Verdades eternas que não podemos ignorar


Vladimir Chaves

A vida é curta. E, mesmo sabendo disso, agimos como se ela fosse interminável. Adiamos decisões importantes, empurramos mudanças para depois e vivemos distraídos com coisas que não têm peso eterno. O tempo passa rápido demais para ser desperdiçado com ilusões.

A morte é certa. Não é uma ameaça, é uma realidade. Ela não pede permissão, não escolhe idade, nem avisa quando chega. Diante dela, títulos, posses e aplausos perdem totalmente o valor. O que permanece é aquilo que foi construído na alma.

O julgamento está chegando. Cada vida será confrontada com a verdade. Não haverá desculpas, nem versões convenientes da história. Tudo será revelado à luz da justiça de Deus. Esse pensamento não deveria gerar pânico, mas responsabilidade: como estamos vivendo enquanto ainda há tempo?

O céu é glorioso. Não é um mito nem um consolo vazio, mas a promessa de uma eternidade onde não haverá dor, medo nem despedidas. É o destino preparado para aqueles que escolheram confiar em Deus e viver segundo a sua vontade.

O inferno é terrível. Não como figura de linguagem, mas como consequência da rejeição deliberada à graça. É a ausência definitiva de Deus, o resultado de uma escolha feita ao longo da vida.

Jesus é o Salvador. No meio dessas verdades tão sérias, Ele é a esperança. Não veio para condenar, mas para resgatar. Na cruz, ofereceu perdão, reconciliação e vida eterna. Enquanto há fôlego, há oportunidade. A maior decisão da vida não é o que vamos conquistar, mas em quem vamos confiar.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

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Uma reflexão sobre o Natal da esperança cumprida


Vladimir Chaves

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Isaías 9:6)

O Natal nos convida a olhar além das luzes e celebrações e a lembrar do maior presente já oferecido à humanidade: Deus cumpriu a sua promessa. O profeta Isaías anunciou, séculos antes, que um Menino nasceria e que nele estariam a autoridade, a sabedoria e a paz verdadeira.

Esse anúncio se cumpre quando a Palavra se torna história:

“Hoje, na cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lucas 2:11)

O Menino da manjedoura é o mesmo que Isaías chamou de Príncipe da Paz. Ele veio em simplicidade, mas trouxe um Reino eterno. Veio pequeno aos olhos humanos, mas carregava sobre os ombros o peso da nossa esperança.

No Natal, somos lembrados de que Deus não abandonou a humanidade às trevas. Ele entrou na nossa história, caminhou entre nós e ofereceu paz onde havia medo, luz onde havia escuridão e salvação onde havia perda.

Que neste Natal o coração encontre descanso naquele que nasceu por nós, e que a paz prometida em Isaías se renove em cada lar, não apenas como uma data, mas como uma vida entregue ao Cristo que nasceu, vive e reina para sempre.

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8 de janeiro: Justiça sem misericórdia não vem de Deus, vem do sistema apodrecido


Vladimir Chaves

“Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.” (2 Timóteo 2:19)

Este versículo é um chamado direto à coerência entre fé e prática. Paulo lembra que confessar o nome do Senhor não é apenas uma declaração verbal, mas um compromisso visível com a justiça, a verdade e a retidão. Não há espaço, à luz do Evangelho, para uma fé que se acomoda à injustiça quando ela convém.

Quando observamos o cenário político atual, causa perplexidade ver políticos que se apresentam como cristãos, citam a Bíblia, frequentam igrejas e buscam o voto do povo de fé, mas se opõem ao perdão e à revisão das penas impostas aos manifestantes do 8 de janeiro, mesmo diante de punições claramente desproporcionais, seletivas e, em muitos casos, desumanas. Essa postura revela uma contradição profunda entre o discurso religioso e a prática moral.

A Bíblia é clara ao afirmar que Deus ama a justiça e rejeita a opressão. O Senhor não se alegra com penas absurdas, com condenações coletivas, nem com o sofrimento imposto sem o devido equilíbrio entre lei, misericórdia e verdade. Defender punições injustas, apenas para agradar ao sistema ou preservar conveniências políticas, é alinhar-se à injustiça, exatamente o oposto do que o texto bíblico ensina.

Jesus foi firme contra o pecado, mas igualmente firme contra a hipocrisia. Ele confrontou líderes religiosos que usavam a fé como aparência, enquanto seus atos negavam o coração da Lei, que é o amor, a justiça e a misericórdia. O cristão verdadeiro não se cala diante do abuso, não relativiza a injustiça e não sacrifica pessoas no altar do poder.

