
“Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4:17). Negar
à igreja o direito de aconselhar sobre qualquer prática considerada pecado pela
Bíblia é atacar diretamente a essência do Evangelho.
Não se trata de ódio,
intolerância ou violência contra pessoas LGBT, mas sim da fidelidade ao que a
Palavra de Deus ensina. Se o cristão crê que todo pecado pode ser perdoado e
toda vida pode ser transformada, é natural que pregue isso em todas as áreas,
inclusive na sexualidade.
Uma mordaça seletiva
Projetos como esse não
buscam equilíbrio entre direitos, mas sim criar uma mordaça seletiva. Igrejas
podem falar de corrupção, de adultério, de idolatria, de mentira... mas não
podem pregar sobre arrependimento da prática homossexual. Isso não é democracia,
é censura ideológica.
Se hoje tentam limitar o que
a igreja pode dizer sobre sexualidade, amanhã poderão avançar sobre outros
pontos da fé que entrem em conflito com a agenda política dominante.
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