O valor espiritual do silêncio diante da arrogância


Vladimir Chaves

O silêncio, à luz da Bíblia, não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria amadurecida. Em um mundo marcado por disputas de palavras, vaidades intelectuais e certezas absolutas, o sábio aprende que nem toda verdade precisa ser defendida em confronto, nem toda provocação exige resposta. “Até o tolo, quando se cala, é tido por sábio” (Provérbios 17:28), ensina a Escritura, revelando que o domínio da língua é uma das maiores expressões de prudência espiritual.

Bater de frente com quem se julga dono da verdade quase sempre resulta em contendas infrutíferas. A Bíblia adverte: “Evita questões tolas e discussões inúteis, pois sabes que produzem contendas” (2 Timóteo 2:23). O sábio discerne que há corações fechados, não por falta de argumentos, mas por soberba. Nesses casos, insistir não edifica, apenas desgasta a alma e enfraquece o testemunho cristão.

O silêncio, porém, não deve ser confundido com omissão covarde, mas entendido como escolha estratégica guiada pelo Espírito. Jesus, diante de falsas acusações, muitas vezes se calou (Mateus 27:12–14), não porque faltassem palavras, mas porque sabia que a verdade não se impõe à força, ela se revela no tempo certo. O silêncio de Cristo foi mais eloquente do que qualquer defesa apaixonada.

Nem todos merecem nossa atenção e paciência, não por desamor, mas por discernimento. O próprio Senhor advertiu: “Não deis aos cães o que é santo” (Mateus 7:6), ensinando que há momentos em que a indiferença piedosa protege o coração e preserva a fé. O sábio entende que sua energia espiritual deve ser investida onde há humildade para ouvir e disposição para aprender.

Assim, o silêncio e a indiferença, quando alinhados com a Palavra, tornam-se respostas sábias diante da arrogância e da insensatez. Não é o silêncio da fuga, mas o silêncio da confiança em Deus, que julga com justiça e conhece as intenções do coração. Falar menos, reagir menos e confiar mais é, muitas vezes, o idioma mais alto da verdadeira sabedoria bíblica.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário

Anunciar o evangelho por obediência, não por vantagem


Vladimir Chaves


“Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (1 Coríntios 9:16)

Nos dias de hoje, quando tudo parece girar em torno de visibilidade, curtidas, seguidores e reconhecimento, as palavras de 1 Coríntios 9:16 soam como um chamado à consciência. Nos lembra que anunciar o Evangelho não é palco, nem vitrine, nem meio de autopromoção. É missão. É responsabilidade. É obediência a Deus.

Quando o apostolo escreveu esse versículo ele deixou claro que não pregava para ser admirado, recompensado ou exaltado. Ele anunciava porque havia sido alcançado, transformado e chamado. O Evangelho não era uma opção em sua vida, mas uma imposição divina. Não no sentido de peso opressor, mas de compromisso santo. Para ele, silenciar seria desobedecer.

Essa palavra confronta a realidade atual, onde muitas vezes o Evangelho é tratado como produto, discurso conveniente ou ferramenta para interesses pessoais. Em contraste, Paulo nos ensina que a verdadeira motivação do cristão não deve ser o aplauso das pessoas, mas a fidelidade a Deus. O foco não está no mensageiro, mas na mensagem.

“Ai de mim se não anunciar o evangelho” revela urgência e temor. É a consciência de que o mundo precisa ouvir, de que vidas estão sedentas de esperança, de que a verdade não pode ser escondida. Hoje, anunciar o Evangelho continua sendo uma necessidade, não apenas no púlpito, mas na vida diária: nas atitudes, nas palavras, nas escolhas e no testemunho.

Esse texto nos chama a refletir: temos vivido o Evangelho como obrigação pesada ou como missão recebida com gratidão? Temos anunciado com amor e verdade ou apenas quando é confortável? Paulo nos convida a lembrar que quem foi alcançado pela graça não pode viver indiferente à missão.

Que, em tempos de distrações e superficialidade, possamos recuperar o senso de chamado. Anunciar o Evangelho não é sobre nós, é sobre Cristo. Não é sobre glória pessoal, é sobre obediência. E não é apenas um dever ministerial, mas um compromisso de todo aquele que foi verdadeiramente transformado.

 Nenhum comentário

A Bíblia esquecida nos templos e o avanço silencioso da apostasia


Vladimir Chaves



Nos dias atuais, falar de apostasia não é apenas mencionar um afastamento declarado da fé, mas refletir sobre um silêncio perigoso: o silêncio da Bíblia dentro de muitas igrejas. Não é que as pessoas tenham parado de frequentar os templos; elas continuam indo. O problema é o que encontram quando chegam.

