A Canção da Vinha


Vladimir Chaves

A “Canção da Vinha” em Isaías 5:1-7 é um dos textos mais severos de todo o Antigo Testamento. Isaías usa uma parábola poética para expor a situação espiritual de Israel e a justa disciplina de Deus.

O Cântico da Vinha (Is 5:1-2)

Isaías começa descrevendo, como um poeta ou trovador, uma canção de amor sobre uma vinha:

O “amado” é Deus (o Senhor dos Exércitos).

A “vinha” é Israel (o povo escolhido).

O texto mostra o cuidado de Deus: Ele escolheu um terreno fértil, limpou as pedras, plantou boas videiras, construiu uma torre e preparou um lagar.

Deus fez tudo o que era necessário para que seu povo desse frutos de justiça e fidelidade.

A Frustração (Is 5:2)

Apesar de todo o cuidado, a vinha produziu uvas azedas

Esperava-se justiça, mas veio opressão.

Esperava-se retidão, mas veio clamor de sofrimento.

O povo que recebeu a Lei, os profetas e a aliança com Deus, em vez de dar frutos de santidade, tornou-se infiel, injusto e idólatra.

O Julgamento Anunciado (Is 5:3-6)

Deus “convida” os habitantes de Jerusalém a julgarem a causa. É como se Ele perguntasse: “O que mais poderia Eu ter feito pela minha vinha?”

Ele retirará a cerca -o povo ficará exposto a invasores.

A vinha ficará em abandono e destruição.

Não receberá mais chuva (a chuva simboliza a bênção divina).

O juízo de Deus viria sobre Israel por causa da sua rebeldia. A promessa se cumpriu com as invasões estrangeiras (assírios e depois babilônios).

A Identificação da Vinha (Is 5:7)

Isaías faz a interpretação da profecia:

A vinha do Senhor é a casa de Israel.

As plantas escolhidas são os homens de Judá.

Deus esperava justiça, mas houve sangue derramado.

Deus esperava retidão, mas ouviu clamor.

A Canção da Vinha em Isaías 5 é uma parábola profética que mostra o amor de Deus por Israel, seu cuidado ao preparar o povo para frutificar, a frustração diante da colheita de pecados em vez de justiça e o anúncio do juízo como consequência. É uma mensagem que continua atual: Deus ainda espera de nós frutos de santidade, amor e justiça.

sábado, 23 de agosto de 2025

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A preocupação rouba sua paz, entregue tudo a Deus e descanse


Vladimir Chaves

A preocupação é uma das maiores ladras de paz que enfrentamos. Muitas vezes passamos horas, ou até dias, tentando antecipar problemas, calcular cenários ou imaginar soluções para situações que talvez nunca aconteçam. O resultado? Cansaço emocional, espiritual e físico.

O fato é simples: a preocupação não tem poder para alterar o futuro. Ela não resolve os desafios; apenas drena nossas forças no presente. Jesus, em sua sabedoria, nos alertou sobre isso:

“Qual de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?” (Mateus 6:27)

Essa pergunta de Jesus nos mostra que a ansiedade é inútil. Por mais que tentemos, não podemos controlar todos os detalhes da vida. A preocupação não acrescenta nada de bom; apenas nos afasta daquilo que realmente importa: confiar em Deus e viver um dia de cada vez.

A Bíblia nos apresenta um caminho muito diferente: não carregar sozinhos o peso das nossas inquietações, mas entregá-las nas mãos de quem pode resolver. O apóstolo Pedro nos ensina:

“Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês.” (1 Pedro 5:7)

Esse versículo nos revela duas verdades poderosas:

Podemos lançar nossa ansiedade sobre Deus. Não precisamos carregá-la.

Ele cuida de nós. Ou seja, não estamos sozinhos nem esquecidos.

Portanto, lembre-se: a preocupação não muda o futuro, apenas rouba a paz do presente. Escolha confiar em Deus, entregue suas ansiedades a Ele e espere com fé. O amanhã pertence ao Senhor.

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Ataque à fé, esquerda quer calar as igrejas do Brasil


Vladimir Chaves

Um novo projeto apresentado pelo PSOL na Assembleia Legislativa da Bahia reacendeu um debate sério sobre os limites da democracia, da liberdade individual e da liberdade religiosa no Brasil. A proposta prevê multas de até R$ 450 mil e até cassação do alvará de funcionamento de igrejas e instituições religiosas que oferecerem apoio espiritual a homossexuais que buscarem, por vontade própria, ajuda nas igrejas.

De acordo com o texto do projeto, qualquer prática considerada como “terapia de conversão” deve ser proibida no estado. Isso incluiria não apenas atendimentos psicológicos, mas também aconselhamento pastoral, oração, retiros, cultos ou qualquer forma de apoio espiritual a pessoas que desejam deixar a homossexualidade ou alinhar sua vida sexual à fé cristã.

Ou seja: ainda que alguém, por livre escolha, procure sua igreja em busca de ajuda e oração, o simples ato de um pastor ou padre oferecer esse acompanhamento poderia ser enquadrado como crime.

A contradição democrática

Aqui está o ponto central da polêmica: já existem leis no Brasil que proíbem e punem qualquer tipo de coação, abuso, engano ou constrangimento. O Código Penal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e outras normas já oferecem meios de proteger pessoas contra práticas abusivas.

