A progressão do mal no coração humano conforme a Bíblia


Vladimir Chaves

A Bíblia usa palavras diferentes para descrever o mal, e isso não é por acaso. Pecado, transgressão e iniquidade não são exatamente a mesma coisa. Cada termo revela um nível mais profundo da condição do coração humano diante de Deus.

Pecado

O pecado é o ponto de partida. A palavra bíblica traz a ideia de errar o alvo, como alguém que tenta acertar, mas falha.

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23)

O pecado pode acontecer por fraqueza, falta de conhecimento ou descuido espiritual. Davi, por exemplo, pecou ao desejar Bate-Seba. Ele falhou, errou o caminho que Deus havia estabelecido.

O pecado mostra nossa necessidade de arrependimento e da graça de Deus.

Transgressão

A transgressão acontece quando a pessoa sabe o que é certo, conhece o mandamento, mas decide ultrapassar o limite.

“Onde não há lei, também não há transgressão” (Romanos 4:15)

Adão e Eva transgrediram. Eles conheciam a ordem de Deus, mas escolheram desobedecer conscientemente.

A transgressão revela rebeldia e escolha deliberada contra a vontade divina.

Iniquidade

A iniquidade é mais profunda. Não se trata apenas de um ato, mas de um estado do coração. É quando o erro se torna prática constante, algo normalizado, aceito e até defendido.

“As vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus” (Isaías 59:2)

O povo de Israel, em vários momentos, caiu em iniquidade ao persistir na idolatria mesmo após repetidos alertas dos profetas.

A iniquidade endurece o coração e afasta a pessoa da sensibilidade espiritual.

“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa iniquidade” (Salmos 32:1–2)

Deus não ignora o pecado, mas oferece perdão. Ele não aprova a transgressão, mas chama ao arrependimento. E mesmo diante da iniquidade, a graça de Cristo ainda é suficiente para restaurar um coração quebrantado.

O perigo não está em cair, mas em permanecer caído sem arrependimento.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mateus 11:15)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

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Quando Deus exalta os que se humilham


Vladimir Chaves

“Humilhai-vos na presença do Senhor, e Ele vos exaltará.” (Tiago 4:10)

Tiago escreve essas palavras a cristãos que estavam enfrentando conflitos, disputas e um espírito de orgulho que enfraquecia a comunhão. Havia muita comparação, vaidade e desejo de se destacar. Por isso, o apóstolo não começa falando de bênçãos, mas de postura. Antes de qualquer mudança exterior, era necessário um ajuste interior diante de Deus.

Humilhar-se na presença do Senhor não é se rebaixar, nem viver com sentimento de inferioridade. É reconhecer que Deus ocupa o centro e que nós dependemos totalmente d’Ele. É admitir que, sem a graça divina, nossas forças, planos e méritos não sustentam a vida cristã. A humildade nasce quando entendemos quem Deus é e quem nós somos diante d’Ele.

Tiago deixa claro que essa atitude deve acontecer “na presença do Senhor”. Não se trata de uma humildade aparente para agradar pessoas, mas de um coração quebrantado diante de Deus. Ele vê intenções, motivações e pensamentos. Não há espaço para máscaras quando nos colocamos diante d’Ele em verdade.

A promessa é direta: “e Ele vos exaltará”. A exaltação não vem do esforço humano, nem da busca por reconhecimento. Ela vem de Deus, no tempo certo e da maneira certa. Muitas vezes, essa exaltação não é visível aos olhos do mundo, mas se manifesta em paz, maturidade espiritual, restauração e firmeza na fé.

Esse versículo nos ensina que o caminho do Reino de Deus é diferente do caminho do mundo. Enquanto o mundo incentiva a autopromoção, Deus honra o coração humilde. Quem se coloca aos pés do Senhor será levantado por Ele. Quem confia na própria força tropeça, mas quem se humilha diante de Deus experimenta a Sua graça.

Humilhar-se, portanto, não é perder valor, é encontrar o lugar certo. E, nesse lugar, Deus age, transforma e exalta para a sua glória.

sábado, 20 de dezembro de 2025

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“Seja anatema”: um alerta solene à luz da Bíblia


Vladimir Chaves

A expressão “seja anatema” aparece na Bíblia como um dos alertas mais sérios já registrados nas Escrituras. Ela não nasce do ódio, nem do desejo de ferir pessoas, mas do compromisso profundo com a verdade revelada por Deus.

Na linguagem bíblica, anatema significa algo ou alguém que foi separado, rejeitado ou colocado sob juízo espiritual por ter se afastado da vontade do Senhor. É como um limite claramente estabelecido por Deus: a verdade não pode ser ultrapassada.

O apóstolo Paulo declara com firmeza:

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos temos anunciado, seja anatema.” (Gálatas 1:8)

E ele reforça logo em seguida:

“Assim, como já dissemos, e agora repito: se alguém vos anuncia outro evangelho além do que recebestes, seja anatema.” (Gálatas 1:9)

Paulo ensina que o Evangelho não pode ser modificado para agradar pessoas, culturas ou épocas. A verdade de Deus não se adapta à conveniência humana. Alterá-la é romper com o próprio fundamento da fé cristã.

Esse alerta nos mostra que nem toda mensagem religiosa vem de Deus, mesmo quando parece bonita ou convincente. A própria Bíblia nos chama ao discernimento:

“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus.” (1 João 4:1)

Entretanto, é fundamental compreender algo importante: “seja anatema” não é uma licença para ódio ou perseguição. Trata-se de um juízo espiritual, não de vingança humana. A Escritura deixa claro que Deus não tem prazer na condenação:

“Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva.” (Ezequiel 33:11)

O problema, portanto, não está na pessoa em si, mas no erro mantido com persistência, mesmo após o confronto com a verdade. A disciplina espiritual tem como objetivo proteger a fé e chamar ao arrependimento.