A Palavra de Deus, que deveria ser o centro do culto, em muitos lugares foi colocada de lado. Em seu lugar surgiram conjuntos musicais como atração principal, apresentações ensaiadas, encenações, shows de luzes e sons, e uma programação pensada mais para entreter do que para edificar. O culto, que deveria conduzir à reverência, passou a competir com o palco. O púlpito, que deveria ensinar, muitas vezes se torna apenas um espaço de discursos rápidos, sem confronto, sem profundidade e sem Bíblia aberta.

Isso não significa que a música seja errada. O louvor sempre fez parte da adoração. O problema começa quando o louvor substitui a Palavra, e não quando a acompanha. A música emociona, mas é a Escritura que transforma. Emoção passa; a verdade permanece. Uma igreja pode sair cheia de sentimentos e, ainda assim, vazia de entendimento.

Quando a Bíblia deixa de ser ensinada com clareza, o povo perde o referencial. Sem a Palavra, o pecado deixa de ser chamado pelo nome, o arrependimento se torna opcional e a santidade é vista como exagero. Aos poucos, a fé vai sendo moldada pelo gosto do público e não pela vontade de Deus. É assim que a apostasia se instala: não com portas fechadas, mas com Bíblias fechadas.

Vivemos uma geração que sabe cantar, mas não sabe discernir; que sabe repetir refrões, mas não conhece as Escrituras; que reconhece a voz do cantor, mas não distingue a voz do Pastor. Igrejas cheias de agenda, cheias de atividades, cheias de barulho e, ao mesmo tempo, carentes de ensino bíblico.

A Bíblia não foi feita para ser um acessório do culto. Ela é o fundamento. Quando a igreja troca a exposição da Palavra por distrações constantes, cria-se um cristianismo frágil, dependente de estímulos e incapaz de permanecer firme nos dias difíceis.

O chamado para os nossos dias é simples, embora exigente: voltar à Palavra. Abrir a Bíblia, ler, explicar, aplicar. Não para agradar, mas para confrontar; não para entreter, mas para transformar. Uma igreja pode sobreviver sem palco, sem show e sem aplausos, mas nunca sem a verdade das Escrituras.

Onde a Bíblia volta a ocupar o centro, a fé é fortalecida, o engano é desmascarado e a igreja cumpre novamente sua missão. Fora disso, o que resta é apenas uma reunião bonita, emocional e vazia de eternidade.

 Nenhum comentário

O Espírito Santo e o relacionamento com Deus


Vladimir Chaves

A comunhão entre Deus e o ser humano começa em Deus. Não nasce de um esforço humano, nem de uma busca mística isolada, mas da iniciativa amorosa do próprio Espírito Santo. É Ele quem se aproxima, fala, convence e sustenta essa relação. Como afirma o apóstolo Paulo: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16). Essa testemunha interior não é confusa nem subjetiva; ela é clara, firme e segura, porque procede de Deus.

O Espírito de Deus se comunica com o espírito humano de maneira viva e relacional. Não se trata de uma experiência mística desconectada da verdade, nem de algo autônomo, guiado apenas por sentimentos. Pelo contrário, essa comunicação é profundamente bíblica. Deus fala pelo Seu Espírito, revelando Sua vontade, Seu caráter e Seus propósitos conforme as Escrituras. O Espírito Santo não contradiz a Palavra, mas a ilumina, tornando-a viva no coração do crente.

Por sua vez, o homem responde com um espírito sensível e regenerado. Somente um espírito transformado pela graça pode discernir as coisas de Deus, como ensina Paulo em 1 Coríntios 2:10-12. Essa resposta não é de resistência, mas de submissão; não é de confusão, mas de entendimento. O espírito humano, agora vivificado, aprende a ouvir, discernir e obedecer à voz de Deus revelada na Palavra.

Assim, a comunicação entre Deus e o homem é um relacionamento contínuo, sustentado pelo Espírito Santo. Deus fala, o Espírito confirma, e o coração regenerado responde em fé e obediência. É nessa dinâmica santa que o cristão cresce, amadurece e vive com a certeza de que é, de fato, filho de Deus.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário

A Palavra de Deus não foi dada apenas para ser ouvida


Vladimir Chaves


“E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1:22)

Tiago escreveu sua carta a cristãos que já conheciam a Palavra, frequentavam reuniões e ouviam ensinamentos com regularidade. Ainda assim, ele percebeu um perigo silencioso: pessoas que ouviam muito, mas praticavam pouco. Por isso, sua exortação é direta e pastoral; a fé não pode ficar apenas no campo do ouvir, ela precisa alcançar a vida prática.

