Em Mateus 24:15,
Jesus faz referência à profecia de Daniel sobre o “abominável da desolação” (Dn
9:27; 11:31; 12:11), uma das passagens mais misteriosas das Escrituras.
Essa expressão aponta para um ato profano cometido em um lugar consagrado a
Deus, simbolizando a corrupção da verdadeira adoração e a substituição da
centralidade de Cristo por ídolos humanos. O altar, que representava o
sacrifício perfeito de Jesus, seria profanado por algo que nega sua
exclusividade como mediador entre Deus e os homens.
Historicamente, a profecia
teve cumprimento parcial em 168 a.C., quando Antíoco Epifânio invadiu
Jerusalém, saqueou o templo e colocou uma estátua de Zeus sobre o altar
sagrado, sacrificando um porco, símbolo do desprezo à santidade divina. Porém,
Jesus afirmou que tal “abominação” voltaria a ocorrer, indicando um cumprimento
futuro e espiritual dessa profecia.
Ao dizer: “Quando, pois,
virdes o abominável da desolação, de que falou o profeta Daniel, no lugar
santo” (Mt 24:15; Mc 13:14), Cristo alertou para um tempo em que a
rebelião contra Deus alcançaria novo auge. Em 70 d.C., o templo foi destruído
pelos romanos, cumprindo parcialmente Suas palavras. No entanto, a profecia
aponta para algo ainda maior: uma era de apostasia global, quando o homem se
exaltará no lugar de Deus (2Ts 2:3-4).
Jesus descreveu também um
período de grande tribulação, engano e sofrimento, precedendo sua volta (Mt
24:16-28). Falsos cristos e falsos profetas se multiplicariam, e o mundo
mergulharia em uma crise espiritual e moral sem precedentes. Assim como Antíoco
simbolizou a arrogância humana, o “abominável da desolação” retrata o espírito
anticristão que hoje se manifesta de forma crescente, apagando a presença do
verdadeiro Cristo até mesmo dentro das igrejas.
A advertência de Jesus
permanece atual: a desolação começa quando o altar (símbolo da cruz e da
adoração genuína) é substituído por cultos ao homem, ao poder ou à religião sem
Cristo. Muitos púlpitos modernos refletem esse afastamento, onde pregadores se
colocam acima de Deus e a mensagem da cruz é trocada por vaidade, soberba e
prosperidade terrena.
O “abominável da desolação”
não é apenas um evento passado ou futuro, mas um alerta espiritual presente.
Ele nos lembra que o altar deve permanecer consagrado somente a Deus. Antes que
o Rei volte em glória, o mundo ainda verá a rebelião humana atingir o auge, e
apenas os firmados em Cristo permanecerão de pé no tempo da tribulação.
Um alerta para aqueles que
trocam o culto de adoração a Deus por uma adoração a si mesmos; para os que
tiram de Cristo a centralidade, a fim de se tornarem o centro.
“Aquele que tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3:6)
0 comentários:
Postar um comentário
Conteúdo é ideal para leitores cristãos interessados em doutrina, ética ministerial e fidelidade bíblica.