Portanto, a criação de uma lei específica, com multas milionárias e ameaça de fechamento de igrejas, não tem como objetivo “proteger vítimas de abusos”, mas sim limitar a atuação da fé cristã em uma área sensível: a sexualidade.

Na prática, o projeto estabelece que a liberdade de buscar aconselhamento religioso só vale até onde o Estado permitir. A mensagem é clara: “Você pode pregar o arrependimento de qualquer pecado, menos desse”.

Liberdade religiosa sob ataque

A Constituição Federal é cristalina ao garantir a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, bem como o livre exercício dos cultos religiosos (art. 5º, VI). Também veda que o Estado interfira no funcionamento das igrejas (art. 19, I).

Quando um projeto como esse surge, ele não apenas fere a liberdade da igreja de professar sua fé, mas também viola a liberdade individual do cidadão que deseja buscar ajuda espiritual. É como se o Estado dissesse: “Você é livre para ser gay, mas não é livre para deixar de ser, mesmo que queira”.

Trata-se de uma lógica perigosa, que trata o indivíduo como incapaz de decidir sobre sua própria vida espiritual.

O Evangelho e o arrependimento

O coração da mensagem cristã é o chamado ao arrependimento e transformação de vida. Jesus pregava: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4:17). Negar à igreja o direito de aconselhar sobre qualquer prática considerada pecado pela Bíblia é atacar diretamente a essência do Evangelho.

Não se trata de ódio, intolerância ou violência contra pessoas LGBT, mas sim da fidelidade ao que a Palavra de Deus ensina. Se o cristão crê que todo pecado pode ser perdoado e toda vida pode ser transformada, é natural que pregue isso em todas as áreas, inclusive na sexualidade.

Uma mordaça seletiva

Projetos como esse não buscam equilíbrio entre direitos, mas sim criar uma mordaça seletiva. Igrejas podem falar de corrupção, de adultério, de idolatria, de mentira... mas não podem pregar sobre arrependimento da prática homossexual. Isso não é democracia, é censura ideológica.

Se hoje tentam limitar o que a igreja pode dizer sobre sexualidade, amanhã poderão avançar sobre outros pontos da fé que entrem em conflito com a agenda política dominante.

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Uma Igreja sem Cristo é apenas uma seita


Vladimir Chaves

Quando a igreja deixa de refletir o caráter de Cristo, corre o risco de se transformar em uma seita. O Evangelho nos mostra que Jesus acolhia os imperfeitos, estendia graça e convidava ao arrependimento, sem exigir perfeição como condição para ser aceito. Já uma seita cria barreiras, impõe regras pesadas e molda pessoas segundo interesses humanos, esquecendo que somente Cristo é o Senhor da Igreja.

Enquanto o Senhor transmitia amor, muitos líderes, ao se afastarem do exemplo de Cristo, passam a agir como donos do rebanho. Com palmatória na mão, tentam impor medo e controle. No entanto, a verdadeira fé liberta, enquanto a fé distorcida aprisiona. Uma igreja que cala suas ovelhas e sufoca questionamentos não é a igreja de Jesus, pois onde Ele está há liberdade, graça e verdade.

O maior sinal de desvio aparece quando ninguém mais se parece com Cristo. A hierarquia rígida substitui a comunhão, o medo constante sufoca a confiança e a manipulação velada ocupa o espaço da verdade. Assim, a Palavra viva deixa de ser proclamada, a graça transformadora é esquecida e o amor fraternal desaparece. Tudo pode até parecer bíblico e santo, mas, no fundo, não passa de uma forma de controle travestida de espiritualidade.

Uma igreja que deveria ensinar a ouvir a voz de Deus passa a ensinar obediência cega a um sistema religioso. Em vez de incentivar o amor ao próximo, estimula a busca por agradar líderes humanos. Em vez de conduzir para a presença de Deus, sobrecarrega os fiéis com regras que não produzem vida. O resultado é um ambiente sufocante, onde a comunhão genuína com o Senhor é destruída.

Se você não pode questionar, não encontra paz, não tem liberdade para examinar as Escrituras, e tudo gira em torno da figura de homens em vez de Cristo, então não é igreja, é seita. Uma seita aprisiona corpo, mente e consciência, tentando convencer que fora dela não há salvação.

Mas a Palavra declara: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15:8). Somente em Jesus há vida, verdade e libertação. Uma igreja fiel ao Senhor será sempre marcada pela presença de Cristo, pela liberdade do Espírito, pela centralidade da Palavra e pelo amor que edifica.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

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O coração a ciência e a Bíblia


Vladimir Chaves

Pesquisas recentes mostram que o coração possui um “sistema nervoso intrínseco”, chamado de “pequeno cérebro do coração”, com cerca de 40 mil neurônios capazes de enviar mais sinais ao cérebro do que recebem de volta. Isso significa que o coração influencia diretamente emoções, decisões, percepção da dor e até processos cognitivos.

A ciência descobriu que o coração não é apenas uma bomba mecânica, mas um moderador das emoções e da dor, atuando em sintonia com o cérebro e afetando até mesmo como pensamos e sentimos.

Esse achado científico dialoga profundamente com as Escrituras, que sempre atribuíram ao coração um papel central na vida espiritual, emocional e racional do ser humano:

O coração como sede do pensamento e decisão:

“Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele.” (Provérbios 23:7)

Aqui vemos que a Bíblia já revelava que o coração “pensa” e direciona a vida, algo que a ciência começa a reconhecer.