Ouvir a Palavra é importante, necessário e bíblico. É por meio dela que conhecemos a vontade de Deus. Contudo, quando o ouvir não é acompanhado da obediência, nasce um autoengano. A pessoa passa a acreditar que está bem espiritualmente apenas porque conhece versículos, participa de cultos ou concorda com o ensino, mesmo que sua vida continue sem mudanças reais.

Tiago chama atenção para esse engano porque ele acontece dentro do próprio coração. Não é alguém de fora que engana o cristão; é o próprio cristão que se convence de que ouvir já basta. A Palavra, porém, não foi dada apenas para informar, mas para transformar. Ela confronta atitudes, corrige caminhos e chama à prática da justiça, do amor e da santidade.

Ser “cumpridor da palavra” significa permitir que aquilo que Deus diz molde decisões, relacionamentos e comportamentos. É viver o que se crê, mesmo quando isso exige renúncia, perdão, humildade ou mudança de postura. A obediência não é o meio de salvação, mas é a evidência de uma fé viva e sincera.

Nesse contexto, Tiago nos leva a uma reflexão honesta: o que temos feito com o que já sabemos? A fé verdadeira não se limita ao momento da escuta, ela continua no dia a dia. Quando a Palavra é ouvida e praticada, ela produz frutos visíveis e revela um coração que realmente pertence a Deus.

Assim, Tiago 1:22 nos lembra que o cristianismo não é apenas um discurso, mas um caminho vivido. A Palavra ouvida deve se tornar Palavra vivida; para a glória de Deus e para a transformação da nossa própria vida.

 Nenhum comentário

Batismo com o espírito e dons espirituais: Fundamentos bíblicos


Vladimir Chaves

Na teologia cristã, a atuação do Espírito Santo na vida do crente pode ser compreendida sob diferentes aspectos. Entre eles, destacam-se a habilitação do Espírito e o batismo com o Espírito Santo. Embora relacionados, esses conceitos não são idênticos e cumprem funções distintas no propósito de Deus para a Igreja.

O batismo com o Espírito Santo está diretamente ligado à entrada do crente na vida cristã. Trata-se da ação soberana de Deus pela qual o Espírito é derramado sobre aquele que crê, selando sua união com Cristo e inserindo-o no Corpo de Cristo. As Escrituras mostram que, ao se arrepender e crer no evangelho, o cristão recebe o Espírito como selo da salvação e garantia da nova vida (Atos 2:38; 1 Coríntios 12:13). Esse batismo marca o início da caminhada cristã, produzindo uma vida transformada, orientada para a santidade, e uma consciência contínua da presença de Deus, visto que o corpo do crente se torna templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19-20).

Já a habilitação do Espírito refere-se à capacitação contínua que o Espírito Santo concede aos crentes para o serviço, o testemunho e a edificação da Igreja. Jesus prometeu que seus discípulos receberiam poder ao descer sobre eles o Espírito Santo, para que fossem suas testemunhas até os confins da terra (Atos 1:8). Essa habilitação se manifesta por meio dos dons espirituais, que são distribuídos conforme a vontade do Espírito, visando o bem comum e o cumprimento da missão da Igreja (1 Coríntios 12:4-11). Assim, profecia, ensino, cura, línguas e outros dons não são fins em si mesmos, mas instrumentos para a obra de Deus.

Uma diferença fundamental entre esses dois aspectos está no propósito. O batismo com o Espírito Santo está ligado à identidade cristã, à união com Cristo e à vida espiritual do crente. A habilitação do Espírito, por sua vez, está voltada para o serviço e a ministração, capacitando o cristão a agir de forma eficaz no Reino de Deus. Também há distinção quanto aos resultados: enquanto o batismo com o Espírito produz transformação interior, santidade e comunhão com Deus, a habilitação do Espírito se evidencia principalmente na operação dos dons e no poder para servir. Além disso, há uma diferença de tempo: o batismo com o Espírito ocorre, de modo geral, no momento da conversão ou logo após, enquanto a habilitação pode se manifestar em diferentes fases da vida cristã, conforme a necessidade e o chamado de Deus.

