Jesus não é um remédio de emergência


Vladimir Chaves

Muitos tratam Jesus como se Ele fosse apenas um medicamento. Procuram-no apenas quando a dor aperta, quando a vida está em crise ou quando não há mais para onde correr. Assim como alguém corre à farmácia em busca de um comprimido para aliviar a dor, há quem vá à igreja em busca de uma oração rápida, de uma bênção imediata, de um milagre que resolva o problema.

Mas, uma vez alcançada a cura ou a resposta, essas pessoas descartam Jesus, como se fosse uma cartela de remédio vazia. Esquecem até o nome daquele que lhes trouxe alívio.

Cristo não veio para ser um paliativo. Ele não é um analgésico espiritual para momentos de desespero. Ele é a própria fonte de vida. Como Ele mesmo disse:

“Eu sou o pão da vida; quem vem a mim jamais terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede” (João 6:35).

Na conversa com a samaritana, Jesus evidenciou a diferença entre saciar a sede por um instante e viver da fonte eterna:

“Aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; ao contrário, essa água se tornará nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4:14).

O problema é que muitos querem apenas um gole. Querem a bênção, mas não querem o Senhor da bênção. Querem o alívio, mas não querem o discipulado.

Jesus frequentemente ligava a cura à fé da pessoa. Nem sempre perguntava diretamente: “Você crê?”, mas sempre testava ou confirmava a fé como condição para agir. A fé é o elemento central na experiência de cura e salvação. Alguns exemplos:

À mulher com fluxo de sangue, Jesus disse: “Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fica curada deste teu mal.”

Ela acreditou que apenas tocar em sua roupa a curaria, e a fé dela se manifestou na cura.

Ao cego de Jericó, Jesus perguntou: “Que queres que eu te faça?” (Marcos 10:51-52)

O cego respondeu com fé, e Jesus disse: “Vai, a tua fé te salvou.”

Ao oficial cujo filho estava doente, Jesus observou a fé dele antes de agir: “Vai, teu filho vive.” (João 4:46-53)

Se você busca apenas milagres, está enganado. Se você busca apenas bênçãos, está enganado. Cristo não veio para ser seu remédio. Ele veio para mudar sua vida, transformar seu coração e fazer de você uma nova criatura.

E à igreja: acorda! Não basta orar e entregar “a receita pronta”. É preciso ensinar, confrontar, despertar os que só querem o benefício.

“Assim como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele” (Colossenses 2:6).

Não brinque com a fé. Não trate Jesus como medicamento de farmácia. Ele é o rio que jorra para a vida eterna, não um alívio temporário. É preciso ensinar, ou o necessitado se conecta à fonte, ou continuará com sede.

A verdadeira fé não descarta Cristo depois do milagre. Ela bebe da fonte todos os dias. Porque Ele não é um remédio temporário; Ele é a água viva que nunca se esgota.

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