O coração como fonte da vida:

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4:23)

Hoje sabemos que o coração regula não só o fluxo sanguíneo, mas influencia emoções, dor e bem-estar; confirmando que dele fluem os direcionamentos para toda a vida.

O coração que sente e se entristece:

“O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” (Provérbios 15:13)

O texto bíblico conecta diretamente coração e emoções, algo que as descobertas atuais também reforçam.

O coração como local onde Deus fala e transforma:

“Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo...” (Ezequiel 36:26)

Se o coração possui uma rede neural que influencia a mente e as emoções, isso nos ajuda a compreender melhor porque Deus age profundamente nele; mudando não apenas a espiritualidade, mas toda a percepção de vida.

Assim, tanto a Bíblia quanto a ciência apontam para a mesma realidade: o coração é mais do que um músculo vital. Ele é um centro de influência que afeta corpo, mente, emoções e espírito.

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Mantenha a essência de Cristo em você


Vladimir Chaves

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lucas 23:34)

Jesus viveu cercado de pessoas que o amavam, mas também de pessoas que o rejeitaram, traíram e feriram. Judas o entregou, Pedro o negou, os soldados zombaram e a multidão pediu sua crucificação. Ainda assim, em nenhum momento Jesus deixou de ser quem Ele é: o Filho de Deus, cheio de amor, graça e verdade.

A traição de Judas não mudou a identidade de Cristo. A injustiça do Sinédrio não apagou a missão da cruz. A violência dos soldados não transformou seu coração em amargura. Jesus permaneceu Jesus até o fim, fiel à vontade do Pai e cheio de compaixão.

Da mesma forma, muitas vezes seremos feridos, mal interpretados ou até traídos. O natural seria reagir com dureza, revidar ou mudar quem somos por causa da dor. Mas o chamado de Cristo é: não permita que a injustiça dos outros roube a sua essência em Deus.

Se negaram amor a você, ame ainda mais.

Se não foram leais, permaneça íntegro.

Se te feriram, cure em vez de ferir.

Não deixe que as decepções da vida façam você abandonar quem Deus o chamou para ser.

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Uma igreja que enfrentava seus problemas


Vladimir Chaves

A Igreja de Cristo nunca esteve isenta de dificuldades. Desde os seus primórdios, quando ainda estava em rápido crescimento em Jerusalém, surgiram desafios que ameaçavam a sua unidade e a eficácia da missão. Em Atos 6, encontramos um retrato fiel de como a comunidade cristã lidou com conflitos de natureza cultural e social, e como, a partir disso, nasceu o ministério dos diáconos, que até hoje permanece essencial na vida da igreja.

Conflitos dentro da igreja primitiva

O texto de Atos 6 mostra que a expansão da igreja trouxe também problemas de relacionamento.

Conflito cultural (At 6.1)

Havia entre os crentes hebreus (judeus que falavam hebraico e seguiam tradições locais) e os gregos helenistas (judeus que haviam migrado de outras regiões e falavam grego) uma barreira cultural significativa. Essa diferença de língua e costumes gerou mal-entendidos, desconfianças e até sentimento de exclusão.

Conflito social (At 6.1)

O problema ganhou forma prática na questão da assistência às viúvas. As viúvas helenistas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimentos. O descuido, mesmo que não intencional, causava desequilíbrio social dentro da comunidade. Isso mostrou que a igreja precisava de organização para que a missão espiritual não fosse comprometida por injustiças sociais.

A unidade da igreja não pode ser ameaçada por nenhuma forma de divisão: seja cultural, social ou de relacionamento.

A resposta dos apóstolos: oração, Palavra e serviço (At 6.2–4)

Os apóstolos compreenderam que a igreja precisava cuidar tanto da espiritualidade quanto das necessidades práticas do povo. Porém, eles também perceberam que não podiam abandonar o essencial: a oração e a pregação da Palavra.

A solução foi delegar o serviço social a homens de confiança, sem diminuir sua importância, mas reconhecendo que a missão da igreja é integral:

Espiritual – oração e Palavra.

Social – cuidado com os necessitados.

Evangelística – testemunho vivo diante da sociedade.

Uma igreja que ora e prega, mas não socorre os necessitados, falha em sua missão.

O nascimento da diaconia (At 6.3)

Foi nesse contexto que surgiu o ministério dos diáconos. O termo diaconia significa serviço. O serviço diaconal não é uma função secundária ou inferior, mas um ministério essencial para a saúde e o crescimento da igreja.

Requisitos dos diáconos segundo Atos 6.3:

Boa reputação – caráter íntegro, honestidade e testemunho irrepreensível.

Cheios do Espírito Santo – vida espiritual vibrante, não apenas ética formal.

Sabedoria – equilíbrio entre dons espirituais e maturidade prática.

Infelizmente, em muitos contextos atuais, o diácono é visto como alguém de posição inferior no ministério, mas biblicamente ele foi instituído como servo essencial, escolhido por critérios rigorosos de caráter e espiritualidade.

Deus não deseja apenas homens éticos sem fervor, nem apenas espirituais sem sabedoria. Ele chama cristãos completos, que unem caráter, espiritualidade e discernimento.