Esse ensino nos conduz a uma reflexão pessoal e sincera:

“Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé.” (2 Coríntios 13:5)

“Seja anatema” nos lembra que a fé cristã não é construída sobre opiniões humanas, mas sobre a Palavra imutável de Deus. A verdade pode confrontar, corrigir e até ferir o orgulho, mas é ela que conduz à vida:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)

Que essa expressão não seja vista apenas como uma palavra dura, mas como um chamado solene à fidelidade, ao temor do Senhor e ao compromisso sincero com o verdadeiro Evangelho de Cristo.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

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Acepção de pessoas por causa de placas de igreja ou religião


Vladimir Chaves

A Palavra de Deus é clara ao afirmar que o Senhor não faz acepção de pessoas. Ainda assim, um dos grandes desafios do cristianismo ao longo da história tem sido o perigo de medir a fé das pessoas não pelo fruto do Espírito, mas pela placa que está na frente do templo que frequentam. Quando isso acontece, a essência do Evangelho é substituída por rótulos, disputas e divisões que não refletem o coração de Cristo.

A acepção de pessoas por causa de denominações ou religiões revela um problema mais profundo: a troca da centralidade de Cristo pela centralidade institucional. O apóstolo Paulo enfrentou esse problema já na igreja primitiva, quando alguns diziam: “Eu sou de Paulo”, “eu de Apolo” ou “eu de Cefas”. A resposta do apóstolo foi direta e confrontadora: “Acaso Cristo está dividido?” (1Co 1.12-13). A pergunta continua ecoando até hoje.

Tiago adverte com severidade contra qualquer forma de discriminação no meio do povo de Deus:

“Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tg 2.1).

Embora o contexto imediato trate de distinções sociais, o princípio é o mesmo: toda preferência humana que diminui o valor do outro fere a fé cristã. Quando alguém é julgado pela igreja que frequenta, e não pela sinceridade do seu coração diante de Deus, incorre-se no mesmo erro denunciado pelas Escrituras.

Jesus também confrontou esse espírito exclusivista. Ao ser questionado sobre quem verdadeiramente pertence ao Reino, Ele declarou:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai” (Mt 7.21).

Aqui, o critério não é o discurso, a tradição ou a filiação religiosa, mas a obediência genuína a Deus. A placa pode identificar um prédio; nunca foi capaz de definir um coração.

Em Atos dos Apóstolos, Pedro testemunha uma das mais profundas revelações sobre esse tema ao dizer:

“Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica a justiça” (At 10.34-35).

Essa declaração quebra qualquer tentativa de limitar a ação de Deus a uma estrutura, denominação ou rótulo religioso. O Senhor olha para o temor, a fé e a prática da justiça, não para o nome estampado em uma fachada.

Quando a igreja passa a valorizar mais a identidade denominacional do que a identidade em Cristo, corre-se o risco de repetir o erro dos fariseus, que conheciam a Lei, mas não reconheceram o autor da graça quando Ele esteve entre eles (Jo 5.39-40). O zelo pela instituição, quando não é equilibrado pelo amor e pela verdade, pode se transformar em soberba espiritual.

O apóstolo Paulo lembra que, em Cristo, as barreiras humanas são derrubadas:

“Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus” (Ef 2.19).

A família de Deus não é definida por placas, mas pelo novo nascimento. É nesse ponto que o Evangelho nos chama à maturidade espiritual: discernir que unidade não é uniformidade, e que fidelidade a Cristo é maior do que fidelidade a qualquer sistema humano.

Refletir sobre a acepção de pessoas por causa de placas de igreja ou religião é um convite ao exame pessoal. Estamos julgando como Deus julga? Ou estamos olhando apenas para aquilo que os olhos veem? O Senhor continua a sondar corações (1Sm 16.7), e a verdadeira fé sempre se revelará não no nome que carregamos, mas na vida que vivemos para a glória de Deus.

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35).

Essa é a marca que realmente importa.

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Teologias em moda e a perda da expectativa eterna


Vladimir Chaves

Em nome da relevância, muitos cristãos têm reduzido a fé a pautas ideológicas, sociais, políticas ou econômicas, enfrentadas apenas com estratégias humanas. O resultado é um cristianismo cada vez mais secularizado, que fala muito à sociedade, mas confronta pouco o pecado e quase não aponta para a eternidade. Quando a fé é retirada da arena espiritual, ela perde seu poder. E a Igreja, enfraquecida, passa a confundir influência pública com fidelidade ao Evangelho.

A chamada “teologia pública”, quando não nasce do arrependimento e da transformação espiritual, empobrece a missão da Igreja. Jesus não nos chamou apenas para discursos bem articulados, mas para uma fé viva, marcada pelos sinais que acompanham os que creem: libertação, ação sobrenatural de Deus, curas e esperança eterna. Quanto mais secularismo, menos dependência do poder do Espírito. E sem esse poder, a Igreja se torna apenas mais uma voz entre tantas outras.

Outro risco evidente é o de um cristianismo dominado por discursos, mas carente de prática. Em tempos de comunicação rápida e opiniões abundantes, surgem muitas vozes que se dizem cristãs, mas que desprezam a tradição bíblica e espiritual da Igreja, sem compreender seus fundamentos. Como pentecostais clássicos, precisamos permanecer atentos para não abraçar teologias modernas distantes da realidade do crente simples; aquele que vive a fé no bairro, na comunidade rural, no dia a dia da luta e da oração. O Evangelho que transforma continua sendo simples, completo e poderoso: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará.

Quando a expectativa da volta de Cristo é abandonada, a santificação perde valor. A esperança deixa de estar na eternidade e passa a se concentrar apenas no aqui e agora. Isso abre espaço para outras distorções, como a redução da fé à prosperidade material, ao bem-estar emocional ou ao engajamento cultural como fim em si mesmo. A história mostra que muitos desses ventos teológicos passam, deixando frustrações e um vazio espiritual profundo.

O apóstolo Paulo foi firme ao confrontar uma fé sem esperança escatológica. Para ele, se tudo se resume a esta vida, então a fé perde seu sentido mais profundo. Por isso, precisamos ter cuidado com visões que colocam a redenção dos sistemas humanos acima da salvação dos pecadores. A missão central da Igreja nunca foi reformar o mundo por meios políticos ou culturais, mas anunciar o arrependimento e a conversão, para que os pecados sejam apagados.

