A Anistia Internacional emitiu um alerta para o que chamou de "uma espiral de violência"
na Venezuela, onde quase dois meses de protestos deixaram 39 mortos, e pediu ao
governo de Nicolás Maduro e à oposição que respeitem os direitos humanos.
"Ou os direitos
humanos são colocados no topo da agenda política na Venezuela, ou a Venezuela
corre o risco de entrar em uma espiral de violência", afirmou Esteban
Beltrán, diretor da unidade espanhola da AI.
Se a tendência não for
revertida, o país enfrentará um "maior número de abusos e violações dos
direitos humanos", como violência policial, perseguição a jornalistas ou
detenções arbitrárias, afirma o relatório "Venezuela. Os direitos humanos
em risco em meio aos protestos".
A organização está
especialmente "preocupada com o uso de armas de fogo contra
manifestantes", afirmou Nuria García, investigadora da Anistia Internacional.
O documento relata, entre
outros, os casos da estudante Génesis Carmona, 21 anos, miss Turismo do estado
de Carabobo, que morreu em 18 de fevereiro, supostamente baleada por um grupo
armado pró-governo, e do guarda nacional Giovanny José Pantoja Hernández,
atingido por tiros de pessoas não identificadas.
Segundo o governo da Venezuela, 39 pessoas morreram e mais de 560 foram feridas desde 4 de fevereiro.
A violência tem sido utilizada tanto pelas forças de segurança - que "até torturaram manifestantes" - como por "grupos pró-governo, manifestantes e indivíduos não identificados", segundo a Anistia Internacional.
García denunciou a
existência de grupos armados pró-governo que "usam a violência para atacar
manifestantes durante os protestos, muitas vezes diante da presença das forças
de segurança, sem que estas atuem".
"Não documentamos grupos armados organizados pela oposição, e sim casos de abusos dos direitos humanos cometidos por manifestantes da oposição", explicou Beltrán.
García insistiu que todos
os casos denunciados são "inaceitáveis" e devem ser investigados.
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