Uma igreja integral: que cuida da alma e do corpo

O texto de Atos 6 revela que a igreja deve agir como um corpo vivo, cuidando tanto da alma quanto das necessidades físicas de seus membros. Deus não é glorificado na desgraça das pessoas. Quando a comunidade cuida dos necessitados, testemunha com poder diante do mundo, e o resultado é claro:

“E a palavra de Deus crescia, e o número dos discípulos se multiplicava em Jerusalém grandemente...” (At 6.7).

Ou seja, quando a igreja enfrenta seus problemas com sabedoria, unidade e serviço, ela cresce espiritualmente e numericamente, e o Senhor é glorificado.

A igreja dos dias atuais também precisa enfrentar seus desafios:

Assim como a igreja primitiva enfrentou e venceu os desafios de sua época, a igreja contemporânea precisa aprender a lidar com conflitos internos, diferenças culturais e desigualdades sociais. O caminho bíblico continua o mesmo: oração, Palavra, serviço e unidade. Uma igreja madura não ignora os problemas, mas os enfrenta de forma espiritual e sábia, sempre com foco em glorificar a Cristo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

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O testemunho como instrumento de edificação e evangelização


Vladimir Chaves


Na Igreja primitiva, o testemunho não era um detalhe secundário, mas parte essencial da vida cristã. Desde os primeiros dias após o Pentecostes, cada convertido entendia que sua nova vida em Cristo não poderia permanecer em silêncio. O encontro com Jesus era tão transformador que se tornava impossível escondê-lo. A mulher samaritana correu para sua cidade anunciando quem havia encontrado; o gadareno liberto voltou para casa contando as maravilhas de Deus; Paulo, ainda recém-convertido, não esperou amadurecer anos para testemunhar, mas imediatamente proclamava nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus.

O testemunho não era apenas uma narrativa pessoal, mas uma proclamação viva do poder de Cristo. Ele funcionava como um selo visível da transformação interior operada pelo Espírito Santo. Por isso, a Igreja crescia em graça diante de Deus e em impacto diante dos homens: não apenas os apóstolos pregavam, mas todos os irmãos, em sua rotina e em suas palavras, transmitiam a novidade de vida que haviam experimentado.

Hoje, percebe-se que muitas igrejas têm dado pouca ou nenhuma importância ao testemunho. O espaço para compartilhar experiências pessoais com Deus vai desaparecendo, sendo substituído por agendas repletas de programas e eventos que pouco edificam a fé. A voz simples do irmão alcançado pela graça acaba abafada pela performance do culto. O resultado é que a comunidade de fé perde o senso de identificação com a obra real e cotidiana de Deus na vida das pessoas.

É preocupante notar que, quando os testemunhos se calam, a igreja corre o risco de parecer uma instituição que fala sobre um Deus distante, mas não demonstra sua ação presente. O testemunho é justamente o elo que conecta a fé proclamada à fé vivida; é o sinal visível de que a Palavra continua sendo eficaz.

Se a Igreja primitiva conquistava corações não apenas pelas pregações de Pedro e Paulo, mas também pelo testemunho dos novos convertidos que contavam como Cristo havia mudado suas vidas, que mensagem transmitimos hoje quando não valorizamos os testemunhos?

O testemunho não pode ser tratado como um detalhe, mas como um instrumento vital de edificação interna e evangelização externa. Se voltarmos a dar espaço para ouvir como Deus ainda transforma vidas, a igreja recuperará algo precioso: a lembrança de que o Evangelho não é teoria, mas poder de Deus em ação.

Textos bíblicos sobre o testemunho

Marcos 5:19-20 – O gadareno liberto:

“Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. Então ele foi e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilhavam.”

Jesus não apenas permitiu, mas mandou testemunhar imediatamente após a libertação.

Lucas 8:39 – O mesmo relato sob outra perspectiva:

“Volta para tua casa, e conta quão grandes coisas te fez Deus. E ele foi, apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe fizera.”

João 4:28-30, 39 – A mulher samaritana:

“Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo? (...) E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou...”

Aqui, Jesus não ordena diretamente, mas a experiência pessoal a leva naturalmente a testemunhar, resultando na conversão de muitos.

Mateus 10:32 – O ensino de Jesus:

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.”

Testemunhar publicamente faz parte da vida cristã.

Atos 16:33-34 – O carcereiro de Filipos:

“E, tomando-os ele consigo, naquela mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões; e logo foi batizado, ele e todos os seus. Então, levando-os a sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua casa.”

O carcereiro, antes responsável por manter Paulo e Silas presos, reconhece Jesus como Salvador e sua fé alcança toda a família.

Atos 1:8 – Última instrução de Jesus antes da ascensão:

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra.”

Não apenas os apóstolos, mas todos os que cressem seriam chamados a ser testemunhas vivas de Cristo.

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“A maior miséria que um homem pode experimentar é viver cheio de tudo e vazio de Deus.”


Vladimir Chaves

A sociedade atual associa a plenitude da vida à abundância de bens materiais, conquistas sociais e reconhecimento humano. Para muitos, sucesso é sinônimo de status, conforto e poder. No entanto, há um paradoxo que atravessa a história: é possível estar cercado de riquezas, oportunidades e prazeres, e ainda assim experimentar um vazio profundo na alma. Esse vazio não se preenche com posses, pois sua natureza é espiritual.

