Governo brasileiro importará 600 filósofos franceses, ingleses e alemães


Vladimir Chaves

Após a polêmica contratação de 4 mil médicos cubanos e todas as expressões de preconceito oriundas do fato, o governo, em mais uma ação afirmativa, acaba de anunciar a importação de 600 filósofos de nacionalidade francesa, inglesa e alemã. O objetivo é suprir a ausência de intelectuais de pensamento genuinamente nacional, não-nacionalista. Como se sabe, o país carece de filósofos no sentido mais puro da expressão. O primeiro grupo, de 200 profissionais do pensamento, estará no Brasil já no próximo mês para participar do primeiro período de treinamento do programa que lhes ensinará a língua portuguesa (ainda que só se possa filosofar em alemão) e a detectar o possível defeito no ethos local que bloqueia a possibilidade de um pensamento tupiniquim. Todos serão alocados em parte das 701 cidades não colocadas como opção por nenhum filósofo brasileiro, uma vez que inexistem. Um segundo grupo virá em outubro e, até novembro, todos deverão estar dando aulas de filosofia nas universidades federais, compondo comitês de ética nos hospitais, dando palestras e lançando livros nas Livrarias Cultura, publicando artigos em revistas com qualificação A1 no CNPQ e filosofando acerca do irracionalismo nacional. 

O Ministério da Educação pediu, e teria conseguido, filósofos que tivessem experiência internacional em Filosofia Analítica, Filosofia Medieval e Antiga, Fenomenologia Francesa Contemporânea, Ontologia, Metafísica, Lógica, Positivismo e Bioética. “Todos eles têm residência em várias universidades da Europa e América do Norte. Cerca de 30% têm também outras especializações, como Sociologia e Ciência Política, e possuem, no mínimo, 16 anos de experiência. Pretendemos, assim, expor ao Brasil que figuras como Arnaldo Jabor, Rachel Sheherazade, Reinaldo Azevedo, Marinela Chaui, Luiz Felipe Pondé, Mario Sergio Cortella, Marcia Tiburi, Ernildo Stein, Olavo de Carvalho, Caio Fernando Abreu, entre outros, não são filósofos brasileiros e não atendem à demanda de um logos nacional ou de uma hermenêutica suficientemente potente para o pensamento de si da nação brasileira. São tão somente marqueteiros, professores de história ou sofistas por profissão”, afirmou o ministro da educação Aloizio Mercadante.

Marilena Chauí

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