Uma planilha anexada pelo
executivo Benedicto da Silva Júnior, ex-presidente da construtora Norberto
Odebrecht, traz o nome de 179 políticos como destinatários de R$ 246 milhões em
supostos pagamentos via caixa 2 entre 2008 e 2014, ano em que tiveram início as
investigações da Operação Lava Jato.
A lista com 645
contribuições supostamente ilegais foi anexada ao Inquérito nº 4.402, uma das
investigações cuja abertura foi autorizada pelo ministro Edson Fachin, relator
da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que também autorizou a
divulgação das informações.
No ano passado, uma
primeira versão da lista foi apreendida pela Polícia Federal (PF) no
apartamento de Benedicto Júnior, em Salvador, durante a Operação Acarajé, 23ª
fase da Lava Jato, mas o documento foi mantido sob sigilo. Após assinar acordo
de colaboração premiada com a Justiça, Benedicto Júnior forneceu aos
investigadores uma segunda versão da planilha.
Benedicto Júnior foi um
dos responsáveis por comandar o setor de operações estruturadas, departamento
da Odebrecht inteiramente dedicado ao pagamento de propinas. O valor de R$ 246
milhões diz respeito ao que foi canalizado via área de infraestrutura da Construtora
Norberto Odebrecht, descrita pelo próprio executivo como “porta de entrada de
diversos pedidos de contribuições eleitorais”.
Ao Ministério Público, o
executivo afirmou que “foram feitos pagamentos com caixa 2 a candidatos
diversos, em diferentes campanhas, conforme consta da planilha que integra o
presente relato”.
Na lista de repasses de
dinheiro não declarado, os que mais receberam recursos foram o ex-governador do
Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que teria recebido R$ 61,9 milhões. Em seguida,
aparece o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto
Kassab, com R$ 21,2 milhões. Em terceiro, está o sucessor de Cabral e atual
governador fluminense, Luiz Fernando Pezão, cujos repasses ilegais somaram R$
20,3 milhões.
A planilha de Benedicto
Júnior registra ainda as justificativas para os repasses. Entre as razões mais
presentes estão a de que o candidato atuaria em prol do “desenvolvimento de
projetos e infraestrutura de interesse da empresa” ou que teria “disposição
para apresentar emendas/defender projetos de interesse da empresa”.
Constam na lista ainda 110
políticos que receberam recursos, mas sequer disputaram cargos eleitorais entre
2008 e 2014.
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