Portanto, à luz de 2 Timóteo 2:19, é legítimo e necessário questionar: como alguém pode professar o nome do Senhor e, ao mesmo tempo, sustentar um sistema que pune de forma exagerada, seletiva e vingativa? A fé cristã não pode ser instrumento de propaganda, nem escudo para omissão moral.

Apartar-se da injustiça, hoje, significa ter coragem de defender o que é justo, mesmo quando isso custa popularidade, cargos ou alianças políticas. Significa lembrar que, acima de qualquer ideologia ou interesse partidário, está o compromisso com Deus e com a dignidade humana.

A fé que não confronta a injustiça deixa de ser fé bíblica e se transforma apenas em retórica vazia.

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

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A fé que começa dentro de casa


Vladimir Chaves

Muitos falam de fé, mas poucos compreendem onde ela realmente começa. O apóstolo Paulo ensina que a piedade não se prova apenas no templo, nas palavras bonitas ou nas aparências religiosas. A verdadeira fé começa dentro de casa. Como ele orienta:

“Que estes aprendam primeiro a exercer a piedade para com a própria casa” (1 Timóteo 5:4).

Quando uma viúva tem filhos ou netos, a Bíblia é clara: a responsabilidade primeira é da família, e não da igreja. Cuidar dos pais e avós não é um favor; é um dever espiritual. É uma forma de retribuir o cuidado recebido ao longo da vida, pois, como diz a Escritura, isso é “aceitável diante de Deus” (1 Timóteo 5:4).

Paulo também alerta que a omissão familiar gera um peso indevido sobre a igreja. Ele escreve:

“Socorra-as, e não fique sobrecarregada a igreja” (1 Timóteo 5:16).

Quando a família se esquiva da sua responsabilidade, quem acaba prejudicado são aqueles que realmente não têm ninguém para ajudá-los.

Esse ensino é ainda mais necessário nos dias atuais, em que há uma geração que terceiriza responsabilidades, transferindo para o Estado aquilo que deveria ser resolvido no lar. No entanto, a Palavra continua firme ao afirmar que servir a Deus inclui cuidar dos nossos, pois “se alguém não cuida dos seus, especialmente dos da própria casa, negou a fé” (1 Timóteo 5:8).

O Estado e, em especial, a igreja têm, sim, um papel essencial: amparar “as que estão verdadeiramente viúvas” (1 Timóteo 5:16), aquelas que não têm família nem recursos. Esse cuidado é santo, necessário e agradável a Deus. Contudo, quando há filhos e netos com condições de ajudar, a responsabilidade não pode ser transferida.

A Bíblia resume esse princípio de forma profunda e simples:

a fé verdadeira se expressa em atitudes.

Honrar pai e mãe é mandamento com promessa (Êxodo 20:12).

Cuidar da família é uma expressão prática da piedade cristã.

No fim, Deus não avalia apenas o que dizemos no culto, mas o que vivemos no dia a dia. A fé que agrada a Deus é aquela que começa em casa e se manifesta em amor, responsabilidade e cuidado.

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A progressão do mal no coração humano conforme a Bíblia


Vladimir Chaves

A Bíblia usa palavras diferentes para descrever o mal, e isso não é por acaso. Pecado, transgressão e iniquidade não são exatamente a mesma coisa. Cada termo revela um nível mais profundo da condição do coração humano diante de Deus.

Pecado

O pecado é o ponto de partida. A palavra bíblica traz a ideia de errar o alvo, como alguém que tenta acertar, mas falha.

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23)

O pecado pode acontecer por fraqueza, falta de conhecimento ou descuido espiritual. Davi, por exemplo, pecou ao desejar Bate-Seba. Ele falhou, errou o caminho que Deus havia estabelecido.

O pecado mostra nossa necessidade de arrependimento e da graça de Deus.

Transgressão

A transgressão acontece quando a pessoa sabe o que é certo, conhece o mandamento, mas decide ultrapassar o limite.

“Onde não há lei, também não há transgressão” (Romanos 4:15)

Adão e Eva transgrediram. Eles conheciam a ordem de Deus, mas escolheram desobedecer conscientemente.

A transgressão revela rebeldia e escolha deliberada contra a vontade divina.

Iniquidade

A iniquidade é mais profunda. Não se trata apenas de um ato, mas de um estado do coração. É quando o erro se torna prática constante, algo normalizado, aceito e até defendido.

“As vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus” (Isaías 59:2)

O povo de Israel, em vários momentos, caiu em iniquidade ao persistir na idolatria mesmo após repetidos alertas dos profetas.

