IOF abala relação entre governo Lula III e Congresso Nacional


Vladimir Chaves


A semana terminou com uma série de más notícias para o governo Lula III. Após semanas de negociações, devido à crise gerada pela tentativa de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a relação entre o Planalto e o Congresso Nacional azedou de vez. A postura desfavorável dos parlamentares ao pacote de medidas alternativas apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, culminou com a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), de pautar nesta segunda-feira, 16, o requerimento de urgência que derruba o decreto que amenizou o reajuste do imposto.

Além da insatisfação com a proposta apresentada pela equipe econômica do Executivo, a demora no pagamento das emendas parlamentares contribui com a falta de vontade do Congresso em trabalhar a favor das medidas. O embate a respeito desses repasses ocorre desde o início da atual gestão e se intensificou ainda mais nesta semana com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, de cobrar, mais uma vez, esclarecimentos sobre a transparência e a rastreabilidade do processo. A expectativa do governo é melhorar a relação com o Parlamento a partir do aceleramento da liberação dos recursos.

No entanto, mesmo com a previsão de votação da urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL 314/2025), ainda não há certeza se, de fato, o texto será derrubado, mesmo com pressão da oposição e de partidos do Centrão. Por enquanto, o movimento funciona como um recado claro da insatisfação da Casa com a articulação política de Haddad, que virou alvo de críticas abertas pela forma como tem encaminhado o alinhamento das propostas. Líderes do governo indicam que apenas a urgência será votada, sem ter ainda expectativa para ser realizada a análise do mérito.

Para ser aprovada, a urgência precisa de 257 votos favoráveis dos 513 deputados. Se passar, a matéria pode ser votada diretamente no plenário. Devido ao feriado da próxima semana e aos festejos juninos, em que os parlamentares retornam às suas bases eleitorais, a expectativa é que essa votação não ocorra, pelo menos, nas próximas duas semanas. Esse tempo pode ser essencial para que o governo apresente outras alternativas, que envolvam mais medidas de corte de gastos, atendendo às recomendações dos deputados.

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