O dia em que Jesus redefiniu o conceito de família


Vladimir Chaves

Cristo, ao pregar em Cafarnaum, nos ensina uma das lições mais profundas sobre a verdadeira família espiritual.

“Chegaram, então, sua mãe e seus irmãos; e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo. E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram e estão lá fora. Ele, porém, lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe” (Marcos 3:31-35).

Neste episódio, Jesus não despreza sua mãe ou seus parentes, mas revela uma verdade espiritual maior: os laços sanguíneos não são absolutos diante da eternidade. Ele estabelece um princípio: a verdadeira família é formada por aqueles que fazem a vontade do Pai. Ou seja, o vínculo mais profundo e duradouro não é o da carne, mas o do Espírito.

Em outras palavras, Cristo mostra que a espiritualidade está acima das tradições e estruturas familiares. “Se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá” (Salmo 27:10). Essa verdade aponta que o cuidado de Deus e a comunhão dos que creem ultrapassam os limites da genealogia terrena.

Jesus não nega o valor da família natural. Ele mesmo cuidou de sua mãe até o último instante, entregando-a aos cuidados de João (João 19:26-27). No entanto, Ele amplia o conceito de família, mostrando que há um chamado superior: a família da fé. Paulo reforça esse princípio ao escrever: “Assim, já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e membros da família de Deus” (Efésios 2:19).

Portanto, ser parte da família de Cristo não depende do sobrenome, da herança ou do sangue humano, mas da fé e da obediência. Como Ele mesmo afirmou: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26). Esse “aborrecer” não significa odiar, mas colocar Cristo em prioridade absoluta sobre qualquer relação familiar terrena.

Assim, entendemos que nossa maior identidade está em sermos filhos de Deus (João 1:12) e que nossa verdadeira família são aqueles que buscam a salvação em Cristo. Os laços terrenos são temporários, mas a comunhão dos santos é eterna. O cristão encontra irmãos, irmãs, pais e filhos em cada coração que se rende à vontade de Deus, porque todos fomos feitos um só corpo em Cristo (1 Coríntios 12:12-13).

No fim, o episódio em Cafarnaum é alerta para que: mais do que preservar a herança humana, precisamos assegurar nossa herança espiritual. Quem anda no caminho da salvação encontra em Cristo não apenas um Senhor, mas também um irmão mais velho (Romanos 8:29), que nos introduz na verdadeira família, a eterna, a celestial.

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