A iniquidade endurece o coração e afasta a pessoa da sensibilidade espiritual.

“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa iniquidade” (Salmos 32:1–2)

Deus não ignora o pecado, mas oferece perdão. Ele não aprova a transgressão, mas chama ao arrependimento. E mesmo diante da iniquidade, a graça de Cristo ainda é suficiente para restaurar um coração quebrantado.

O perigo não está em cair, mas em permanecer caído sem arrependimento.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mateus 11:15)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

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Quando Deus exalta os que se humilham


Vladimir Chaves

“Humilhai-vos na presença do Senhor, e Ele vos exaltará.” (Tiago 4:10)

Tiago escreve essas palavras a cristãos que estavam enfrentando conflitos, disputas e um espírito de orgulho que enfraquecia a comunhão. Havia muita comparação, vaidade e desejo de se destacar. Por isso, o apóstolo não começa falando de bênçãos, mas de postura. Antes de qualquer mudança exterior, era necessário um ajuste interior diante de Deus.

Humilhar-se na presença do Senhor não é se rebaixar, nem viver com sentimento de inferioridade. É reconhecer que Deus ocupa o centro e que nós dependemos totalmente d’Ele. É admitir que, sem a graça divina, nossas forças, planos e méritos não sustentam a vida cristã. A humildade nasce quando entendemos quem Deus é e quem nós somos diante d’Ele.

Tiago deixa claro que essa atitude deve acontecer “na presença do Senhor”. Não se trata de uma humildade aparente para agradar pessoas, mas de um coração quebrantado diante de Deus. Ele vê intenções, motivações e pensamentos. Não há espaço para máscaras quando nos colocamos diante d’Ele em verdade.

A promessa é direta: “e Ele vos exaltará”. A exaltação não vem do esforço humano, nem da busca por reconhecimento. Ela vem de Deus, no tempo certo e da maneira certa. Muitas vezes, essa exaltação não é visível aos olhos do mundo, mas se manifesta em paz, maturidade espiritual, restauração e firmeza na fé.

Esse versículo nos ensina que o caminho do Reino de Deus é diferente do caminho do mundo. Enquanto o mundo incentiva a autopromoção, Deus honra o coração humilde. Quem se coloca aos pés do Senhor será levantado por Ele. Quem confia na própria força tropeça, mas quem se humilha diante de Deus experimenta a Sua graça.

Humilhar-se, portanto, não é perder valor, é encontrar o lugar certo. E, nesse lugar, Deus age, transforma e exalta para a sua glória.

sábado, 20 de dezembro de 2025

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“Seja anatema”: um alerta solene à luz da Bíblia


Vladimir Chaves

A expressão “seja anatema” aparece na Bíblia como um dos alertas mais sérios já registrados nas Escrituras. Ela não nasce do ódio, nem do desejo de ferir pessoas, mas do compromisso profundo com a verdade revelada por Deus.

Na linguagem bíblica, anatema significa algo ou alguém que foi separado, rejeitado ou colocado sob juízo espiritual por ter se afastado da vontade do Senhor. É como um limite claramente estabelecido por Deus: a verdade não pode ser ultrapassada.

O apóstolo Paulo declara com firmeza:

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos temos anunciado, seja anatema.” (Gálatas 1:8)

E ele reforça logo em seguida:

“Assim, como já dissemos, e agora repito: se alguém vos anuncia outro evangelho além do que recebestes, seja anatema.” (Gálatas 1:9)

Paulo ensina que o Evangelho não pode ser modificado para agradar pessoas, culturas ou épocas. A verdade de Deus não se adapta à conveniência humana. Alterá-la é romper com o próprio fundamento da fé cristã.

Esse alerta nos mostra que nem toda mensagem religiosa vem de Deus, mesmo quando parece bonita ou convincente. A própria Bíblia nos chama ao discernimento:

“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus.” (1 João 4:1)

Entretanto, é fundamental compreender algo importante: “seja anatema” não é uma licença para ódio ou perseguição. Trata-se de um juízo espiritual, não de vingança humana. A Escritura deixa claro que Deus não tem prazer na condenação:

“Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva.” (Ezequiel 33:11)

O problema, portanto, não está na pessoa em si, mas no erro mantido com persistência, mesmo após o confronto com a verdade. A disciplina espiritual tem como objetivo proteger a fé e chamar ao arrependimento.