Diante de tudo isso, o chamado permanece atual e urgente: conservar a fé bíblica, espiritual e cheia de esperança. Um cristianismo que não se rende às modas teológicas, que não troca o poder de Deus por estratégias humanas e que vive à luz da eternidade. Só assim a Igreja continuará sendo sal da terra, luz do mundo e testemunha fiel de que Cristo vive e voltará.

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Mateus 7:6 e o princípio do discernimento cristão


Vladimir Chaves


“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.” (Mateus 7:6)

As palavras de Jesus em Mateus 7:6 soam fortes, mas carregam um ensino profundamente necessário para a vida cristã: o valor do discernimento espiritual. O Senhor não está ensinando desprezo pelas pessoas, nem autorizando arrogância espiritual. Ele está alertando seus discípulos sobre o cuidado com aquilo que Deus separou como santo.

No contexto bíblico, “o que é santo” e “as pérolas” representam as verdades do Reino de Deus, a Palavra revelada, os ensinamentos que exigem reverência, humildade e disposição para obedecer. São riquezas espirituais que não podem ser tratadas como algo comum ou banal.

Já as figuras dos “cães” e dos “porcos” eram conhecidas entre os judeus como símbolos de impureza e rejeição. Jesus usa essas imagens para falar de pessoas que, naquele momento, não têm disposição alguma para ouvir, respeitar ou acolher a verdade. Não se trata de quem ainda não conhece, mas de quem deliberadamente despreza, zomba ou ataca as coisas de Deus.

O alerta de Jesus é claro: quando o sagrado é oferecido a quem o despreza, ele é profanado, e quem o oferece acaba ferido. Isso acontece quando verdades profundas são lançadas em ambientes de escárnio, quando a fé é exposta a debates movidos apenas por provocação, ou quando insistimos em falar mesmo percebendo um coração endurecido.

Esse ensino não contradiz a missão de pregar o Evangelho a todos. Pelo contrário, ele a equilibra. O próprio Jesus ensinou que, se alguém não quiser ouvir, o discípulo deve seguir adiante (Mateus 10:14). Há momentos em que silenciar também é obediência, e esperar é sinal de maturidade espiritual.

Amar não significa insistir a qualquer custo. Muitas vezes, amar é respeitar o tempo do outro e confiar que Deus trabalha nos corações melhor do que nossas palavras. O Espírito Santo é quem convence; nós somos apenas instrumentos.

Assim, Mateus 7:6 nos ensina que o sagrado deve ser tratado com reverência, e que o cristão precisa aprender a discernir quando falar, como falar e para quem falar. Não por medo, mas por sabedoria. Não por dureza, mas por fidelidade.

Guardar as pérolas não é egoísmo espiritual; é reconhecer o valor daquilo que vem de Deus. E confiar que, no tempo certo, Ele mesmo abrirá corações para recebê-las com humildade e fé.

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O valor espiritual do silêncio diante da arrogância


Vladimir Chaves

O silêncio, à luz da Bíblia, não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria amadurecida. Em um mundo marcado por disputas de palavras, vaidades intelectuais e certezas absolutas, o sábio aprende que nem toda verdade precisa ser defendida em confronto, nem toda provocação exige resposta. “Até o tolo, quando se cala, é tido por sábio” (Provérbios 17:28), ensina a Escritura, revelando que o domínio da língua é uma das maiores expressões de prudência espiritual.

Bater de frente com quem se julga dono da verdade quase sempre resulta em contendas infrutíferas. A Bíblia adverte: “Evita questões tolas e discussões inúteis, pois sabes que produzem contendas” (2 Timóteo 2:23). O sábio discerne que há corações fechados, não por falta de argumentos, mas por soberba. Nesses casos, insistir não edifica, apenas desgasta a alma e enfraquece o testemunho cristão.

O silêncio, porém, não deve ser confundido com omissão covarde, mas entendido como escolha estratégica guiada pelo Espírito. Jesus, diante de falsas acusações, muitas vezes se calou (Mateus 27:12–14), não porque faltassem palavras, mas porque sabia que a verdade não se impõe à força, ela se revela no tempo certo. O silêncio de Cristo foi mais eloquente do que qualquer defesa apaixonada.

Nem todos merecem nossa atenção e paciência, não por desamor, mas por discernimento. O próprio Senhor advertiu: “Não deis aos cães o que é santo” (Mateus 7:6), ensinando que há momentos em que a indiferença piedosa protege o coração e preserva a fé. O sábio entende que sua energia espiritual deve ser investida onde há humildade para ouvir e disposição para aprender.

Assim, o silêncio e a indiferença, quando alinhados com a Palavra, tornam-se respostas sábias diante da arrogância e da insensatez. Não é o silêncio da fuga, mas o silêncio da confiança em Deus, que julga com justiça e conhece as intenções do coração. Falar menos, reagir menos e confiar mais é, muitas vezes, o idioma mais alto da verdadeira sabedoria bíblica.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

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Anunciar o evangelho por obediência, não por vantagem


Vladimir Chaves


“Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (1 Coríntios 9:16)

Nos dias de hoje, quando tudo parece girar em torno de visibilidade, curtidas, seguidores e reconhecimento, as palavras de 1 Coríntios 9:16 soam como um chamado à consciência. Nos lembra que anunciar o Evangelho não é palco, nem vitrine, nem meio de autopromoção. É missão. É responsabilidade. É obediência a Deus.

Quando o apostolo escreveu esse versículo ele deixou claro que não pregava para ser admirado, recompensado ou exaltado. Ele anunciava porque havia sido alcançado, transformado e chamado. O Evangelho não era uma opção em sua vida, mas uma imposição divina. Não no sentido de peso opressor, mas de compromisso santo. Para ele, silenciar seria desobedecer.

