Outro dia, minha esposa
acordou quase na hora do almoço (de novo). Mesmo com o celular tocando umas
quatro vezes, a soneca parecia um acordo secreto entre ela e a cama. Mas,
naquela manhã, decidi falar para ela sobre um provérbio; um daqueles trechos da
Bíblia que parecem escritos direto para a gente: “Observe a formiga,
preguiçoso! Reflita nos caminhos dela e seja sábio” (Pv 6:6). Ela riu
sozinha quando prometi que escreveria uma crônica sobre o seu sono. Talvez por
não acreditar que eu cumpriria a promessa... Pois eis aqui a crônica; escrita
de forma carinhosa, com amor e respeito.
Depois desta crônica, ela
sempre se lembrará da formiguinha invisível, trabalhando sem chefe, sem alarme,
sem ninguém mandando. E ela ali, com cama boa, travesseiro de nuvem, mas sem
ânimo para se levantar. Provérbios continua perguntando: “Até quando você
vai ficar deitado? Quando se levantará do seu sono?” (Pv 6:9). Tenho
certeza de que, daqui para frente, esse texto estará ali, na cabeceira, puxando
o pé dela, não de forma assustadora, e sim com um leve empurrão de sabedoria.
O sábio livro de Salomão nos ensina que dormir pode se tornar um refúgio quando a vida parece cansativa. Um cochilo aqui, outro ali... e, quando percebemos, o dia passou. A Bíblia não proíbe o descanso, mas alerta sobre o risco de viver adiando a vida: “Tirando uma soneca, cochilando um pouco, cruzando os braços para descansar...” (Pv 6:10). Esse hábito, tão gostoso quanto perigoso, vai roubando os dias, os sonhos, até mesmo a direção. A formiga não espera o verão chegar para começar a trabalhar. Ela se antecipa, planeja, se move. E nós?
Talvez minha esposa, como
muitos de nós, precise de um “despertar” mais profundo. Algo que vá além do
café forte e do banho gelado. Algo que sacuda a alma e diga: “Levanta, tem vida
para viver!” Porque a verdade é que os dias não esperam, e Deus tem muito mais
para fazer com ela do que apenas vê-la dormindo. Então, se hoje uma formiga
passar por aí, carregando sua folhinha enquanto bocejamos... lembre-se: ela tem
algo a ensinar. E todos nós ainda temos muito a construir, de pé.
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