Esse ensino nos conduz a uma reflexão pessoal e sincera:

“Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé.” (2 Coríntios 13:5)

“Seja anatema” nos lembra que a fé cristã não é construída sobre opiniões humanas, mas sobre a Palavra imutável de Deus. A verdade pode confrontar, corrigir e até ferir o orgulho, mas é ela que conduz à vida:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)

Que essa expressão não seja vista apenas como uma palavra dura, mas como um chamado solene à fidelidade, ao temor do Senhor e ao compromisso sincero com o verdadeiro Evangelho de Cristo.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

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Acepção de pessoas por causa de placas de igreja ou religião


Vladimir Chaves

A Palavra de Deus é clara ao afirmar que o Senhor não faz acepção de pessoas. Ainda assim, um dos grandes desafios do cristianismo ao longo da história tem sido o perigo de medir a fé das pessoas não pelo fruto do Espírito, mas pela placa que está na frente do templo que frequentam. Quando isso acontece, a essência do Evangelho é substituída por rótulos, disputas e divisões que não refletem o coração de Cristo.

A acepção de pessoas por causa de denominações ou religiões revela um problema mais profundo: a troca da centralidade de Cristo pela centralidade institucional. O apóstolo Paulo enfrentou esse problema já na igreja primitiva, quando alguns diziam: “Eu sou de Paulo”, “eu de Apolo” ou “eu de Cefas”. A resposta do apóstolo foi direta e confrontadora: “Acaso Cristo está dividido?” (1Co 1.12-13). A pergunta continua ecoando até hoje.

Tiago adverte com severidade contra qualquer forma de discriminação no meio do povo de Deus:

“Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tg 2.1).

Embora o contexto imediato trate de distinções sociais, o princípio é o mesmo: toda preferência humana que diminui o valor do outro fere a fé cristã. Quando alguém é julgado pela igreja que frequenta, e não pela sinceridade do seu coração diante de Deus, incorre-se no mesmo erro denunciado pelas Escrituras.

Jesus também confrontou esse espírito exclusivista. Ao ser questionado sobre quem verdadeiramente pertence ao Reino, Ele declarou:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai” (Mt 7.21).

Aqui, o critério não é o discurso, a tradição ou a filiação religiosa, mas a obediência genuína a Deus. A placa pode identificar um prédio; nunca foi capaz de definir um coração.

Em Atos dos Apóstolos, Pedro testemunha uma das mais profundas revelações sobre esse tema ao dizer:

“Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica a justiça” (At 10.34-35).

Essa declaração quebra qualquer tentativa de limitar a ação de Deus a uma estrutura, denominação ou rótulo religioso. O Senhor olha para o temor, a fé e a prática da justiça, não para o nome estampado em uma fachada.

Quando a igreja passa a valorizar mais a identidade denominacional do que a identidade em Cristo, corre-se o risco de repetir o erro dos fariseus, que conheciam a Lei, mas não reconheceram o autor da graça quando Ele esteve entre eles (Jo 5.39-40). O zelo pela instituição, quando não é equilibrado pelo amor e pela verdade, pode se transformar em soberba espiritual.

O apóstolo Paulo lembra que, em Cristo, as barreiras humanas são derrubadas:

“Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus” (Ef 2.19).

A família de Deus não é definida por placas, mas pelo novo nascimento. É nesse ponto que o Evangelho nos chama à maturidade espiritual: discernir que unidade não é uniformidade, e que fidelidade a Cristo é maior do que fidelidade a qualquer sistema humano.

Refletir sobre a acepção de pessoas por causa de placas de igreja ou religião é um convite ao exame pessoal. Estamos julgando como Deus julga? Ou estamos olhando apenas para aquilo que os olhos veem? O Senhor continua a sondar corações (1Sm 16.7), e a verdadeira fé sempre se revelará não no nome que carregamos, mas na vida que vivemos para a glória de Deus.

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35).

Essa é a marca que realmente importa.

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Teologias em moda e a perda da expectativa eterna


Vladimir Chaves

Em nome da relevância, muitos cristãos têm reduzido a fé a pautas ideológicas, sociais, políticas ou econômicas, enfrentadas apenas com estratégias humanas. O resultado é um cristianismo cada vez mais secularizado, que fala muito à sociedade, mas confronta pouco o pecado e quase não aponta para a eternidade. Quando a fé é retirada da arena espiritual, ela perde seu poder. E a Igreja, enfraquecida, passa a confundir influência pública com fidelidade ao Evangelho.

A chamada “teologia pública”, quando não nasce do arrependimento e da transformação espiritual, empobrece a missão da Igreja. Jesus não nos chamou apenas para discursos bem articulados, mas para uma fé viva, marcada pelos sinais que acompanham os que creem: libertação, ação sobrenatural de Deus, curas e esperança eterna. Quanto mais secularismo, menos dependência do poder do Espírito. E sem esse poder, a Igreja se torna apenas mais uma voz entre tantas outras.