Essa palavra confronta a realidade atual, onde muitas vezes o Evangelho é tratado como produto, discurso conveniente ou ferramenta para interesses pessoais. Em contraste, Paulo nos ensina que a verdadeira motivação do cristão não deve ser o aplauso das pessoas, mas a fidelidade a Deus. O foco não está no mensageiro, mas na mensagem.

“Ai de mim se não anunciar o evangelho” revela urgência e temor. É a consciência de que o mundo precisa ouvir, de que vidas estão sedentas de esperança, de que a verdade não pode ser escondida. Hoje, anunciar o Evangelho continua sendo uma necessidade, não apenas no púlpito, mas na vida diária: nas atitudes, nas palavras, nas escolhas e no testemunho.

Esse texto nos chama a refletir: temos vivido o Evangelho como obrigação pesada ou como missão recebida com gratidão? Temos anunciado com amor e verdade ou apenas quando é confortável? Paulo nos convida a lembrar que quem foi alcançado pela graça não pode viver indiferente à missão.

Que, em tempos de distrações e superficialidade, possamos recuperar o senso de chamado. Anunciar o Evangelho não é sobre nós, é sobre Cristo. Não é sobre glória pessoal, é sobre obediência. E não é apenas um dever ministerial, mas um compromisso de todo aquele que foi verdadeiramente transformado.

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A Bíblia esquecida nos templos e o avanço silencioso da apostasia


Vladimir Chaves



Nos dias atuais, falar de apostasia não é apenas mencionar um afastamento declarado da fé, mas refletir sobre um silêncio perigoso: o silêncio da Bíblia dentro de muitas igrejas. Não é que as pessoas tenham parado de frequentar os templos; elas continuam indo. O problema é o que encontram quando chegam.

A Palavra de Deus, que deveria ser o centro do culto, em muitos lugares foi colocada de lado. Em seu lugar surgiram conjuntos musicais como atração principal, apresentações ensaiadas, encenações, shows de luzes e sons, e uma programação pensada mais para entreter do que para edificar. O culto, que deveria conduzir à reverência, passou a competir com o palco. O púlpito, que deveria ensinar, muitas vezes se torna apenas um espaço de discursos rápidos, sem confronto, sem profundidade e sem Bíblia aberta.

Isso não significa que a música seja errada. O louvor sempre fez parte da adoração. O problema começa quando o louvor substitui a Palavra, e não quando a acompanha. A música emociona, mas é a Escritura que transforma. Emoção passa; a verdade permanece. Uma igreja pode sair cheia de sentimentos e, ainda assim, vazia de entendimento.

Quando a Bíblia deixa de ser ensinada com clareza, o povo perde o referencial. Sem a Palavra, o pecado deixa de ser chamado pelo nome, o arrependimento se torna opcional e a santidade é vista como exagero. Aos poucos, a fé vai sendo moldada pelo gosto do público e não pela vontade de Deus. É assim que a apostasia se instala: não com portas fechadas, mas com Bíblias fechadas.

Vivemos uma geração que sabe cantar, mas não sabe discernir; que sabe repetir refrões, mas não conhece as Escrituras; que reconhece a voz do cantor, mas não distingue a voz do Pastor. Igrejas cheias de agenda, cheias de atividades, cheias de barulho e, ao mesmo tempo, carentes de ensino bíblico.

A Bíblia não foi feita para ser um acessório do culto. Ela é o fundamento. Quando a igreja troca a exposição da Palavra por distrações constantes, cria-se um cristianismo frágil, dependente de estímulos e incapaz de permanecer firme nos dias difíceis.

O chamado para os nossos dias é simples, embora exigente: voltar à Palavra. Abrir a Bíblia, ler, explicar, aplicar. Não para agradar, mas para confrontar; não para entreter, mas para transformar. Uma igreja pode sobreviver sem palco, sem show e sem aplausos, mas nunca sem a verdade das Escrituras.

Onde a Bíblia volta a ocupar o centro, a fé é fortalecida, o engano é desmascarado e a igreja cumpre novamente sua missão. Fora disso, o que resta é apenas uma reunião bonita, emocional e vazia de eternidade.

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O Espírito Santo e o relacionamento com Deus


Vladimir Chaves

A comunhão entre Deus e o ser humano começa em Deus. Não nasce de um esforço humano, nem de uma busca mística isolada, mas da iniciativa amorosa do próprio Espírito Santo. É Ele quem se aproxima, fala, convence e sustenta essa relação. Como afirma o apóstolo Paulo: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16). Essa testemunha interior não é confusa nem subjetiva; ela é clara, firme e segura, porque procede de Deus.

O Espírito de Deus se comunica com o espírito humano de maneira viva e relacional. Não se trata de uma experiência mística desconectada da verdade, nem de algo autônomo, guiado apenas por sentimentos. Pelo contrário, essa comunicação é profundamente bíblica. Deus fala pelo Seu Espírito, revelando Sua vontade, Seu caráter e Seus propósitos conforme as Escrituras. O Espírito Santo não contradiz a Palavra, mas a ilumina, tornando-a viva no coração do crente.

Por sua vez, o homem responde com um espírito sensível e regenerado. Somente um espírito transformado pela graça pode discernir as coisas de Deus, como ensina Paulo em 1 Coríntios 2:10-12. Essa resposta não é de resistência, mas de submissão; não é de confusão, mas de entendimento. O espírito humano, agora vivificado, aprende a ouvir, discernir e obedecer à voz de Deus revelada na Palavra.

Assim, a comunicação entre Deus e o homem é um relacionamento contínuo, sustentado pelo Espírito Santo. Deus fala, o Espírito confirma, e o coração regenerado responde em fé e obediência. É nessa dinâmica santa que o cristão cresce, amadurece e vive com a certeza de que é, de fato, filho de Deus.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

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A Palavra de Deus não foi dada apenas para ser ouvida


Vladimir Chaves


“E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1:22)

Tiago escreveu sua carta a cristãos que já conheciam a Palavra, frequentavam reuniões e ouviam ensinamentos com regularidade. Ainda assim, ele percebeu um perigo silencioso: pessoas que ouviam muito, mas praticavam pouco. Por isso, sua exortação é direta e pastoral; a fé não pode ficar apenas no campo do ouvir, ela precisa alcançar a vida prática.

