'Não distorçam minhas palavras', retruca Elba após polêmica com sertanejos no Maior São João do Mundo.


Vladimir Chaves

Elba Ramalho voltou a comentar sobre a polêmica campanha Devolva Meu São João, na qual artistas nordestinos brigam por mais espaço para o forró tradicional nas grades de programação de grandes festas juninas em detrimento da massiva presença de artistas do sertanejo. Em um show na Avenida Paulista, em São Paulo, a cantora paraibana rebateu a fala de Marília Mendonça durante o São João da Capitá, no último fim de semana, quando afirmou: "Vai ter sertanejo no São João, sim!".

"No Nordeste, há um mês e tanto, quando lançaram as grades artísticas das grandes festas, os artistas nordestinos e o povo resolveram fazer uma campanha chamada assim: Devolva Meu São João. Porque nas grades das grandes cidades, imperava muito mais as duplas sertanejas do que os forrozeiros. Isso não é culpa das duplas sertanejas porque eles estão lá o ano todo com casas lotadas. A questão incomodou as pessoas que querem que junho seja do São João. Então a campanha foi rolando e eu estava calada, não dizia nada", disse Elba.

E acrescentou: "E quando me perguntaram em Caruaru o que eu achava da campanha, eu falei: 'Acho que tem que equilibrar'. É um direito dos artistas sertanejos estarem no São João, mas a grade não pode ser 18 sertanejos e dois forrozeiros. Porque não é a festa do Peão. É a festa do São João. Vejam só, isso é o meu ponto de vista, isso não quer dizer que eu não ache os sertanejos maravilhosos. Eu acho, sou fã, já cantei com alguns. Cabe todo mundo, como eu falei, o céu está cheio de estrelas e nenhuma atropela a outra, mas deixem junho para o São João".

A cantora foi criticada pelo prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), que afirmou que a cidade não se tratava de um "gueto cultural". Na ocasião, o coordenador de comunicação social do município, Marcos Alfredo Alves, lembrou que ela tem presença cativa nos shows lá realizados há anos e nunca abaixou o cachê. Durante o show na capital paulista, Ela rebateu: "Claro que até eu para entrar em uma das grandes festas que eu estou há pelo menos 16 anos fazendo, tive que pedir socorro ao prefeito. Eu fechei a agenda no ano passado para essa data, na minha terra, eu quero fazer o São João. 'Abaixe o seu cachê, mude o dia', claro que não. Reivindiquei o meu direito".

Por fim, a voz de Entre o céu e o mar e De volta pro aconchego, apelou para que mudanças concretas ocorram na organização desses eventos: “Que seja sempre assim. Quando os curadores culturais forem organizar uma festa de São João, que é uma tradição fortíssima, e nós temos música pra fazer a nossa festa, artistas competentes para estarem nos palcos. Que eles não pensem somente no oportunismo do patrocínio, eles pensem que isso é como se fosse o arraial de São João, é como se fosse a nossa missa. Se a gente tirar o Pai Nosso da nossa missa, mudar a oração, não vai dar certo.”


Diário de Pernambuco

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