Cristo, ao pregar em
Cafarnaum, nos ensina uma das lições mais profundas sobre a verdadeira família
espiritual.
“Chegaram, então, sua mãe e
seus irmãos; e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo. E a multidão
estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos
te procuram e estão lá fora. Ele, porém, lhes respondeu, dizendo: Quem é minha
mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto
dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a
vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe” (Marcos
3:31-35).
Neste episódio, Jesus não
despreza sua mãe ou seus parentes, mas revela uma verdade espiritual maior: os
laços sanguíneos não são absolutos diante da eternidade. Ele estabelece um
princípio: a verdadeira família é formada por aqueles que fazem a vontade do
Pai. Ou seja, o vínculo mais profundo e duradouro não é o da carne, mas o do
Espírito.
Em outras palavras, Cristo
mostra que a espiritualidade está acima das tradições e estruturas familiares. “Se
meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá” (Salmo 27:10).
Essa verdade aponta que o cuidado de Deus e a comunhão dos que creem
ultrapassam os limites da genealogia terrena.
Jesus não nega o valor da família natural. Ele mesmo cuidou de sua mãe até o último instante, entregando-a aos cuidados de João (João 19:26-27). No entanto, Ele amplia o conceito de família, mostrando que há um chamado superior: a família da fé. Paulo reforça esse princípio ao escrever: “Assim, já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e membros da família de Deus” (Efésios 2:19).
Portanto, ser parte da
família de Cristo não depende do sobrenome, da herança ou do sangue humano, mas
da fé e da obediência. Como Ele mesmo afirmou: “Se alguém vem a mim e não
aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também
a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26). Esse
“aborrecer” não significa odiar, mas colocar Cristo em prioridade absoluta
sobre qualquer relação familiar terrena.
Assim, entendemos que nossa
maior identidade está em sermos filhos de Deus (João 1:12) e que nossa
verdadeira família são aqueles que buscam a salvação em Cristo. Os laços
terrenos são temporários, mas a comunhão dos santos é eterna. O cristão
encontra irmãos, irmãs, pais e filhos em cada coração que se rende à vontade de
Deus, porque todos fomos feitos um só corpo em Cristo (1 Coríntios 12:12-13).
No fim, o episódio em
Cafarnaum é alerta para que: mais do que preservar a herança humana, precisamos
assegurar nossa herança espiritual. Quem anda no caminho da salvação encontra
em Cristo não apenas um Senhor, mas também um irmão mais velho (Romanos 8:29),
que nos introduz na verdadeira família, a eterna, a celestial.
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