Outro risco evidente é o de um cristianismo dominado por discursos, mas carente de prática. Em tempos de comunicação rápida e opiniões abundantes, surgem muitas vozes que se dizem cristãs, mas que desprezam a tradição bíblica e espiritual da Igreja, sem compreender seus fundamentos. Como pentecostais clássicos, precisamos permanecer atentos para não abraçar teologias modernas distantes da realidade do crente simples; aquele que vive a fé no bairro, na comunidade rural, no dia a dia da luta e da oração. O Evangelho que transforma continua sendo simples, completo e poderoso: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará.

Quando a expectativa da volta de Cristo é abandonada, a santificação perde valor. A esperança deixa de estar na eternidade e passa a se concentrar apenas no aqui e agora. Isso abre espaço para outras distorções, como a redução da fé à prosperidade material, ao bem-estar emocional ou ao engajamento cultural como fim em si mesmo. A história mostra que muitos desses ventos teológicos passam, deixando frustrações e um vazio espiritual profundo.

O apóstolo Paulo foi firme ao confrontar uma fé sem esperança escatológica. Para ele, se tudo se resume a esta vida, então a fé perde seu sentido mais profundo. Por isso, precisamos ter cuidado com visões que colocam a redenção dos sistemas humanos acima da salvação dos pecadores. A missão central da Igreja nunca foi reformar o mundo por meios políticos ou culturais, mas anunciar o arrependimento e a conversão, para que os pecados sejam apagados.

Diante de tudo isso, o chamado permanece atual e urgente: conservar a fé bíblica, espiritual e cheia de esperança. Um cristianismo que não se rende às modas teológicas, que não troca o poder de Deus por estratégias humanas e que vive à luz da eternidade. Só assim a Igreja continuará sendo sal da terra, luz do mundo e testemunha fiel de que Cristo vive e voltará.

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Mateus 7:6 e o princípio do discernimento cristão


Vladimir Chaves


“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.” (Mateus 7:6)

As palavras de Jesus em Mateus 7:6 soam fortes, mas carregam um ensino profundamente necessário para a vida cristã: o valor do discernimento espiritual. O Senhor não está ensinando desprezo pelas pessoas, nem autorizando arrogância espiritual. Ele está alertando seus discípulos sobre o cuidado com aquilo que Deus separou como santo.

No contexto bíblico, “o que é santo” e “as pérolas” representam as verdades do Reino de Deus, a Palavra revelada, os ensinamentos que exigem reverência, humildade e disposição para obedecer. São riquezas espirituais que não podem ser tratadas como algo comum ou banal.

Já as figuras dos “cães” e dos “porcos” eram conhecidas entre os judeus como símbolos de impureza e rejeição. Jesus usa essas imagens para falar de pessoas que, naquele momento, não têm disposição alguma para ouvir, respeitar ou acolher a verdade. Não se trata de quem ainda não conhece, mas de quem deliberadamente despreza, zomba ou ataca as coisas de Deus.

O alerta de Jesus é claro: quando o sagrado é oferecido a quem o despreza, ele é profanado, e quem o oferece acaba ferido. Isso acontece quando verdades profundas são lançadas em ambientes de escárnio, quando a fé é exposta a debates movidos apenas por provocação, ou quando insistimos em falar mesmo percebendo um coração endurecido.

Esse ensino não contradiz a missão de pregar o Evangelho a todos. Pelo contrário, ele a equilibra. O próprio Jesus ensinou que, se alguém não quiser ouvir, o discípulo deve seguir adiante (Mateus 10:14). Há momentos em que silenciar também é obediência, e esperar é sinal de maturidade espiritual.

Amar não significa insistir a qualquer custo. Muitas vezes, amar é respeitar o tempo do outro e confiar que Deus trabalha nos corações melhor do que nossas palavras. O Espírito Santo é quem convence; nós somos apenas instrumentos.

Assim, Mateus 7:6 nos ensina que o sagrado deve ser tratado com reverência, e que o cristão precisa aprender a discernir quando falar, como falar e para quem falar. Não por medo, mas por sabedoria. Não por dureza, mas por fidelidade.

Guardar as pérolas não é egoísmo espiritual; é reconhecer o valor daquilo que vem de Deus. E confiar que, no tempo certo, Ele mesmo abrirá corações para recebê-las com humildade e fé.

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