O Estado da Paraíba está
investigando dois casos suspeitos de mucormicose, também conhecida como “fungo
negro” ou “fungo preto”. Considerada pela medicina uma doença rara e grave, na
Paraíba, os casos estão ligados a pacientes que tiveram covid-19. Uma destas
vítimas não resistiu e veio a óbito. Infectologista e diretora corporativa de
infectologia do Sistema Hapvida, Silvia Fonseca, explica que o fungo negro pode
acometer pacientes com Covid-19 ou não, mas pacientes com o coronavírus são
mais suscetíveis.
“A mucormicose é sempre
grave e se acometer qualquer paciente, tendo ou não covid-19, pode levar ao
óbito. Porém, com coronavírus pacientes têm também recebido altas doses de
corticóide para tratamento e ficam muitas semanas internados em terapia intensiva,
o que diminui a imunidade, ficando suscetível à mucormicose”, explica.
Apesar dos casos gerarem
um certo receio em meio à pandemia, a infectologista ressalta que eles no
Brasil ainda são raros, diferente da Índia, que está com muitos relatos. De
acordo com dados do Ministério da Saúde, neste ano, o país registrou até o
momento 29 casos de mucormicose. Em 2020, o órgão registrou 36 casos. Já na
Índia, só na última semana, foram registrados 9.000 casos de fungo negro em
pessoas com Covid-19.
Apesar de os números serem
alarmantes, a médica Silvia Fonseca lembra que na Índia, mesmo antes do
surgimento da covid-19, já se descreviam casos de mucormicose, pois o país tem
o maior número de diabéticos do planeta e a mucormicose acontece na presença de
hiperglicemia (açúcar aumentado no sangue).
A diretora corporativa de
infectologia do Sistema Hapvida ainda reforça que sendo o fungo negro uma
doença rara, esta infecção afeta hoje um número reduzido de pessoas. Já no que
diz respeito à covid-19, a médica reforça a necessidade dos cuidados.
“O vírus que causa a covid-19 está espalhado na comunidade e temos que continuar a usar máscaras, álcool gel, distanciamento social e tomar a vacina quando chegar a nossa vez”, pondera.
Sintomas e Tratamento –
Silvia Fonseca explica que o fungo negro pode afetar diversas partes do corpo.
Porém, os sintomas variam de acordo com o órgão atingido e elenca alguns deles.
“Os órgãos mais atingidos
são o sistema nervoso central, os seios da face e os pulmões. Também podem
atingir a pele, principalmente depois de traumas ou queimaduras, após desastres
naturais como tsunamis e tornados. Se o fungo infecta a face causa dor,
protusão do globo ocular, perda da visão, obstrução da respiração, febre e
necrose. Se atingir os seios da face causa secreção nasal, febre e dor local.
Se atingir o cérebro, causa vários sintomas neurológicos, convulsões, dor de
cabeça incontrolável, alterações mentais e motoras. Se atingir os pulmões causa
febre, tosse, dor no peito, dificuldade para respirar. Se atingir a pele causa
úlceras (feridas) e a área afetada se torna negra, com dor local, aumento da
temperatura local, vermelhidão e inchaço ao redor da úlcera”, explica.
Já o tratamento é feito
com drogas antifúngicas que são aplicadas na veia por meses e com a retirada
cirúrgica das partes afetadas.
Riscos e Cuidados – Silvia
Fonseca lembra ainda que o risco para contrair o fungo negro é sempre das
pessoas com imunidade muito afetada, como os transplantados, os diabéticos
graves, as pessoas em tratamento de câncer. Pessoas que tomam corticoides em
altas doses devem sempre seguir orientação médica e evitar automedicação.
Mais informações – A
infectologista explica que estes fungos causadores da mucormicose vivem no meio
ambiente. No solo, em matéria orgânica em decomposição e geralmente só causam
doença nas pessoas que estão com sistema imune muito debilitado, por exemplo,
por tratamentos contra o câncer, transplantados ou pessoas que têm diabetes
muito descontrolada ou usam corticoides em altas doses ou por tempo prolongado.
As pessoas entram em
contato com os fungos, através de inalação dos esporos (forma de resistência do
fungo) ou através de ferimentos da pele. Silvia lembra também que a mucormicose
é chamada de “fungo negro” ou “fungo preto” porque invadem os vasos sanguíneos,
as regiões irrigadas pelos vasos afetados morrem e ficam negras, daí a origem
do nome.
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