O abominável da desolação e os sinais dos dias atuais


Vladimir Chaves

Em Mateus 24:15, Jesus faz referência à profecia de Daniel sobre o “abominável da desolação” (Dn 9:27; 11:31; 12:11), uma das passagens mais misteriosas das Escrituras. Essa expressão aponta para um ato profano cometido em um lugar consagrado a Deus, simbolizando a corrupção da verdadeira adoração e a substituição da centralidade de Cristo por ídolos humanos. O altar, que representava o sacrifício perfeito de Jesus, seria profanado por algo que nega sua exclusividade como mediador entre Deus e os homens.

Historicamente, a profecia teve cumprimento parcial em 168 a.C., quando Antíoco Epifânio invadiu Jerusalém, saqueou o templo e colocou uma estátua de Zeus sobre o altar sagrado, sacrificando um porco, símbolo do desprezo à santidade divina. Porém, Jesus afirmou que tal “abominação” voltaria a ocorrer, indicando um cumprimento futuro e espiritual dessa profecia.

Ao dizer: “Quando, pois, virdes o abominável da desolação, de que falou o profeta Daniel, no lugar santo” (Mt 24:15; Mc 13:14), Cristo alertou para um tempo em que a rebelião contra Deus alcançaria novo auge. Em 70 d.C., o templo foi destruído pelos romanos, cumprindo parcialmente Suas palavras. No entanto, a profecia aponta para algo ainda maior: uma era de apostasia global, quando o homem se exaltará no lugar de Deus (2Ts 2:3-4).

Jesus descreveu também um período de grande tribulação, engano e sofrimento, precedendo sua volta (Mt 24:16-28). Falsos cristos e falsos profetas se multiplicariam, e o mundo mergulharia em uma crise espiritual e moral sem precedentes. Assim como Antíoco simbolizou a arrogância humana, o “abominável da desolação” retrata o espírito anticristão que hoje se manifesta de forma crescente, apagando a presença do verdadeiro Cristo até mesmo dentro das igrejas.

A advertência de Jesus permanece atual: a desolação começa quando o altar (símbolo da cruz e da adoração genuína) é substituído por cultos ao homem, ao poder ou à religião sem Cristo. Muitos púlpitos modernos refletem esse afastamento, onde pregadores se colocam acima de Deus e a mensagem da cruz é trocada por vaidade, soberba e prosperidade terrena.

O “abominável da desolação” não é apenas um evento passado ou futuro, mas um alerta espiritual presente. Ele nos lembra que o altar deve permanecer consagrado somente a Deus. Antes que o Rei volte em glória, o mundo ainda verá a rebelião humana atingir o auge, e apenas os firmados em Cristo permanecerão de pé no tempo da tribulação.

Um alerta para aqueles que trocam o culto de adoração a Deus por uma adoração a si mesmos; para os que tiram de Cristo a centralidade, a fim de se tornarem o centro.

“Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3:6)

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