Após anos de pesquisa,
articulação e negociação, está marcado para hoje (4) o leilão das frequências
que serão usadas na quinta geração de internet móvel, o 5G. Considerado um
grande marco tecnológico, o padrão viabiliza inovações dignas de ficção científica:
carros autodirigíveis, procedimentos médicos a distância, automação completa de
linhas de produção, vigilância e monitoramento de todo o tráfego urbano, além
de entretenimento em altíssima qualidade e conectividade semelhante à
encontrada em países desenvolvidos.
Segundo o Ministério das
Comunicações, as inovações do 5G não são apenas melhorias de serviços para uma
parcela limitada da sociedade. De acordo com os termos do certame, aprovado
pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 25 de agosto, o leilão do 5G será
responsável também pela ampliação da internet móvel de quarta geração (4G) para
localidades que ainda não contam com essa tecnologia, ampliando assim a base
total de usuários brasileiros.
“Podemos dizer sem medo de
errar que a chegada do 5G vai levar o país para outro patamar de inclusão
digital", destacou o secretário de
Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, em entrevista
para a Agência Brasil. "Vamos cobrir todas as rodovias federais com pelo
menos conectividade 4G, além de banda larga móvel para quase 10 mil localidades
rurais, com a expansão do serviço para escolas e centros de saúde. Nossa meta
para o ano que vem, e já temos condições, é de levar internet para 100% das
escolas públicas do país”, acrescentou o secretário.
Sobre o mercado e os
preços que deverão ser praticados com a chegada da nova tecnologia, Coimbra
afirmou que há uma tendência ao avanço tecnológico com a manutenção de preços,
e que a adoção do padrão 5G não será elitizada. “Na prática, haverá uma melhora
na dinâmica do custo-benefício. Em telecomunicações, há um fenômeno conhecido
de avanço tecnológico sem necessariamente reajuste de preços”, explicou.
Artur Coimbra informou que
existe também, dentro do governo, uma preocupação sobre a escassez de
semicondutores que assola o mundo. Segundo o secretário, o Ministério das
Comunicações já elaborou algumas alternativas para reforçar e atrair a produção
de eletroeletrônicos, como tablets e celulares compatíveis com o novo padrão
5G, para solo nacional.
Estrutura e inclusão
Segundo o Ministério das
Comunicações, a chegada do 5G eliminará um dos grandes empecilhos na
universalização do acesso digital: a infraestrutura. A pasta informou que o
leilão do 5G – de caráter não arrecadatório para o governo – terá grande parte
do dinheiro da concessão revertida para ações de avanço no setor.
De acordo com Artur
Coimbra, as metas futuras do Ministério das Comunicações após o leilão do 5G
serão de caráter social, com o objetivo de traçar os perfis de brasileiros que
ainda não estão incluídos na revolução digital, mesmo após chegar à meta de
100% do território conectado.
“Estamos muito perto de
eliminar a necessidade de infraestrutura para levar inclusão digital. Agora,
vamos focar no uso do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações
[Fust], que vai permitir cobertura para todo o agro, para resolver as questões
que ainda limitam o acesso à internet pelas pessoas.”
Os termos do leilão do 5G
preveem a obrigação de cobertura das 26 capitais e do Distrito Federal até
julho de 2022. O serviço deverá cobrir todas as cidades brasileiras com mais de
50 mil habitantes até 2028, enquanto o serviço de 4G deverá cobrir todo o
território nacional.
O leilão do 5G está
marcado para começar às 10h, no auditório do Espaço Cultural Renato Guerreiro
da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em Brasília. A abertura do
leilão será feita pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, pelo presidente da
Anatel, Leonardo de Morais, e por conselheiros da agência. Está prevista a
presença do presidente Jair Bolsonaro na solenidade.
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