Inversão de prioridade: A capital com o terceiro pior IDH do Nordeste patrocinando times profissionais.


Vladimir Chaves


Lastimavelmente o Brasil continua sendo o país do vale tudo, quando o assunto diz respeito à aplicação do dinheiro publico, o país dos milhões de miseráveis, dos milhões de analfabetos, dos milhares de sem-teto, dos milhares de sem-cidadania, dá-se ao luxo de torrar dinheiro publico sem levar em conta as prioridades sociais.

Como se não bastasse à corrupção que surrupia anualmente dos cofres públicos algo em torno de 1,38% a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Dinheiro que se aplicado na educação ampliaria o número de vagas nas escolas publicas das atuais 34,5 milhões vagas para 51 milhões, que poderia elevar o número de leitos nos hospitais públicos dos atuais 367.397 para 694,409 leitos, que poderia levar saneamento básico para 23,3 milhões de lares.

Como o bem- estar social do cidadão, via de regra, não é prioridade para uma grande parcela de gestores públicos, Brasil a fora, muitos sob o manto de uma falsa legalidade, preferem investir de forma despudorada no que se convencionou chamar de “pão e circo”.

Na Paraíba, um dos estados mais pobres da federação e com elevado índice de desigualdades sociais, é comum e talvez já tenha se tornado regra para maioria dos prefeitos, nos 223 municípios do Estado desconsiderar as mazelas do povo desperdiçando dinheiro público com “pão e circo”.

Nem mesmo a pior seca dos últimos 30 anos, evitou que muitos prefeitos gastassem fortunas com as festas de carnaval, gastança essa que deverá ter continuidade agora com as festas juninas.

Aliado a tudo isso, a Paraíba agora testemunha um novo método de desperdício de dinheiro público e inversão de prioridades sociais. Pois não é que alguns prefeitos, acharam por bem promover com dinheiro publico o futebol profissional.

Destaque especial para as cidades de Campina Grande e João Pessoa, onde com todas as pompas os prefeitos resolveram patrocinar as empresas de futebol profissional. Fato mais grave para cidade de João Pessoa, que segundo a própria assessoria de imprensa da Prefeitura, através de um “programa” intitulado “João Pessoa de Todas as Torcidas” apenas no mês de Janeiro torrou dos cofres públicos mais de um milhão de reais com os três times profissionais que disputaram o Campeonato Paraibano.

Achando que fez pouco pelo futebol profissional de sua cidade, o prefeito Luciano Cartaxo (PT), anunciou a renovação do contrato com Botafogo Futebol Clube da Paraíba, time do qual é torcedor e que tem como presidente o também petista Nelson Lira, a bagatela de oitocentos mil reais, que segundo o próprio prefeito, servirá para estruturar a equipe que deverá participar da Serie “D” do Campeonato Brasileiro.

“Quando anunciamos o apoio aos times no início do ano dizíamos que a intenção era tomar uma atitude que fizesse a diferença, que contribuísse de forma decisiva com os clubes. Agora o resultado apareceu. Nossos clubes fizeram boas campanhas e o Botafogo venceu a competição, trazendo um clima de festa e alegria visível em toda a cidade. Agora, o time passa a contar com a nossa colaboração também para a série D”, vangloriou-se o prefeito.

Para que o leitor possa ter uma ideia da inversão de prioridades na cidade que possui o terceiro pior IDH entre as capitais nordestinas, além de figurar entre as capitais com as piores taxas de analfabetismo do país, vejam o que escreveu o
 ex-Reitor da Universidade Federal da Paraíba e atual Secretário de Planejamento da Prefeitura Municipal de João Pessoa, Rômulo Polari, no artigo intitulado: “ JOÃO PESSOA: CENÁRIO 2013-2016”

“A situação socioeconômica de João Pessoa é uma das piores, entre as capitais dos nove estados nordestinos. O seu PIB que, em 2002, era o terceiro menor, hoje supera apenas o de Aracaju. Algo semelhante aconteceu com a sua renda per capita, ao regredir para a segunda menor, ficando a de Maceió na última posição. O IDH de João Pessoa é um dos três mais baixos e a sua taxa de analfabetismo uma das mais altas. A taxa de atendimento escolar aos jovens com idades apropriadas para os níveis de ensino fundamental e médio melhorou muito, mas com baixa qualidade”


Vladimir Chaves

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