A Escritura ecoa esse princípio em diversas passagens. O livro de Eclesiastes apresenta a reflexão de Salomão, um rei que possuía sabedoria, riqueza, fama e prazeres ilimitados, mas que concluiu: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Ec 1:2). Ou seja, sem a presença de Deus, até as maiores conquistas humanas tornam-se fúteis. O homem que se julga satisfeito com o mundo, mas ignora a eternidade, cedo ou tarde descobre que sua alma continua clamando por sentido.

Jesus reforça essa verdade de forma contundente: “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8:36). Aqui está a miséria suprema: possuir tudo: bens, prazeres, títulos e elogios e, ao mesmo tempo, estar vazio da presença de Deus. O homem pode até parecer bem-sucedido diante dos olhos humanos, mas espiritualmente está falido, pois a fonte da verdadeira vida não habita em seu coração.

Esse vazio não é apenas um detalhe psicológico, mas uma realidade espiritual. O homem foi criado para a comunhão com o Criador. Quando Adão se afastou de Deus no Éden, perdeu a maior riqueza: a intimidade com Aquele que é a própria vida. Desde então, toda tentativa humana de preencher esse espaço com coisas criadas revela-se insuficiente. Somente o próprio Deus, através de Cristo, pode preencher o abismo interior e restaurar a verdadeira alegria.

Nos tempos atuais, essa miséria se manifesta de maneira ainda mais acentuada. Vivemos na era da informação, da conectividade e da abundância de opções. Muitos têm acesso a tudo o que gera prazer imediato, mas ainda assim mergulham em crises existenciais, solidão e desesperança. Não é à toa que presenciamos o aumento alarmante de casos de ansiedade, depressão e suicídio.

Isso mostra que não é a quantidade de experiências, nem o volume de conquistas, que define a verdadeira felicidade, mas a presença de Deus na vida.

Portanto, o maior privilégio do ser humano não é possuir “tudo”, mas conhecer o Deus que dá sentido a todas as coisas. É d’Ele que vem a paz que o mundo não pode oferecer (Jo 14:27), a alegria que não depende das circunstâncias (Fp 4:4) e a esperança que não se apaga mesmo diante da morte (1Ts 4:13-14).

A verdadeira miséria não é a falta de pão na mesa, mas a ausência de Deus no coração. E a verdadeira riqueza não está em contas bancárias, mas em uma alma saciada pela presença do Altíssimo.

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Discernimento e as influências espirituais


Vladimir Chaves

Perceber influências espirituais ao redor não é sinal de desequilíbrio, mas de sensibilidade. O discernimento é uma capacidade dada por Deus, mencionada entre os dons espirituais (1 Coríntios 12:10), que possibilita ao cristão identificar a origem de determinadas impressões, ambientes ou manifestações: se vêm do Espírito Santo, da carne ou de forças malignas. Reconhecer isso é viver com os olhos espirituais abertos, compreendendo que nossa luta não é contra pessoas, mas contra “principados e potestades” (Efésios 6:12).

Diante dessa realidade, o primeiro passo é cobrir-se em oração diária. Consagrar os olhos, a mente e o coração ao Senhor logo pela manhã significa alinhar toda a percepção à vontade divina, evitando que distrações, sentimentos ou influências externas se tornem portas de acesso para o inimigo.

Além disso, é necessário pedir discernimento e equilíbrio. Muitas vezes, Deus mostra situações espirituais que não foram reveladas para serem divulgadas ou expostas, mas para que sejam levadas em oração. O discernimento é acompanhado da responsabilidade, pois a maturidade espiritual sabe que há tempo de falar e tempo de silenciar (Eclesiastes 3:7).

Outro aspecto essencial é não absorver o peso do ambiente. O cristão discernidor não deve carregar em si as cargas espirituais que identifica. Pelo contrário, deve rejeitar em oração tudo o que não procede de Deus, entregando ao Senhor as pressões e opressões que percebe. Essa postura impede que a sensibilidade espiritual se torne fardo emocional ou psicológico.

Nesse processo, a Palavra de Deus é o filtro seguro. João alerta a Igreja: “Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus” (1 João 4:1). Isso significa que toda impressão ou percepção espiritual precisa ser confirmada pela verdade bíblica. Nenhuma visão, sonho ou sensação pode ter mais autoridade do que as Escrituras.

Por fim, é indispensável andar em fé, não em medo. O discernimento espiritual não deve gerar pavor, mas confiança. Afinal, “aquele que está em nós é maior do que aquele que está no mundo” (1 João 4:4). A sensibilidade espiritual não é uma maldição, mas uma arma poderosa para guerrear em oração, proteger vidas e iluminar ambientes marcados pelas trevas.

Assim, quando Deus abre os olhos de um filho seu, Ele também concede a graça necessária para permanecer firme, não em força própria, mas no poder do Espírito Santo. O discernimento, quando exercido com humildade e submissão a Cristo, torna-se uma ferramenta preciosa para edificação da Igreja e avanço do Reino de Deus.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

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Deus não faz acepção de pessoas


Vladimir Chaves

“Deus não faz acepção de pessoas.” Essa verdade, proclamada por Pedro em Atos 10:34, é um fio condutor que atravessa toda a Escritura e se cumpre de maneira esplêndida na pessoa de Jesus Cristo. Ao longo da história, vemos que os homens estabelecem barreiras, preconceitos e divisões, mas o agir de Deus rompe essas fronteiras e revela que sua graça alcança os lugares mais improváveis.