Em síntese, o batismo com o Espírito Santo e a habilitação do Espírito não devem ser vistos como experiências concorrentes, mas como realidades complementares. O Espírito Santo não apenas nos introduz na vida cristã, unindo-nos a Cristo, como também nos capacita continuamente para viver e servir de maneira frutífera. Reconhecer essa distinção ajuda o crente a compreender melhor sua identidade em Cristo e seu papel ativo na missão da Igreja, sempre dependente da ação viva e constante do Espírito Santo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário

O valor da bênção que não acrescenta dores


Vladimir Chaves



“A bênção do Senhor é que enriquece, e não acrescenta dores.” (Provérbios 10:22)

Muitos medem prosperidade pelo acúmulo de bens, posições e conquistas visíveis. No entanto, a Escritura nos conduz a uma compreensão diferente: nem toda riqueza é sinônimo de bênção, e nem todo ganho produz paz. Em Provérbios 10:22 Salomão, inspirado por Deus, nos ensina que a verdadeira prosperidade tem uma origem específica, ela procede do Senhor.

A bênção de Deus enriquece porque vem acompanhada de descanso interior. Diferente das riquezas obtidas à custa da consciência, da justiça ou da comunhão com Deus, aquilo que Ele concede não traz peso à alma. Não há culpa escondida, medo constante de perder ou inquietação permanente. Pelo contrário, há paz, equilíbrio e contentamento. Como o próprio livro de Provérbios afirma: “Melhor é o pouco com o temor do Senhor do que um grande tesouro onde há inquietação” (Pv 15:16).

Isso nos ajuda a entender que a riqueza mencionada neste provérbio vai além do aspecto material. Ela envolve uma prosperidade integral: emocional, espiritual e, quando Deus assim permite, também financeira. É a harmonia entre o que se tem e o que se é. Por isso, Moisés advertiu o povo a lembrar que é o Senhor quem concede forças para adquirir riquezas (Dt 8:18), deixando claro que a dependência de Deus deve permanecer mesmo em tempos de abundância.

Há conquistas que, embora aparentem sucesso, vêm acompanhadas de dores: lares destruídos, relações quebradas, noites sem paz e um coração vazio. Mas o que vem das mãos do Senhor edifica. Sua bênção não rouba a paz, não escraviza o coração e não afasta o homem de Deus. Antes, fortalece a fé e gera gratidão sincera.

Esse provérbio nos convida a ajustar nossas prioridades. Mais importante do que correr atrás de resultados é buscar o favor de Deus. Jesus confirmou esse princípio ao ensinar: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Quando Deus é o centro, a provisão chega no tempo certo e com propósito.

Assim, a verdadeira riqueza não é medida apenas pelo quanto se possui, mas pela paz que se desfruta. A bênção do Senhor permite que o coração descanse, que a consciência permaneça limpa e que a vida glorifique a Deus. Esse é o enriquecer que não acrescenta dores, o enriquecer que vem do alto.

 Nenhum comentário

Quando o Espírito desperta a nossa consciência


Vladimir Chaves

A Palavra de Deus nos conduz a compreender uma verdade profunda e transformadora: existe uma comunhão real e viva entre o espírito humano e o Espírito de Deus. Essa comunhão não é apenas doutrinária, mas experiencial. À luz das Escrituras e da vivência pentecostal, percebemos como o Espírito Santo atua de forma amorosa e contínua, despertando a consciência, gerando fé, renovando a mente e guiando o crente em sua caminhada diária.

Tudo começa na consciência. O Espírito Santo desperta o ser humano para a realidade do pecado e para a necessidade urgente do perdão. Jesus ensinou que essa é uma das primeiras obras do Espírito: convencer do pecado, da justiça e do juízo. Esse convencimento não visa condenar, mas conduzir ao arrependimento e à reconciliação com Deus. Ao mesmo tempo, o Espírito remove a incredulidade do coração e produz fé por meio da Palavra. Assim, aquilo que antes parecia distante ou incompreensível passa a ser crido com o coração e confessado com a boca.

Nesse processo, ocorre a regeneração; o novo nascimento. O espírito humano, antes separado de Deus, é vivificado. Surge o “novo homem”, agora espiritual, com uma mente renovada e sensível à direção divina. A partir daí, torna-se claro por que o homem natural não consegue compreender as coisas espirituais: sem a ação do Espírito, elas parecem loucura. Somente o Espírito de Deus pode revelar as verdades que procedem de Deus.

