Fim do sigilo fortalece democracia, diz presidente da OAB


Vladimir Chaves

O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, afirma que "o fim do sigilo sobre as delações da Odebrecht fortalece a democracia". Para Lamachia, neste momento, é preciso dar respostas completas à sociedade.

Lamachia explica que a decisão do ministro Edison Fachin, do Supremo Tribunal Federal, permite que a sociedade tenha conhecimento total dos fatos, sem o risco de divulgação seletiva. Ele também afirma que o levantamento do sigilo é importante para permitir a atuação ampla e irrestrita das defesas.

“Ao longo de semanas, registramos uma série de vazamentos que não contribuem para esclarecer as dúvidas da sociedade brasileira. Por isso, desde o início do ano, a OAB cobrou o levantamento do sigilo das delações”, explica.

Para o presidente da OAB, o sigilo dá margem a vazamentos que minam a credibilidade das instituições em manterem sob sua guarda informações protegidas e, portanto, colocam a própria democracia em risco.

“O acesso ao inteiro teor dos documentos permite que as pessoas tirem suas próprias conclusões sobre fatos tão relevantes para o país”, explica.

O presidente ainda ressaltou que as delações contém a versão de pessoas que se declaram culpadas e se propuseram a colaborar com as autoridades. “É preciso ainda investigar a autenticidade das afirmações”, concluiu.

Fim do sigilo
O ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), abriu 76 inquéritos contra políticos a partir do conteúdo da delação da Odebrecht. Desses inquéritos, o ministro determinou o fim do sigilo de 74 e manteve apenas dois sob sigilo. Além disso, o ministro determinou o arquivamento de sete fatos informados pelos delatores, mas que a própria Procuradoria-Geral da República não viu indícios para justificar investigações. Foram remetidas a outras instâncias do Judiciário 201 petições, com fatos que incriminam pessoas sem direito ao foro especial.

Fachin também devolveu para a PGR onze petições para que os investigadores expliquem melhor os indícios encontrados. O ministro ainda manteve sob sigilo 25 petições abertas no STF. O ministro deverá divulgar oficialmente em breve o nome de todos os investigados. Fachin planejava dar publicidade ao material somente depois da Páscoa. No entanto, como o jornal “O Estado de São Paulo” obteve o conteúdo na íntegra, o ministro decidiu antecipar a divulgação.

Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, 9 ministros, 29 senadores e 42 deputados federais serão investigados no STF, além de três governadores e um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), e o presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), são os políticos com o maior número de inquéritos. 5, cada. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente do Senado, vem em seguida, com 4.


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