Há três semanas, Veja
revelou que o ex-diretor da Petrobras havia dado às autoridades o nome de mais
de trinta políticos beneficiários do esquema de corrupção. A lista, àquela
altura, já incluía algumas das mais altas autoridades do país e integrantes dos
partidos da base de apoio do governo do PT. Ficou delineada a existência de um
propinoduto cujo objetivo, ao fim e ao cabo, era manter firme a adesão dos
partidos de sustentação ao governo. O esquema foi logo apelidado de “petrolão”,
o irmão mais robusto mas menos conhecido do mensalão, dessa vez financiado por
propinas cobradas de empresas com negócios com a Petrobras. À medida que
avançava nos depoimentos, Paulo Roberto ia dando mais detalhes sobre o
funcionamento do esquema e as utilidades diversas do dinheiro que dele jorrava.
Era tudo tão bizarro, audacioso, inescrupuloso e surpreendente mesmo para os
padrões da corrupção no mundo oficial brasileiro, que alguém comparou o esquema
a um “elefante-voador” — algo pesadamente inacreditável, mas cuja silhueta
estava lá bem visível nos céus de Brasília.
A reportagem de Veja
estampada na capa da edição de 10 de setembro passado revelou a mais nítida
imagem do bicho. Ninguém contestou as informações. Agora, surge mais um
“elefante-voador” originário do mesmo ninho do anterior. Paulo Roberto Costa
contou às autoridades que, em 2010, foi procurado por Antonio Palocci, então
coordenador da campanha da presidente Dilma Rousseff. O ex-diretor relatou ter
recebido o pedido de pelo 2 milhões de reais para a campanha presidencial do
PT. A conversa, segundo o ele, se deu antes do primeiro turno das eleições.
Antonio Palocci conhecia bem os meandros da estatal. Como ministro da Fazenda,
havia integrado seu conselho de administração. Era de casa, portanto, e como
tal tinha acesso aos principais dirigentes da companhia. Aos investigadores,
Paulo Roberto Costa contou que a contribuição que o ex-ministro pediu para a
campanha de Dilma sairia da “cota do PP” na Petrobras.
Quando as autoridades
quiseram saber se o dinheiro chegou ao caixa de campanha de Dilma em 2010,
Paulo Roberto limitou-se a dizer que acionou o doleiro Youssef para
providenciar a “ajuda”. Pelo trecho da delação a que Veja teve acesso, Paulo
Roberto Costa diz não poder ter certeza de que Youssef deu o dinheiro pedido
pela campanha de Dilma, mas que “aparentemente” isso ocorreu, pois Antônio
Palocci não voltou a procurá-lo.
Congresso em Foco.