A regeneração, porém, não é o fim, mas o começo de uma nova jornada. O Espírito Santo assume também um papel pedagógico em nossa vida. Ele nos ensina, nos lembra das palavras de Jesus e nos conduz ao conhecimento das dádivas que Deus nos concede gratuitamente. Por isso, o cristão não pode se acomodar a uma mentalidade moldada pelos padrões deste mundo. Filosofias, ideologias e “novas” teologias tentam influenciar a mente, mas o Espírito nos chama a discernir e a permanecer firmes na verdade.

Essa caminhada exige uma mente continuamente renovada. Viver segundo a vontade de Deus implica consagração, entrega total e comunhão constante com o Espírito Santo. A oração e a leitura das Escrituras tornam-se práticas essenciais, pois nelas encontramos direção, sabedoria e luz para cada área da vida. Não há decisão, desafio ou caminho em que o Espírito não possa nos orientar com segurança.

Quando paramos para ouvir o Espírito, Ele fala ao nosso íntimo. Sua voz traz clareza em meio às dúvidas, paz em tempos de conflito e entendimento para decisões difíceis. Ele ilumina os “olhos do coração”, isto é, o nosso homem interior, capacitando-nos a enxergar além do visível e a compreender as realidades eternas. Assim, passamos a viver conscientes da esperança da vocação que recebemos e das riquezas da herança que Deus preparou para os santos.

Ouvir o Espírito é caminhar na luz. É permitir que Ele forme em nós uma fé viva, uma mente renovada e um coração sensível à vontade de Deus; para esta vida e para a eternidade.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário

Deus não ignora o clamor do oprimido


Vladimir Chaves



“O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de angústia.” (Salmo 9:9)

O versículo nasce de um contexto de lutas reais, perseguições e ameaças, não de uma fé ingênua ou distante da dor. É a declaração de quem experimentou o socorro divino em meio à aflição.

Quando o salmista chama o Senhor de “alto refúgio”, ele aponta para uma segurança que está acima do alcance do opressor. Não é um esconderijo frágil, mas uma fortaleza firme, elevada, onde o injustiçado encontra proteção verdadeira. Enquanto os recursos humanos falham e as portas se fecham, Deus permanece como abrigo seguro.

O texto também deixa claro que esse refúgio é para o “oprimido”. Deus não se coloca ao lado da injustiça nem se mantém neutro diante da dor. Ele se inclina para ouvir quem foi ferido, esquecido ou esmagado pelas circunstâncias. O Senhor vê aquilo que muitos ignoram e age no tempo certo.

Nas “horas de angústia”, quando o coração está apertado e a esperança parece pequena, Deus não se ausenta. Pelo contrário, é nesse momento que sua presença se torna ainda mais evidente. O salmo não promete ausência de sofrimento, mas garante companhia, cuidado e proteção em meio a ele.

Salmo 9:9 nos ensina que confiar em Deus não é negar a dor, mas encontrar descanso mesmo quando ela existe. O Senhor continua sendo refúgio hoje como foi no passado. Para quem sofre, essa palavra é um convite à fé: há um lugar seguro acima da injustiça, e esse lugar é o próprio Deus.

 Nenhum comentário

Jesus Cristo, o Senhor de todos


Vladimir Chaves

Quando Pedro declarou que Deus enviou “o evangelho da paz por meio de Jesus Cristo, que é Senhor de todos”, ele estava atravessando uma fronteira que, por séculos, parecia intransponível. Não era apenas a porta da casa de um gentio que se abria, mas a compreensão de que o agir de Deus não se limita a povos, rótulos ou tradições humanas.

Até aquele momento, muitos criam que a salvação era um privilégio restrito a Israel. No entanto, diante de Cornélio e de sua família, Pedro entende que o coração do evangelho é maior do que qualquer divisão religiosa ou cultural. Deus toma a iniciativa, envia sua Palavra e oferece paz; não uma paz superficial, mas a reconciliação do ser humano com o próprio Criador.

Essa paz só é possível por meio de Jesus Cristo. Não vem das obras, da posição social ou da origem, mas da obra perfeita da cruz. Em Cristo, o inimigo é vencido, o pecado é perdoado e a separação entre Deus e o homem é desfeita. É por isso que Pedro afirma com clareza: Jesus é o Senhor de todos.

Essa declaração muda tudo. Se Ele é Senhor de todos, então ninguém está excluído do chamado, e ninguém está acima da necessidade de arrependimento. Judeus e gentios, religiosos e improváveis, todos estão no mesmo nível diante da graça. A fé cristã deixa de ser um território fechado e se revela como uma mensagem viva, acessível e transformadora.

