A espada na bainha: Quando a Bíblia é lida, mas não é pregada


Vladimir Chaves

Uma Bíblia lida sem o comentário em seguida é uma espada na bainha — uma leitura que não corta.

A Bíblia é aberta apenas como ritual, lida sem explicação, sem aplicação, sem profundidade. Depois da leitura, fecha-se o Livro e fala-se de Deus em tom genérico, como se as palavras de Cristo fossem um pano de fundo e não o centro da mensagem.

A frase “Assim diz o Senhor” vai sendo substituída por cânticos bonitos, frases de efeito, sermões morais ou motivações humanas. E assim, a Palavra vai perdendo o seu fio. Os fiéis saem do culto sem saber onde a espada cortou, o que curou ou o que precisaria ser removido da alma.

Uma Bíblia usada apenas para introduzir o sermão, como um ornamento religioso. A leitura se torna mecânica. O pregador pede ao povo que leia, e logo em seguida fecha o texto sagrado, nada é explicado, nada é aprofundado.

Mas a Palavra de Deus não foi dada para ser lida apenas — ela foi dada para ser proclamada, interpretada e vivida.

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” Hebreus 4:12

Se a Palavra é uma espada de dois gumes, por que a usamos como se fosse um enfeite de altar?

Que os cultos deixem de ser mecânicos e tornem-se momentos onde o Cristo fala, o povo ouve, e a espada corta com precisão — não para ferir, mas para transformar.

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