Ouvir a Palavra é importante, necessário e bíblico. É por meio dela que conhecemos a vontade de Deus. Contudo, quando o ouvir não é acompanhado da obediência, nasce um autoengano. A pessoa passa a acreditar que está bem espiritualmente apenas porque conhece versículos, participa de cultos ou concorda com o ensino, mesmo que sua vida continue sem mudanças reais.

Tiago chama atenção para esse engano porque ele acontece dentro do próprio coração. Não é alguém de fora que engana o cristão; é o próprio cristão que se convence de que ouvir já basta. A Palavra, porém, não foi dada apenas para informar, mas para transformar. Ela confronta atitudes, corrige caminhos e chama à prática da justiça, do amor e da santidade.

Ser “cumpridor da palavra” significa permitir que aquilo que Deus diz molde decisões, relacionamentos e comportamentos. É viver o que se crê, mesmo quando isso exige renúncia, perdão, humildade ou mudança de postura. A obediência não é o meio de salvação, mas é a evidência de uma fé viva e sincera.

Nesse contexto, Tiago nos leva a uma reflexão honesta: o que temos feito com o que já sabemos? A fé verdadeira não se limita ao momento da escuta, ela continua no dia a dia. Quando a Palavra é ouvida e praticada, ela produz frutos visíveis e revela um coração que realmente pertence a Deus.

Assim, Tiago 1:22 nos lembra que o cristianismo não é apenas um discurso, mas um caminho vivido. A Palavra ouvida deve se tornar Palavra vivida; para a glória de Deus e para a transformação da nossa própria vida.

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Batismo com o espírito e dons espirituais: Fundamentos bíblicos


Vladimir Chaves

Na teologia cristã, a atuação do Espírito Santo na vida do crente pode ser compreendida sob diferentes aspectos. Entre eles, destacam-se a habilitação do Espírito e o batismo com o Espírito Santo. Embora relacionados, esses conceitos não são idênticos e cumprem funções distintas no propósito de Deus para a Igreja.

O batismo com o Espírito Santo está diretamente ligado à entrada do crente na vida cristã. Trata-se da ação soberana de Deus pela qual o Espírito é derramado sobre aquele que crê, selando sua união com Cristo e inserindo-o no Corpo de Cristo. As Escrituras mostram que, ao se arrepender e crer no evangelho, o cristão recebe o Espírito como selo da salvação e garantia da nova vida (Atos 2:38; 1 Coríntios 12:13). Esse batismo marca o início da caminhada cristã, produzindo uma vida transformada, orientada para a santidade, e uma consciência contínua da presença de Deus, visto que o corpo do crente se torna templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19-20).

Já a habilitação do Espírito refere-se à capacitação contínua que o Espírito Santo concede aos crentes para o serviço, o testemunho e a edificação da Igreja. Jesus prometeu que seus discípulos receberiam poder ao descer sobre eles o Espírito Santo, para que fossem suas testemunhas até os confins da terra (Atos 1:8). Essa habilitação se manifesta por meio dos dons espirituais, que são distribuídos conforme a vontade do Espírito, visando o bem comum e o cumprimento da missão da Igreja (1 Coríntios 12:4-11). Assim, profecia, ensino, cura, línguas e outros dons não são fins em si mesmos, mas instrumentos para a obra de Deus.

Uma diferença fundamental entre esses dois aspectos está no propósito. O batismo com o Espírito Santo está ligado à identidade cristã, à união com Cristo e à vida espiritual do crente. A habilitação do Espírito, por sua vez, está voltada para o serviço e a ministração, capacitando o cristão a agir de forma eficaz no Reino de Deus. Também há distinção quanto aos resultados: enquanto o batismo com o Espírito produz transformação interior, santidade e comunhão com Deus, a habilitação do Espírito se evidencia principalmente na operação dos dons e no poder para servir. Além disso, há uma diferença de tempo: o batismo com o Espírito ocorre, de modo geral, no momento da conversão ou logo após, enquanto a habilitação pode se manifestar em diferentes fases da vida cristã, conforme a necessidade e o chamado de Deus.

Em síntese, o batismo com o Espírito Santo e a habilitação do Espírito não devem ser vistos como experiências concorrentes, mas como realidades complementares. O Espírito Santo não apenas nos introduz na vida cristã, unindo-nos a Cristo, como também nos capacita continuamente para viver e servir de maneira frutífera. Reconhecer essa distinção ajuda o crente a compreender melhor sua identidade em Cristo e seu papel ativo na missão da Igreja, sempre dependente da ação viva e constante do Espírito Santo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

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O valor da bênção que não acrescenta dores


Vladimir Chaves



“A bênção do Senhor é que enriquece, e não acrescenta dores.” (Provérbios 10:22)

Muitos medem prosperidade pelo acúmulo de bens, posições e conquistas visíveis. No entanto, a Escritura nos conduz a uma compreensão diferente: nem toda riqueza é sinônimo de bênção, e nem todo ganho produz paz. Em Provérbios 10:22 Salomão, inspirado por Deus, nos ensina que a verdadeira prosperidade tem uma origem específica, ela procede do Senhor.

A bênção de Deus enriquece porque vem acompanhada de descanso interior. Diferente das riquezas obtidas à custa da consciência, da justiça ou da comunhão com Deus, aquilo que Ele concede não traz peso à alma. Não há culpa escondida, medo constante de perder ou inquietação permanente. Pelo contrário, há paz, equilíbrio e contentamento. Como o próprio livro de Provérbios afirma: “Melhor é o pouco com o temor do Senhor do que um grande tesouro onde há inquietação” (Pv 15:16).

