Dialogo? Prefeito concede isenção fiscal para atrair empresa que busca mão de obra barata.


Vladimir Chaves

Com muita pompa o prefeito de João Pessoa Luciano Cartaxo (PT), anunciou a chegada de uma empresa de Call Center, que segundo ele foi fruto de muito dialogo e que irá gerar cerca de três mil empregos diretos.

O que não foi dito a população é que desde 2011, essas empresas estão migrando do Sul e Sudeste para o Nordeste, buscando mão de obra barata e desorganizada (leia-se não sindicalizadas), incentivos fiscais e custos operacionais mais barato.


O próprio prefeito não deixou duvidas disso quando afirmou de peito estufado, que estava concedendo isenção total no IPTU e redução em 3% da alíquota do ISS. O tratamento é o mesmo para as empresas locais?


“Assinei o Projeto de Lei para isenção total no IPTU e redução em 3% da alíquota do ISS para empresas de Call Centers.” “Isso é fruto do diálogo permanente com o Grupo Contax.” disse o prefeito.

Leia matéria que trata sobre o tema, publicada pelo site G1 no dia 06 de outubro deste ano.

Call centers migram para o NE em busca de mão de obra 'comprometida'

Do G1, em São Paulo

Funcionários qualificados, que produzem mais e ficam mais tempo no emprego, além de estímulos fiscais e redução de custos são fatores apontados por empresas de contact center para a migração de novas centrais de atendimento para o Norte e Nordeste do país nos últimos anos.

No caso da região Nordeste, o aumento da participação do total de sites (centrais de atendimento) subiu de 9% em 2009 para 11% até o final deste ano, segundo projeção da Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente (Abrarec). Enquanto isso, o Sudeste – que concentra o setor – perde participação. A queda é de 62% para 59,5% no mesmo período.
“Está começando a ter esse movimento para o Norte, Nordeste. Estados e municípios dão estímulos, como redução de ISS, IPTU”, saliente Stan Braz, diretor-executivo da associação.


No ano passado, a Contax, maior empresa de contact center no país, responsável por cerca de 30% do faturamento das terceirizadas em 2011 (R$ 3,1 bilhões dos R$ 10,8 bilhões movimentados no período), instalou no Recife o que diz ser a maior central de atendimento da América Latina, com capacidade para 14 mil funcionários. “O site no Recife parece um shopping, com quatro andares, escada rolante”, diz o diretor relações com investidores e finanças da empresa, Marcos Schroeder.


O porta-voz justifica o investimento de R$ 103 milhões para a construção do prédio na capital pernambucana. “A questão salarial é igual, mas uma pessoa no Rio, em São Paulo, ela fica dois anos e meio na função. No Recife, ela fica cinco anos. As operações no Nordeste são mais produtivas e é principalmente pela questão da rotatividade”, afirma.

Segundo a Abrarec, a média salarial de um operador de telemarketing no país é de R$ 706, mas a diferença é de R$ 170 entre o maior salário pago no país, R$ 800, e o menor, R$ 630.

Segundo ele, a rotatividade mensal no Nordeste na empresa é, em média, de 2,5%, contra 5% no Sudeste. A Contax tem, ainda, unidades em Fortaleza e Salvador desde 2004 (há ainda unidades em SP, RJ, MG, RS, SC e PR e no Distrito Federal, além de operações adquiridas na América Latina). “Nos últimos três anos, a gente levou 40% do quadro para o Nordeste. Antes era mais concentrado em São Paulo e Rio de Janeiro”, explica.

Schroeder diz, contudo, que a rotatividade na função de operador de telemarketing costuma ser alta, uma vez que muitos funcionários estão no primeiro emprego. “Muitos estão ali enquanto fazem um curso. O pessoal fica dois ou três anos e vai para um local da área que está estudando, da sua carreira”.

Além da Contax, outras grandes empresas do setor também possuem unidades no Norte e Nordeste. No Recife também está a CSU. Na Bahia, a Atento e a Call Contact Center (essa última, também está em Roraima, por exemplo).

Há ainda a pernambucana Provider, que se expandiu para demais estados (SP, RJ, BH, AL, CE, MA, PB, PI, RN, além da presença em Santiago, no Chile) e vai mais fundo: aposta no interior dos estados nordestinos, com unidades em cidades como Imperatriz, no Maranhã, e Caruaru, em Pernambuco.

“Elas [as concorrentes] estão chegando tarde [ao NE]”, avalia o presidente da Provider, Moisés Assayag. Ele classifica o Nordeste em dois nichos. O primeiro, segundo ele, composto por grandes capitais como Recife, Fortaleza e Salvador, já está ficando saturado e, em larga escala, começa a apresentar os mesmos problemas de mão de obra que o Sudeste.

Com isso, a empresa investe em municípios menores, mas com potencial de crescimento. “Está no nosso DNA, é ir para cidade do interior, tem um jeito de operar nos lugares que a gente já domina. É o caminho que a gente vai seguir”, diz.

Dos 11 mil funcionários da empresa, são 2 mil em Caruaru e 250 em Imperatriz. As unidades representam 20% do faturamento da companhia, cuja previsão é atingir R$ 270 milhões em 2011.

A vantagem é que os custos são mesmos, o salário mínimo é o mesmo, a legislação é a mesma. Mas tem melhor qualidade, mão de obra melhor e mais motivada, o e que é fundamental para esse nosso negócio. A qualidade da mão de obra é 80% do sucesso”, diz.

Vladimir Chaves

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