Por Vladimir Chaves | Julho
de 2025
Por mais de três décadas, a
região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo, foi símbolo da
miséria, do vício e da falência de políticas públicas diante do drama da
dependência química. Em 2025, no entanto, o Brasil se deparou com uma cena surpreendente:
as ruas que antes reuniam centenas de pessoas em consumo aberto de crack
passaram a ficar vazias. Analistas correram para explicar o fenômeno. Mas quase
todos ignoram uma peça essencial nessa história: o trabalho silencioso,
perseverante e transformador dos missionários evangélicos.
Um fenômeno visível, mas
pouco mencionado
A Cracolândia não sumiu por
mágica. Desde 2024, diversas ações coordenadas entre as polícias e secretarias
municipais contribuíram para enfraquecer o tráfico e dispersar usuários. Mas
uma parte desse “esvaziamento” está sendo construída há anos, nos becos e
vielas, pelas mãos daqueles que não usam farda, nem microfone de TV, mas
carregam Bíblias, sopas e amor prático.
Missões como a Cristolândia,
Comunidade Vida Nova, Projeto Resgatando Vidas, entre outras, nunca abandonaram
o território — mesmo nos momentos de maior violência, miséria e desespero.
Todos os dias, pastores, evangelistas, voluntários e ex-dependentes transformados
levavam alimento, palavras de fé, apoio emocional e caminhos para restauração.
Evangelho que resgata
Enquanto parte da sociedade
apenas assistia, esses missionários criaram pontes onde só havia abismos. Ao
invés de oferecer apenas uma “redução de danos”, ofereceram um novo nascimento
espiritual.
Milhares de homens e
mulheres foram tirados das ruas e conduzidos para centros de acolhimento
mantidos por igrejas; Outros foram discipulados, evangelizados e reintegrados à
sociedade como trabalhadores e membros ativos das igrejas; Muitos que um dia
estavam no “fluxo” hoje estão no púlpito — contando seu testemunho e ajudando
outros a saírem da escravidão do crack.
Mas ainda assim, raramente
são citados nas análises feitas por especialistas, imprensa ou gestores
públicos.
Uma análise incompleta sem a
fé
Os relatórios técnicos falam
de “falta de drogas”, “ações policiais”, “fatores climáticos” ou “internações
hospitalares”. Mas poucos mencionam o poder do Evangelho, o efeito regenerador
da fé, e o trabalho incansável de homens e mulheres que servem por vocação —
não por salário.
É preciso dizer com clareza:
O esvaziamento da
Cracolândia não foi causado apenas por repressão ou políticas públicas, mas
também por oração, compaixão e fé em ação.
Sem considerar o papel dos
missionários, qualquer análise estará incompleta e injusta.
O evangelho transforma
A Cracolândia pode até não
ser mais a mesma, mas a marginalização das igrejas no debate público sobre a
solução é um erro grave. A fé cristã não é um detalhe: é uma força
transformadora, que tem curado, libertado e reconstruído vidas — uma por uma.
Se o objetivo for de fato
resolver o problema — e não apenas deslocá-lo —, o Estado e a sociedade
precisam reconhecer e valorizar os que trabalham de forma espiritual,
voluntária e integral.
Jesus disse:
“O Espírito do Senhor está
sobre mim, porque me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Enviou-me para
proclamar libertação aos presos e restauração da vista aos cegos, para libertar
os oprimidos.” (Lucas 4:18)
Este continua sendo o
chamado que muitos têm obedecido, na Cracolândia e além dela. E os frutos estão
aparecendo — mesmo que parte da sociedade ainda insista em não ver.
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