Isso nos ajuda a entender que a riqueza mencionada neste provérbio vai além do aspecto material. Ela envolve uma prosperidade integral: emocional, espiritual e, quando Deus assim permite, também financeira. É a harmonia entre o que se tem e o que se é. Por isso, Moisés advertiu o povo a lembrar que é o Senhor quem concede forças para adquirir riquezas (Dt 8:18), deixando claro que a dependência de Deus deve permanecer mesmo em tempos de abundância.

Há conquistas que, embora aparentem sucesso, vêm acompanhadas de dores: lares destruídos, relações quebradas, noites sem paz e um coração vazio. Mas o que vem das mãos do Senhor edifica. Sua bênção não rouba a paz, não escraviza o coração e não afasta o homem de Deus. Antes, fortalece a fé e gera gratidão sincera.

Esse provérbio nos convida a ajustar nossas prioridades. Mais importante do que correr atrás de resultados é buscar o favor de Deus. Jesus confirmou esse princípio ao ensinar: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Quando Deus é o centro, a provisão chega no tempo certo e com propósito.

Assim, a verdadeira riqueza não é medida apenas pelo quanto se possui, mas pela paz que se desfruta. A bênção do Senhor permite que o coração descanse, que a consciência permaneça limpa e que a vida glorifique a Deus. Esse é o enriquecer que não acrescenta dores, o enriquecer que vem do alto.

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Quando o Espírito desperta a nossa consciência


Vladimir Chaves

A Palavra de Deus nos conduz a compreender uma verdade profunda e transformadora: existe uma comunhão real e viva entre o espírito humano e o Espírito de Deus. Essa comunhão não é apenas doutrinária, mas experiencial. À luz das Escrituras e da vivência pentecostal, percebemos como o Espírito Santo atua de forma amorosa e contínua, despertando a consciência, gerando fé, renovando a mente e guiando o crente em sua caminhada diária.

Tudo começa na consciência. O Espírito Santo desperta o ser humano para a realidade do pecado e para a necessidade urgente do perdão. Jesus ensinou que essa é uma das primeiras obras do Espírito: convencer do pecado, da justiça e do juízo. Esse convencimento não visa condenar, mas conduzir ao arrependimento e à reconciliação com Deus. Ao mesmo tempo, o Espírito remove a incredulidade do coração e produz fé por meio da Palavra. Assim, aquilo que antes parecia distante ou incompreensível passa a ser crido com o coração e confessado com a boca.

Nesse processo, ocorre a regeneração; o novo nascimento. O espírito humano, antes separado de Deus, é vivificado. Surge o “novo homem”, agora espiritual, com uma mente renovada e sensível à direção divina. A partir daí, torna-se claro por que o homem natural não consegue compreender as coisas espirituais: sem a ação do Espírito, elas parecem loucura. Somente o Espírito de Deus pode revelar as verdades que procedem de Deus.

A regeneração, porém, não é o fim, mas o começo de uma nova jornada. O Espírito Santo assume também um papel pedagógico em nossa vida. Ele nos ensina, nos lembra das palavras de Jesus e nos conduz ao conhecimento das dádivas que Deus nos concede gratuitamente. Por isso, o cristão não pode se acomodar a uma mentalidade moldada pelos padrões deste mundo. Filosofias, ideologias e “novas” teologias tentam influenciar a mente, mas o Espírito nos chama a discernir e a permanecer firmes na verdade.

Essa caminhada exige uma mente continuamente renovada. Viver segundo a vontade de Deus implica consagração, entrega total e comunhão constante com o Espírito Santo. A oração e a leitura das Escrituras tornam-se práticas essenciais, pois nelas encontramos direção, sabedoria e luz para cada área da vida. Não há decisão, desafio ou caminho em que o Espírito não possa nos orientar com segurança.

Quando paramos para ouvir o Espírito, Ele fala ao nosso íntimo. Sua voz traz clareza em meio às dúvidas, paz em tempos de conflito e entendimento para decisões difíceis. Ele ilumina os “olhos do coração”, isto é, o nosso homem interior, capacitando-nos a enxergar além do visível e a compreender as realidades eternas. Assim, passamos a viver conscientes da esperança da vocação que recebemos e das riquezas da herança que Deus preparou para os santos.

Ouvir o Espírito é caminhar na luz. É permitir que Ele forme em nós uma fé viva, uma mente renovada e um coração sensível à vontade de Deus; para esta vida e para a eternidade.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

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Deus não ignora o clamor do oprimido


Vladimir Chaves



“O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de angústia.” (Salmo 9:9)

O versículo nasce de um contexto de lutas reais, perseguições e ameaças, não de uma fé ingênua ou distante da dor. É a declaração de quem experimentou o socorro divino em meio à aflição.

Quando o salmista chama o Senhor de “alto refúgio”, ele aponta para uma segurança que está acima do alcance do opressor. Não é um esconderijo frágil, mas uma fortaleza firme, elevada, onde o injustiçado encontra proteção verdadeira. Enquanto os recursos humanos falham e as portas se fecham, Deus permanece como abrigo seguro.

O texto também deixa claro que esse refúgio é para o “oprimido”. Deus não se coloca ao lado da injustiça nem se mantém neutro diante da dor. Ele se inclina para ouvir quem foi ferido, esquecido ou esmagado pelas circunstâncias. O Senhor vê aquilo que muitos ignoram e age no tempo certo.

Nas “horas de angústia”, quando o coração está apertado e a esperança parece pequena, Deus não se ausenta. Pelo contrário, é nesse momento que sua presença se torna ainda mais evidente. O salmo não promete ausência de sofrimento, mas garante companhia, cuidado e proteção em meio a ele.

Salmo 9:9 nos ensina que confiar em Deus não é negar a dor, mas encontrar descanso mesmo quando ela existe. O Senhor continua sendo refúgio hoje como foi no passado. Para quem sofre, essa palavra é um convite à fé: há um lugar seguro acima da injustiça, e esse lugar é o próprio Deus.

