Corpo: do barro a maravilhosa obra de Deus


Vladimir Chaves


Ao longo da história, o ser humano tenta compreender a si mesmo pela razão e pela ciência. Contudo, mesmo com todo o conhecimento adquirido, permanece incapaz de entender plenamente sua própria natureza. A razão sozinha não explica o mistério da vida. Somente pela fé e pela revelação das Escrituras é possível compreender que fomos criados por Deus, de forma completa (corpo, alma e espírito) para refletir a imagem de Cristo.

Deus, em sua sabedoria, formou o homem do pó da terra (Gn 2.7). De algo simples, criou o complexo; de matéria inerte, fez brotar vida. Cada detalhe do corpo humano revela o poder do Criador, que continua a formar cada vida no ventre materno (Sl 139.13-15; Jr 1.5). Por isso, a vida é sagrada desde a concepção e deve ser tratada com reverência.

Contemplar a criação é reconhecer a grandeza divina. A harmonia do universo testemunha que crer em um Criador é mais racional do que acreditar nas narrativas do homem.

Deus não criou o homem por necessidade, mas por amor. Negar essa origem é esvaziar o sentido da existência e afastar-se da fonte da vida.

O corpo é para glória de Deus

O corpo humano é uma expressão da glória de Deus. O salmista declarou: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado” (Sl 139.14). Quando o homem reconhece que é obra das mãos de Deus, encontra paz e propósito; quando rejeita essa verdade, mergulha na confusão e na idolatria (Rm 1.18-32).

A história revela dois extremos: há quem despreze o corpo e há quem o idolatre. O cristão, porém, é chamado ao equilíbrio: cuidar do corpo sem transformá-lo em centro da vida. Ele deve ser instrumento de adoração: “Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31).

O corpo, feito do pó, só tem valor porque Deus nele soprou o fôlego de vida. É esse sopro que nos dá existência e propósito. Sem Ele, somos apenas matéria. Toda força, dom e habilidade procedem de Deus, e Nele está o verdadeiro valor do ser humano.

O corpo e a comunhão

Criado à imagem de Deus, o ser humano foi feito para viver em comunhão. Desde o princípio, Deus instituiu a convivência e a família (Gn 1.28). A solidão não faz parte do plano divino. Mesmo em tempos de tecnologia e comunicação virtual, nada substitui o contato humano, o abraço, o olhar e o serviço mútuo.

A fé verdadeira se manifesta por meio de ações concretas e relacionamentos reais (Tg 2.14-18). Da mesma forma, o corpo físico participa ativamente da vida da Igreja. O cristão é chamado à comunhão e à presença, porque o culto envolve corpo, alma e espírito: mãos que se levantam, vozes que louvam, corações que se rendem.

Embora os meios digitais possam “auxiliar” na adoração, o excesso de dependência deles pode esfriar o coração e distrair a mente. Deus deseja ser adorado com todo o nosso ser, corpo, alma e espírito (Rm 12.1).

Adorar ao Senhor é oferecer-lhe tudo o que somos. Quando o corpo é consagrado, a alma é rendida e o espírito é vivificado, o homem reencontra sua verdadeira identidade.

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