Um dos maiores exemplos está na relação entre judeus e samaritanos. Desde a queda do Reino do Norte e a mistura do povo com estrangeiros trazidos pela Assíria (2 Reis 17), os samaritanos passaram a ser vistos como impuros, indignos e hereges. Os judeus cultivavam um desprezo histórico por eles, a ponto de evitar contato ou até mesmo atravessar suas cidades. Porém, justamente nesse cenário de rejeição, Cristo se revela de forma surpreendente. Ele não apenas fala com uma mulher samaritana, quebrando paradigmas sociais e culturais, mas também escolhe esse encontro para abrir uma das maiores revelações do Novo Testamento: a verdadeira adoração não se limita a um templo ou a uma tradição, mas acontece em espírito e em verdade. O que era desprezado pelos homens tornou-se palco da manifestação da graça.

O evangelho de João mostra de forma ainda mais clara essa inversão de expectativas. Nicodemos, mestre da Lei, homem respeitado, religioso exemplar, procura Jesus em segredo, mas não consegue compreender o novo nascimento. A samaritana, em contraste, uma mulher sem reputação, marcada por fracassos e rejeição, encontra Jesus em plena luz do dia e se torna testemunha para toda a sua cidade. O que parecia promissor em termos humanos se perde na resistência; o que parecia indigno floresce em fé e testemunho.

Essa lógica divina se repete em outras passagens. Simão, o Mago, também samaritano, creu e foi batizado, ainda que sua fé fosse imperfeita e marcada por equívocos. Sua história mostra tanto os riscos de uma fé distorcida quanto o poder do Evangelho que alcança até os mais improváveis. Deus, em Sua soberania, chama, corrige e molda corações onde menos se espera.

O que aprendemos é que a fé verdadeira não está necessariamente nos lugares de prestígio religioso ou entre aqueles que carregam títulos de honra. Muitas vezes, ela surge no coração quebrantado, no pecador arrependido, no rejeitado pelos homens. A graça de Deus não se prende às aparências, mas sonda a essência. Ele rejeita a religiosidade vazia, mas acolhe a alma sedenta que clama por vida.

Cristo nos mostra que o Reino de Deus não se fecha em fronteiras humanas. Ele atravessa Samaria, dialoga com quem é desprezado e exalta aqueles que o mundo ignora. A fé verdadeira é assim: floresce onde ninguém espera, rompe preconceitos e nos lembra que o amor de Deus não conhece limites.

 

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Quando o céu se abre na madrugada


Vladimir Chaves

“De madrugada, ouvi a minha voz; espero confiante na tua palavra.” (Salmos 119:147)

Muitos enfrentam noites em claro, marcadas pela angústia e pelo silêncio. Nessas horas, a madrugada parece longa e solitária. Contudo, a Palavra revela que esse tempo pode se tornar um dos momentos mais preciosos de intimidade com o Senhor. É na quietude da noite que a alma encontra espaço para clamar e ouvir a voz suave de Deus.

A Bíblia mostra que homens de Deus buscaram ao Senhor durante a madrugada. Jesus, em vários momentos, se retirava para orar ainda de noite, antes que o sol nascesse (Marcos 1:35). Poucos percebem, mas essa inquietude pode ser mais do que insônia ou aflição: é o momento em que o Espírito Santo nos visita para sussurrar à nossa alma e nos conceder discernimento espiritual.

Na madrugada, o silêncio da terra contrasta com a voz suave de Deus. É quando, livres dos barulhos externos, conseguimos perceber o seu sussurro, recebendo direção, consolo e esperança. O que parecia impossível durante o dia, marcado pelo peso das circunstâncias, encontra na presença divina uma nova perspectiva.

Cada lágrima derramada de madrugada é notada por Aquele que “não dormita nem dorme” (Salmos 121:4). Ele transforma o cansaço em força, a dúvida em fé e a solidão em profunda intimidade.

Por isso, quando o sono te faltar e a angústia bater à porta, veja a madrugada como uma oportunidade de encontro com o Espírito Santo. É nesse altar silencioso que Deus consola, fortalece e mostra que o impossível está em suas mãos.

Exemplos bíblicos de oração na madrugada

“De madrugada, ainda escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.” (Marcos 1:35)

“Naqueles dias, retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite orando a Deus.” (Lucas 6:12)

“E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. Ao cair da tarde, estava ali sozinho. (…) Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.” (Mateus 14:23-25) (A quarta vigília correspondia aproximadamente ao período entre 3h e 6h da manhã.)

Antes de ser preso, Jesus se retirou para orar, levando consigo os discípulos, ainda que estes adormecessem (Lucas 22:39-46, no Getsêmani).

“Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.” (Atos 16:25)

Os discípulos estavam reunidos, partindo o pão e ouvindo a Palavra até a madrugada. (Atos 20:7-11)

No Getsêmani, Jesus encontra os discípulos dormindo e os exorta: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação.” (Mateus 26:40-41). Isso mostra que a prática da oração na madrugada fazia parte da vigilância espiritual.

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A Santa Ceia é mais que um rito, é uma proclamação de fé.