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Jesus Cristo, o Senhor de todos


Vladimir Chaves

Quando Pedro declarou que Deus enviou “o evangelho da paz por meio de Jesus Cristo, que é Senhor de todos”, ele estava atravessando uma fronteira que, por séculos, parecia intransponível. Não era apenas a porta da casa de um gentio que se abria, mas a compreensão de que o agir de Deus não se limita a povos, rótulos ou tradições humanas.

Até aquele momento, muitos criam que a salvação era um privilégio restrito a Israel. No entanto, diante de Cornélio e de sua família, Pedro entende que o coração do evangelho é maior do que qualquer divisão religiosa ou cultural. Deus toma a iniciativa, envia sua Palavra e oferece paz; não uma paz superficial, mas a reconciliação do ser humano com o próprio Criador.

Essa paz só é possível por meio de Jesus Cristo. Não vem das obras, da posição social ou da origem, mas da obra perfeita da cruz. Em Cristo, o inimigo é vencido, o pecado é perdoado e a separação entre Deus e o homem é desfeita. É por isso que Pedro afirma com clareza: Jesus é o Senhor de todos.

Essa declaração muda tudo. Se Ele é Senhor de todos, então ninguém está excluído do chamado, e ninguém está acima da necessidade de arrependimento. Judeus e gentios, religiosos e improváveis, todos estão no mesmo nível diante da graça. A fé cristã deixa de ser um território fechado e se revela como uma mensagem viva, acessível e transformadora.

Atos 10:36 nos convida a revisar nossos próprios limites. Quantas vezes ainda tentamos definir quem pode ou não receber a graça de Deus? O evangelho da paz nos chama a enxergar como Deus enxerga e a anunciar como Ele anunciou: com verdade, amor e sem acepção de pessoas.

Reconhecer Jesus como Senhor de todos não é apenas uma afirmação teológica, mas um compromisso de vida. É viver submetido à sua autoridade e disposto a levar essa paz a todos que cruzarem o nosso caminho.

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Dia da Bíblia: Celebrando a luz da Palavra de Deus


Vladimir Chaves


Neste Dia da Bíblia, celebrado no segundo domingo do mês de dezembro, lembramos e honramos o presente mais precioso que Deus nos concedeu: a sua Palavra. Ela não é apenas um livro antigo, mas uma voz viva que continua falando ao coração de cada geração. Como declara o salmista, “A tua Palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Salmos 119:105). Em meio às incertezas da vida, a Bíblia nos orienta, traz clareza às decisões e nos ajuda a caminhar com segurança.

A Palavra de Deus ilumina porque revela a verdade. Ela nos mostra quem Deus é, quem nós somos e qual caminho devemos seguir. Quando tudo parece escuro, quando as dúvidas surgem e as forças diminuem, a Escritura acende a luz da esperança, apontando direção e propósito.

O apóstolo Paulo nos lembra que “toda a Escritura é divinamente inspirada” (2 Timóteo 3:16). Isso significa que cada ensinamento, cada conselho e cada correção têm origem no próprio Deus. A Bíblia nos ensina, nos confronta quando erramos, nos corrige com amor e nos instrui para vivermos de maneira justa. Ela não apenas informa, mas transforma.

Ao celebrarmos este dia especial, somos convidados a valorizar a leitura da Bíblia, meditar em seus ensinamentos e colocá-los em prática. Que a Palavra continue sendo nossa luz diária, formando em nós um caráter aprovado por Deus e nos preparando para toda boa obra.

Que neste Dia da Bíblia, comemorado no segundo domingo de dezembro, renovemos o compromisso de caminhar guiados pela luz da Palavra, certos de que quem anda com ela jamais estará perdido.

domingo, 14 de dezembro de 2025

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O antídoto bíblico contra o medo


Vladimir Chaves


“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, de amor e de moderação.” (2 Timóteo 1:7)

Medo do futuro, medo da injustiça, medo de perder, medo de falar, medo de permanecer firme. Esse cenário não é novo. Timóteo também enfrentava tempos difíceis, pressões externas e inseguranças internas. Por isso, Paulo o lembra de uma verdade essencial: o que vem de Deus nunca paralisa, nunca enfraquece e nunca escraviza o coração.

Deus não colocou em nós um espírito de medo. O temor que nos faz recuar, silenciar e desistir não tem origem divina. Quando o medo governa nossas decisões, deixamos de viver o propósito para o qual fomos chamados. O Senhor não nos chamou para sobreviver acuados, mas para caminhar confiantes, mesmo em meio às lutas.

Em lugar do medo, Deus nos concede fortaleza. É uma força que não depende das circunstâncias, mas da presença do Espírito Santo em nós. Essa fortaleza nos sustenta quando tudo parece contrário e nos mantém firmes quando seria mais fácil desistir.

Junto com a fortaleza, Deus nos dá amor. O amor verdadeiro vence o medo, porque nos faz olhar além de nós mesmos. Quem ama, serve. Quem ama, permanece fiel. Quem ama, não se deixa dominar pelo ódio, pela amargura ou pela indiferença.

E Deus também nos concede moderação, uma mente equilibrada e sóbria. Em tempos de confusão, o Espírito nos ensina a agir com sabedoria, sem desespero e sem impulsividade. A moderação nos guarda de decisões precipitadas e nos conduz por caminhos de discernimento e paz.

2 Timóteo 1:7 é um lembrete poderoso para os nossos dias: não fomos criados para viver com medo, mas para viver com coragem, amor e equilíbrio. Quando confiamos nessa verdade, enfrentamos o presente com fé e caminhamos para o futuro com esperança, certos de que Deus está conosco em cada passo.

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Fidelidade ao Evangelho em dias de relativismo


Vladimir Chaves

“Àqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; àqueles a quem os retiverdes, são retidos.” (João 20:23)

Vivemos dias em que muitos falam em nome de Deus, mas nem todas anunciam o que Ele realmente disse. Ao declarar essas palavras em João 20:23, Jesus não entregou aos discípulos um poder humano de julgar consciências, mas uma missão espiritual: anunciar o Evangelho com fidelidade. O perdão não nasce da autoridade do homem, mas da graça de Deus revelada em Cristo.

