Cúpula do PMDB ataca Dilma em jantar com Temer


Vladimir Chaves

O clima de confronto entre o PMDB e governo, que já havia marcado a votação da Medida Provisória dos Portos na Câmara dos Deputados, deu o tom do jantar do partido anteontem no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer.

Na avaliação de peemedebistas, a presidente Dilma Rousseff agiu bem ao não comparecer ao encontro que reuniu governadores, ministros e líderes do PMDB. Um deles classificou o jantar de "indigesto" para a presidente, marcado por críticas ao Palácio do Planalto e ao PT da "entrada até a sobremesa". Dilma recusou o convite do vice alegando que sua família estava em Brasília.

O crítico mais ácido da noite foi o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), seguido dos colegas Roseana Sarney (PMDB-MA) e André Puccinelli (PMDB-MS).

A princípio, o jantar deveria ajudar Temer na missão de superar esse clima ruim com o Planalto. Mas os insatisfeitos desfiaram um rosário.

Os motivos das críticas foram vários: da composição de palanques para disputa eleitoral em 2014 ao projeto que previa a troca do indexador da dívida de Estados e municípios e que o governo decidiu engavetar.

O clima foi tão pesado para Dilma, segundo relato à Folha de pessoas que participaram do jantar, que o líder rebelde do PMDB, Eduardo Cunha, nem precisou falar mal do governo. "Fez apenas ligeiras intervenções", disse um peemedebista.

Cabral disse ser inaceitável dois palanques para a presidente no Rio na disputa de 2014. Ele tenta evitar a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ao governo. Cabral falou da relação que sempre teve com Lula e lembrou que desde o principio, quando se discutia o nome da candidata, ele saiu para dizer que tinha um "Plano D", de Dilma.

E que, se Lula escolheu um sucessor, ele também tem o direito de escolher o seu. Disse que não vai apoiar um projeto que tem um candidato pela manhã e outro à tarde.

Roseana afirmou que, enquanto o partido comanda a pasta do Turismo, com Gastão Vieira, o presidente da Embratur, Flávio Dino (PC do B), que é hierarquicamente subordinado à pasta, "conspira contra o partido no Estado". Dino é potencial candidato na próxima eleição.

Puccinelli reclamou que o governo anuncia empréstimos do BNDES e do Banco do Brasil aos Estados, mas os bancos criam dificuldades para a liberação. Os senadores Valdir Raupp (RO) e José Sarney (AP) encabeçaram a turma do deixa-disso. "Olha o 'timing'. Tudo tem seu tempo, não é momento para definir alianças", disse Sarney.

O governo também foi criticado por recuar da proposta que aliviaria a dívida de Estados e municípios. Percebendo que o clima antigoverno não iria melhorar, Temer "apelou para o jantar".

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