O silêncio gelado da falta de amor


Vladimir Chaves


Paulo escreveu aos Romanos: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpre a lei” (Romanos 13:8). Ele não falava de finanças, mas daquilo que é impagável: o amor. Uma dívida eterna que não pode ser ignorada.

No entanto, muitos que se dizem cristãos falham justamente aqui. Vestem a capa da fé, levantam as mãos em louvor, citam versículos de cor, mas não se comovem diante da dor do próximo. Tornaram-se especialistas em liturgia, mas analfabetos em compaixão. Sabem falar de amor, mas não sabem praticá-lo.

A frieza espiritual tem crescido dentro das igrejas como uma sombra silenciosa. Não é a falta de doutrina que destrói, mas a indiferença travestida de religiosidade. Pessoas que se emocionam com cânticos, mas não se movem diante da miséria do irmão. Cristãos que discutem teologia com fervor, mas ignoram o choro do necessitado ao lado. Essa contradição é gritante, e Paulo já nos advertira: sem amor, não há cumprimento da lei.

É fácil levantar a voz contra os pecados visíveis do mundo; difícil é reconhecer que a maior falha de muitos que se dizem de Cristo está no silêncio gelado diante da dor alheia. Saiba: quando a dor do próximo não te incomoda, não é o próximo que está doente — é você. Pois um coração que não sente compaixão já se afastou de Deus.

A indiferença é um evangelho adulterado, o oposto da cruz. É possível estar na igreja e não estar em Cristo; é possível cantar sobre o amor sem jamais amar. É por isso que Paulo fala de uma dívida permanente: não existe cristianismo verdadeiro sem amor ativo.

Quem não se importa com a dor do próximo nega, na prática, o próprio Cristo, que se entregou por amor. O evangelho que não nos leva a amar não passa de religião vazia.

Portanto, examine-se. Se você consegue conviver com a dor do próximo sem ser movido a estender a mão, a orar, a socorrer, a chorar por ele, então não é o próximo quem precisa de ajuda urgente — é você. Pois a frieza do coração é sinal de morte espiritual, e somente quem retorna à fonte do amor, o próprio Deus, pode ser restaurado.

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