Vladimir Chaves

Muitos enxergam a Santa Ceia como um momento litúrgico formal, repetido mensalmente nas igrejas, como uma tradição mecânica. Contudo, a profundidade espiritual desse ato vai muito além de um ritual religioso: ela é, em si, uma pregação silenciosa, um lembrete visível do maior ato de amor já revelado, o sacrifício de Cristo na cruz.

Quando Jesus disse: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22:19), não estava apenas instituindo uma prática comunitária, mas nos chamando a viver constantemente conectados à sua obra redentora. Cada pedaço de pão partido e cada cálice levantado são símbolos que nos diz: a salvação custou um preço, e esse preço foi o sangue do Filho de Deus.

Participar da Ceia não deve ser um gesto automático. É um ato de consciência. É examinar o próprio coração, como Paulo orienta em 1 Coríntios 11:28, e reconhecer que somos pecadores alcançados pela graça.

A Santa Ceia nos reconecta ao corpo, não apenas ao corpo partido de Cristo, mas também ao corpo vivo que é a Igreja. Ao comer do mesmo pão e beber do mesmo cálice, declaramos que pertencemos uns aos outros, que fazemos parte de uma família espiritual unida não por interesses humanos, mas pelo sangue do Cordeiro. Negligenciar isso é reduzir a Ceia a uma experiência individualista, quando ela é, por essência, comunitária.

É importante lembrar também que a Ceia não é um momento para sermões de correção direcionados a irmãos específicos, mas um momento de comunhão em Cristo. O apóstolo Paulo ensina: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice” (1 Co 11:28). Ou seja, a avaliação é pessoal e diante de Deus, e não um espaço para expor ou constranger alguém publicamente. Na Ceia, Cristo deve ser o centro, e não as falhas humanas.

Por fim, ao participar dela, cada cristão está declarando, de forma pública e silenciosa: “Jesus é o centro da minha vida”. É uma confissão de fé que vai além das palavras, porque envolve memória, gratidão e compromisso. Não é apenas olhar para trás e recordar o sacrifício, mas olhar para dentro e ser transformado, e olhar para frente com a esperança da glória vindoura.

A Santa Ceia, portanto, não é um detalhe do culto. É o coração pulsante da fé cristã, onde o amor da cruz se torna presente em símbolos simples, mas eternos.

 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

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Espírito Santo, conselheiro e guia para verdade.


Vladimir Chaves

O Espírito Santo não nos foi enviado para nos esmagar com culpa, e sim para nos conduzir à verdade e à vida. Sua presença não é a de um acusador, mas a de um Consolador que aponta o caminho certo quando estamos prestes a nos perder.

O livro de Provérbios nos exorta: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento” (Pv 3:5). É exatamente nessa dimensão que o Espírito Santo age, lembrando-nos de que não podemos caminhar sozinhos, baseados apenas em nossa lógica ou conveniência humana. Ele nos direciona para o coração de Deus.

Jesus disse: “Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá; mas se eu for, eu vo-lo enviarei” (Jo 16:7). O Espírito Santo veio para revelar o pecado, a justiça e o juízo (Jo 16:8-11). Sua missão não é nos acusar como Satanás faz, mas abrir nossos corações para o discernimento que agrada ou não a Deus.

Quando insistimos em caminhar fora da vontade do Senhor, o Espírito nos inquieta, porque a paz que excede todo entendimento (Fp 4:7) desaparece. Essa inquietação é sinal de cuidado, não de condenação. É a voz suave de Deus dizendo: “Você não está no caminho certo”.

E mais: quando persistimos em escolhas erradas, o Espírito se entristece (2Co 7:10-11). Não porque deseja nos punir, mas porque quer nos levar ao arrependimento que produz vida. A tristeza segundo Deus não é destrutiva, mas restauradora. Ela nos mostra que ainda há tempo de voltar, de se alinhar à vontade do Pai.

Portanto, o Espírito Santo não é o carrasco da nossa consciência, mas o Conselheiro fiel. Ele nos corrige, não para nos afastar, mas para nos trazer de volta ao caminho da vida. Negligenciar sua voz é arriscar viver sem direção; obedecê-la é experimentar a verdadeira liberdade em Cristo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

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Muita oração, muito poder; Pouca oração, pouco poder


Vladimir Chaves


Neemias orou quatro meses antes de iniciar a reconstrução dos muros de Jerusalém, e quando chegou a hora de agir, em apenas cinquenta e dois dias a obra estava concluída. Esse detalhe da história bíblica nos ensina uma verdade que atravessa gerações: oração não substitui trabalho, mas sem oração o trabalho se torna frágil, vulnerável e facilmente frustrado. Neemias não foi apenas um bom administrador ou um líder habilidoso; ele foi um homem que compreendeu que a força para enfrentar resistências humanas e espirituais nasce de um coração que persevera diante de Deus.

O contraste é claro: quem muito ora, muito poder recebe; quem pouco ora, pouco pode realizar. Não se trata de um poder mágico, mas de uma vida alinhada com o Criador, onde a oração molda intenções, dá discernimento, abre portas e fortalece o ânimo quando tudo parece conspirar contra. A oração não é perda de tempo, é preparação para o tempo certo. Foi ajoelhado diante de Deus que Neemias encontrou autoridade para se levantar diante dos homens.

