O Ministério da Saúde e a
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicaram hoje (5) o edital de licitação para
a contratação de investidores interessados na construção do novo Complexo
Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), em Santa Cruz, na zona oeste do
Rio de Janeiro. O empreendimento tem o início de sua operação comercial previsto
para 2025 e vai quadruplicar a capacidade de produção de vacinas e biofármacos
do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz
(Bio-Manguinhos/Fiocruz).
A partir do lançamento do
edital, os potenciais investidores terão 120 dias para estudarem o projeto e
elaborarem suas propostas. A construção se dará por uma modalidade chamada Built to Suit, em que os investidores
privados receberão na forma de aluguel, com reversão do patrimônio após o prazo
de 15 anos. O investimento é da ordem de R$ 3,4 bilhões, e o aluguel mensal não
poderá ultrapassar 1% do financiamento.
A construção deve gerar de
5 mil empregos diretos, e a operação do empreendimento vai empregar 1,5 mil
trabalhadores. Quando estiver em pleno funcionamento, o complexo poderá
produzir 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos por ano, podendo
ultrapassar 600 milhões de doses anuais.
O lançamento do edital foi
celebrado em uma cerimônia na Fundação Oswaldo Cruz, da qual participou o
ministro da saúde, Eduardo Pazuello, a representante da Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAS) no Brasil, Socorro Gross, a presidente da
Fiocruz, Nísia Trindade, e o diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma.
O ministro afirmou que o
projeto reforça o legado de 120 anos da Fiocruz e destacou que as vacinas que
serão produzidas no complexo salvarão vidas não apenas no Brasil, mas na
América Latina. "O Ministério da Saúde tem orgulho hoje de lançar junto
com a Fiocruz o maior complexo industrial de biotecnologia em saúde da América Latina.
Isso é muito importante, e se havia dúvidas dessa importância, a pandemia de
covid-19 tirou essa dúvida".
O ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello durante cerimônia de divulgação do edital de licitação do
Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde-CIBS, na Fiocruz.
O ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello durante cerimônia de divulgação do edital de licitação do Complexo
Industrial de Biotecnologia em Saúde-CIBS, na Fiocruz. - Tomaz Silva/Agência
Brasil
Um dos responsáveis pelo
projeto, o diretor de Bio-Manguinhos explicou que o complexo industrial é
importante para reduzir a dependência do Brasil de vacinas importadas, que
corresponderam a 45% das doses adquiridas pelo Programa Nacional de Imunizações
em 2020. "Esse projeto representa a garantia de sustentabilidade do PNI
nas próximas décadas", disse ele, que ressaltou outras vantagens, como o
fortalecimento da indústria nacional e o desenvolvimento da zona oeste do Rio
de Janeiro.
Zuma explicou que cerca de
R$ 1 bilhão já foi destinado a fases iniciais do projeto, como a terraplanagem
do terreno, o estaqueamento, compensação ambiental e a elaboração de projetos conceitual,
básico e executivo. Além disso, já foram adquiridos equipamentos grandes que
serão usados nas plantas industriais, visto que esses itens tem fabricação
demorada e precisam ser instalados antes do fechamento dos prédios.
Para a presidente da Fiocruz,
Nísia Trindade, a pandemia de covid-19 fez os países repensarem a opção de
importar bens essenciais de saúde.
"É o momento de
pensarmos junto com esse complexo uma grande agenda de ciência e tecnologia
para o nosso país no campo da saúde, que coloque a autonomia e o investimento
em ciência não como um custo, mas como um efetivo investimento no futuro do
nosso país, da nossa soberania, do nosso desenvolvimento social e da saúde dos
povos".
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