“Aparte-se da injustiça todo
aquele que professa o nome do Senhor.” (2 Timóteo 2:19)
Este versículo é um chamado
direto à coerência entre fé e prática. Paulo lembra que confessar o nome do
Senhor não é apenas uma declaração verbal, mas um compromisso visível com a
justiça, a verdade e a retidão. Não há espaço, à luz do Evangelho, para uma fé
que se acomoda à injustiça quando ela convém.
Quando observamos o cenário
político atual, causa perplexidade ver políticos que se apresentam como
cristãos, citam a Bíblia, frequentam igrejas e buscam o voto do povo de fé, mas
se opõem ao perdão e à revisão das penas impostas aos manifestantes do 8 de
janeiro, mesmo diante de punições claramente desproporcionais, seletivas e, em
muitos casos, desumanas. Essa postura revela uma contradição profunda entre o
discurso religioso e a prática moral.
A Bíblia é clara ao afirmar
que Deus ama a justiça e rejeita a opressão. O Senhor não se alegra com penas
absurdas, com condenações coletivas, nem com o sofrimento imposto sem o devido
equilíbrio entre lei, misericórdia e verdade. Defender punições injustas,
apenas para agradar ao sistema ou preservar conveniências políticas, é
alinhar-se à injustiça, exatamente o oposto do que o texto bíblico ensina.
Jesus foi firme contra o
pecado, mas igualmente firme contra a hipocrisia. Ele confrontou líderes
religiosos que usavam a fé como aparência, enquanto seus atos negavam o coração
da Lei, que é o amor, a justiça e a misericórdia. O cristão verdadeiro não se
cala diante do abuso, não relativiza a injustiça e não sacrifica pessoas no
altar do poder.
Portanto, à luz de 2
Timóteo 2:19, é legítimo e necessário questionar: como alguém pode
professar o nome do Senhor e, ao mesmo tempo, sustentar um sistema que pune de
forma exagerada, seletiva e vingativa? A fé cristã não pode ser instrumento de
propaganda, nem escudo para omissão moral.
Apartar-se da injustiça,
hoje, significa ter coragem de defender o que é justo, mesmo quando isso custa
popularidade, cargos ou alianças políticas. Significa lembrar que, acima de
qualquer ideologia ou interesse partidário, está o compromisso com Deus e com a
dignidade humana.
A fé que não confronta a
injustiça deixa de ser fé bíblica e se transforma apenas em retórica vazia.