João 20:23 nos lembra que o perdão dos pecados está diretamente ligado à resposta das pessoas à mensagem do Evangelho. Quando a Igreja proclama a verdade de Cristo e alguém crê, ela pode afirmar com segurança: há perdão, há reconciliação, há nova vida. Porém, quando essa mesma mensagem é rejeitada, não há como suavizar a realidade: o pecado permanece, não por falta de amor de Deus, mas por resistência do coração humano.

Nos dias atuais, esse texto nos chama à responsabilidade. Não fomos enviados para agradar pessoas, adaptar a mensagem ou negociar a verdade. Fomos enviados para anunciar o caminho da salvação, mesmo quando isso confronta, incomoda ou exige arrependimento. Reter pecados, nesse sentido, não é condenar com dureza, mas não mentir em nome de uma falsa misericórdia.

Ao mesmo tempo, João 20:23 nos livra do peso de tentar ocupar o lugar de Deus. Não somos juízes das almas, somos embaixadores da graça. Nossa missão não é decidir quem merece perdão, mas apontar para aquele que perdoa todo aquele que se arrepende e crê. Onde há arrependimento sincero, a Igreja deve anunciar esperança, restauração e vida nova.

Assim, este texto nos convida ao equilíbrio: verdade sem crueldade e graça sem engano. Em um tempo de relativismo espiritual e discursos vazios, a Igreja é chamada a permanecer firme, proclamando que há perdão em Cristo, e somente n’Ele. Quem recebe essa mensagem encontra liberdade; quem a rejeita, infelizmente, permanece preso.

Que, nos dias de hoje, sejamos fiéis ao chamado de Jesus: anunciar o Evangelho com coragem, amor e clareza, confiando que é Deus quem perdoa, transforma e salva.

 

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Zelo religioso ou obediência a Cristo?


Vladimir Chaves


“Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus” João 16:2

O alerta de Jesus em João 16:2 soa hoje mais atual do que nunca. A perseguição que Ele anunciou não se limita a prisões ou mortes físicas; muitas vezes, ela se manifesta de forma silenciosa, disfarçada de “zelo espiritual”, “defesa da fé” ou “tradição religiosa”.

Ainda vemos pessoas sendo excluídas, difamadas e atacadas simplesmente por permanecerem fiéis às Escrituras. Em nome de Deus, muitos levantam palavras duras, cancelam, julgam e ferem, acreditando sinceramente que estão fazendo a coisa certa. O problema não está na intenção declarada, mas na ausência de um verdadeiro conhecimento do Pai.

A religião sem Cristo continua sendo um terreno fértil para o engano. Quando a fé se apoia mais em sistemas, líderes, datas, rituais ou tradições do que na Palavra, o coração se endurece. Nesse ambiente, o amor é substituído pelo orgulho, o discernimento pela intolerância e a verdade pela conveniência. O erro passa a ser combatido com ódio, e não com luz.

O mais perigoso é que muitos não se veem como perseguidores; consideram-se defensores da verdade. Assim como no passado, rejeitam a correção, resistem ao confronto bíblico e se fecham para o arrependimento. A expulsão da “sinagoga”, nos dias de hoje, pode significar ser afastado de círculos religiosos, rotulado, ignorado ou atacado publicamente por simplesmente permanecer fiel ao Evangelho.

Por isso, o chamado de Deus para este tempo é o mesmo revelado em Ezequiel 44:23: aprender a discernir entre o santo e o profano. Nem tudo o que usa o nome de Deus vem de Deus. Nem todo discurso religioso carrega o Espírito de Cristo. Onde não há amor, verdade e humildade, Cristo não está sendo refletido.

Jesus não prometeu aplausos, mas fidelidade. Ele não nos chamou para agradar sistemas, e sim para obedecer à Sua voz. Permanecer na verdade pode custar aceitação, mas jamais custará a presença de Deus. Que, nos dias atuais, não sejamos movidos por um zelo cego, mas por um coração quebrantado, que conhece o Pai, ama o Filho e anda na direção do Espírito.

Porque, no fim, agradar a Deus será sempre mais importante do que ser aceito pelos homens. Estejamos atentos e firmes na Palavra, pois nem toda ação feita “em nome de Deus” vem de Deus. Onde há a prática da verdadeira fé, há amor, verdade e justiça; não perseguição.

Como cristãos, somos chamados a discernir entre o zelo religioso e a obediência genuína à vontade de Cristo.

sábado, 13 de dezembro de 2025

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O que te impede de orar, te impede de crescer


Vladimir Chaves

“Quando tiveres removido tudo o que te impede de orar, terás removido tudo o que te impede de progredir.” — J. C. Pilgrim

Há coisas em nossa vida que não percebemos de imediato, mas que, aos poucos, vão levantando barreiras silenciosas dentro de nós. Pequenas distrações, preocupações desnecessárias, mágoas acumuladas e sentimentos que nunca entregamos a Deus começam a ocupar o espaço que deveria ser da oração, da paz e da presença do Senhor.

Orar não é apenas falar com Deus; é alinhar o coração, ajustar a rota e abrir espaço para que Ele conduza nossos passos. Quando algo nos impede de orar, quase sempre também nos impede de avançar. A falta de oração revela um coração pesado, noites mal dormidas, irritações sem motivo, ansiedade e angústias que insistem em ficar.

Por isso, remover o que atrapalha a oração é também retirar o que bloqueia o progresso da alma. Quando deixamos de lado o excesso, o barulho, os pesos e até mesmo as ilusões, descobrimos que orar se torna mais simples… e viver também.

O verdadeiro progresso não começa em grandes conquistas, mas em pequenos alinhamentos internos: um coração limpo, uma mente em paz, um espírito sensível à voz de Deus.

E quando a oração volta ao centro, tudo volta ao lugar.

Orar abre caminhos.

Orar clareia a jornada.

Orar fortalece os passos.

No fim, o progresso que tanto buscamos começa naquele momento silencioso em que escolhemos nos aproximar de Deus sem barreiras.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

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