Infelizmente, nossa geração tende a subestimar o poder da oração. Vivemos apressados, ansiosos por resultados imediatos, confiando mais em estratégias humanas do que em joelhos dobrados. Esquecemos que sem oração até o talento mais brilhante se torna estéreo, e até os planos mais bem elaborados se desmoronam. A oração é a respiração da alma; negligenciá-la é sufocar lentamente a vida espiritual.

Quem ora pouco acaba enfrentando a vida com as próprias forças, e cedo ou tarde percebe o peso da impotência. Mas quem ora muito aprende a descansar no poder de Deus, experimentando vitórias que não poderiam ser conquistadas por mãos humanas. Neemias é prova viva disso: o que parecia impossível aos olhos do povo tornou-se realidade, porque antes de qualquer tijolo ser colocado, havia lágrimas e súplicas derramadas diante do Senhor.

Oração é poder, é direção, é sustento. Se quisermos ver muros reconstruídos, famílias restauradas, ministérios fortalecidos e vidas transformadas, precisamos redescobrir o altar. Não é apenas sobre falar com Deus, mas sobre depender d’Ele em tudo.

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Cristão que vota na esquerda não conhece o Evangelho de Cristo


Vladimir Chaves

É impossível conciliar o Evangelho de Cristo com o socialismo. O cristão que se declara socialista ou que apoia candidatos de esquerda negligencia a essência do verdadeiro Evangelho.

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” (Salmos 1:1)

À luz da Escritura e da história, o conflito entre os valores do Evangelho e os pilares do socialismo é real e profundo.

Não anda segundo o conselho dos ímpios: não adota valores e princípios de quem vive afastado de Deus.

Não se detém no caminho dos pecadores: não permanece em práticas que se opõem à vontade do Senhor.

Não se assenta na roda dos escarnecedores: não participa de ambientes e conversas que zombam da fé e da justiça de Deus.

A mensagem central de Cristo é clara: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 13:34). O cristianismo é fundamentado na reconciliação. O Evangelho não apaga as diferenças sociais, mas as transcende, colocando todos debaixo da mesma condição: pecadores necessitados da graça. Assim, patrão e empregado, rico e pobre, homem e mulher, encontram dignidade e valor não em sua posição social, mas em Cristo.

O socialismo

Já a mensagem central do socialismo é “odiai-vos uns aos outros”. Enquanto o Evangelho prega amor e reconciliação, a esquerda promove divisão e hostilidade. O patrão é tratado como inimigo do empregado; o rico, como opressor do pobre; a sociedade, como palco inevitável de guerra.

O Evangelho fala de reconciliação (2 Coríntios 5:18-19).

O socialismo fala de revolução.

O valor da vida

Outro ponto crucial é a defesa da vida. Enquanto a fé cristã afirma que a vida é sagrada desde a concepção (Salmo 139:13-16), a esquerda defende o aborto como “direito reprodutivo”. Não se trata apenas de divergência política, mas de um abismo ético e espiritual. Para o cristão, a vida é dom de Deus; para esquerda, pode ser tratada como descartável, subordinada a interesses do Estado ou de projetos sociais.

O perigo da sedução ideológica

Muitos cristãos, seduzidos por discursos de “justiça social”, acabam abraçando princípios incompatíveis com a fé. A Bíblia não é contra a justiça social; ao contrário, a exige. Mas a justiça bíblica nasce do amor ao próximo, da generosidade voluntária e da transformação do coração pelo Espírito Santo, e não da luta de classes.

O socialismo promete igualdade, mas historicamente produziu miséria e perseguição religiosa. Onde foi implantado, sufocou a liberdade de culto e tratou a fé cristã como inimiga. Isso não é acidente, mas consequência lógica de uma ideologia que rejeita a soberania de Deus.

O cristão deve vigiar e compreender que seu chamado é viver e anunciar o Evangelho, sem diluí-lo em ideologias que zombam de Cristo. A Igreja não foi chamada para ser instrumento de divisão entre irmãos, mas de transformação espiritual e moral.

O contraste:

O Evangelho: vida, reconciliação e amor.

O socialismo: morte, divisão e ódio.

Cabe a cada cristão discernir a quem está servindo: a Cristo e ao perdão da cruz, ou às ideologias do mundo que pregam divisão e rejeitam a fé.

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)

Jesus afirma que a verdadeira liberdade não está em tradições humanas ou em leis externas, mas em permanecer em sua Palavra. A verdade não é apenas um conceito, mas a própria pessoa de Cristo.

““O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.” (Oséias 4:6)

O profeta Oséias denunciava a decadência espiritual de Israel. O conhecimento aqui não é meramente intelectual, mas relacional: conhecer a Deus implica obedecer e praticar Sua Palavra. A falta desse conhecimento leva o povo ao pecado, à idolatria e ao afastamento da verdade.

Cristianismo e Comunismo: Água e Óleo

O Cristianismo é teocêntrico: reconhece Deus como Criador, Senhor e Salvador.

O Comunismo é materialista e ateu: parte do princípio de que Deus não existe (Karl Marx chamou a religião de “ópio do povo”).

O Cristianismo afirma que todo ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:27).

O Comunismo reduz o ser humano a um agente econômico e social, sem transcendência espiritual.

Jornalista Vladimir Chaves – Ex-comunista transformado pelo poder de Deus.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Coríntios 5:17)

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