Deputados planejam “meter a mão” no bolso dos contribuintes para financiar suas campanhas eleitorais.


Vladimir Chaves

Um ano e meio depois de o Supremo Tribunal Federal proibir que empresas financiem campanhas políticas, a Câmara dos Deputados se prepara para ampliar o montante de dinheiro público destinado a partidos e candidatos nas eleições de 2018. Nas projeções mais conservadoras, a conta ficaria em pelo menos R$ 3,9 bilhões. Mas esse valor pode dobrar a depender do sistema eleitoral a ser aprovado.

Mesmo no cálculo mais econômico, o crescimento em relação às últimas eleições para presidente, governadores, Congresso e Assembleias, em 2014, seria de 180%. Naquele ano, o financiamento público foi de cerca de R$ 1,4 bilhão, em valores atualizados dinheiro do fundo partidário do ano e da renúncia fiscal pela veiculação da propaganda eleitoral.

Nas eleições municipais de 2016 (apenas para prefeitos e vereadores), prevaleceram o financiamento público, o autofinanciamento e as doações de pessoas físicas, o que reduziu à metade os valores gastos declarados em toda a campanha de cerca de R$ 6 bilhões para pouco mais de R$ 3 bilhões.

Deputados e senadores, no entanto, consideram impossível usar o modelo de financiamento de 2016 em uma campanha presidencial, de governadores, deputados federais, senadores e deputados estaduais. Por isso, a comissão de reforma política da Câmara deve votar nas próximas semanas a criação de um outro fundo, este exclusivamente destinado para fins eleitorais.

A ideia do relator, Vicente Cândido (PT-SP), é estabelecer um valor aproximado de R$ 2,5 bilhões para esse fundo, que seria suprido em uma pequena parte por eventuais doações de pessoas físicas.

Aliado a isso, ele pretende mudar o sistema de eleição dos deputados do atual (proporcional), em que o eleitor vota em candidatos isolados, para o de "lista fechada", em que o eleitor escolhe um conjunto de nomes preordenados pelos partidos políticos.

O argumento é o de que esse sistema barateia as campanhas já que, no caso de uma legenda específica, reduz as várias candidaturas a uma só.

A "lista fechada", porém, já foi rejeitada algumas vezes e continua enfrentando fortes resistências na Câmara. Se for mantido o atual sistema, deputados argumentam que o novo fundo eleitoral precisaria ter pelo menos R$ 6 bilhões, valor atualizado do gasto declarado pelos candidatos e partidos nas eleições de 2014. Há inclusive, projeto nesse sentido.


Com o Contas Aberta

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