Atos 10:36 nos convida a revisar nossos próprios limites. Quantas vezes ainda tentamos definir quem pode ou não receber a graça de Deus? O evangelho da paz nos chama a enxergar como Deus enxerga e a anunciar como Ele anunciou: com verdade, amor e sem acepção de pessoas.

Reconhecer Jesus como Senhor de todos não é apenas uma afirmação teológica, mas um compromisso de vida. É viver submetido à sua autoridade e disposto a levar essa paz a todos que cruzarem o nosso caminho.

 Nenhum comentário

Dia da Bíblia: Celebrando a luz da Palavra de Deus


Vladimir Chaves


Neste Dia da Bíblia, celebrado no segundo domingo do mês de dezembro, lembramos e honramos o presente mais precioso que Deus nos concedeu: a sua Palavra. Ela não é apenas um livro antigo, mas uma voz viva que continua falando ao coração de cada geração. Como declara o salmista, “A tua Palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Salmos 119:105). Em meio às incertezas da vida, a Bíblia nos orienta, traz clareza às decisões e nos ajuda a caminhar com segurança.

A Palavra de Deus ilumina porque revela a verdade. Ela nos mostra quem Deus é, quem nós somos e qual caminho devemos seguir. Quando tudo parece escuro, quando as dúvidas surgem e as forças diminuem, a Escritura acende a luz da esperança, apontando direção e propósito.

O apóstolo Paulo nos lembra que “toda a Escritura é divinamente inspirada” (2 Timóteo 3:16). Isso significa que cada ensinamento, cada conselho e cada correção têm origem no próprio Deus. A Bíblia nos ensina, nos confronta quando erramos, nos corrige com amor e nos instrui para vivermos de maneira justa. Ela não apenas informa, mas transforma.

Ao celebrarmos este dia especial, somos convidados a valorizar a leitura da Bíblia, meditar em seus ensinamentos e colocá-los em prática. Que a Palavra continue sendo nossa luz diária, formando em nós um caráter aprovado por Deus e nos preparando para toda boa obra.

Que neste Dia da Bíblia, comemorado no segundo domingo de dezembro, renovemos o compromisso de caminhar guiados pela luz da Palavra, certos de que quem anda com ela jamais estará perdido.

domingo, 14 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário

O antídoto bíblico contra o medo


Vladimir Chaves


“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, de amor e de moderação.” (2 Timóteo 1:7)

Medo do futuro, medo da injustiça, medo de perder, medo de falar, medo de permanecer firme. Esse cenário não é novo. Timóteo também enfrentava tempos difíceis, pressões externas e inseguranças internas. Por isso, Paulo o lembra de uma verdade essencial: o que vem de Deus nunca paralisa, nunca enfraquece e nunca escraviza o coração.

Deus não colocou em nós um espírito de medo. O temor que nos faz recuar, silenciar e desistir não tem origem divina. Quando o medo governa nossas decisões, deixamos de viver o propósito para o qual fomos chamados. O Senhor não nos chamou para sobreviver acuados, mas para caminhar confiantes, mesmo em meio às lutas.

Em lugar do medo, Deus nos concede fortaleza. É uma força que não depende das circunstâncias, mas da presença do Espírito Santo em nós. Essa fortaleza nos sustenta quando tudo parece contrário e nos mantém firmes quando seria mais fácil desistir.

Junto com a fortaleza, Deus nos dá amor. O amor verdadeiro vence o medo, porque nos faz olhar além de nós mesmos. Quem ama, serve. Quem ama, permanece fiel. Quem ama, não se deixa dominar pelo ódio, pela amargura ou pela indiferença.

E Deus também nos concede moderação, uma mente equilibrada e sóbria. Em tempos de confusão, o Espírito nos ensina a agir com sabedoria, sem desespero e sem impulsividade. A moderação nos guarda de decisões precipitadas e nos conduz por caminhos de discernimento e paz.

2 Timóteo 1:7 é um lembrete poderoso para os nossos dias: não fomos criados para viver com medo, mas para viver com coragem, amor e equilíbrio. Quando confiamos nessa verdade, enfrentamos o presente com fé e caminhamos para o futuro com esperança, certos de que Deus está conosco em cada passo.

 Nenhum comentário

Fidelidade ao Evangelho em dias de relativismo


Vladimir Chaves

“Àqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; àqueles a quem os retiverdes, são retidos.” (João 20:23)

Vivemos dias em que muitos falam em nome de Deus, mas nem todas anunciam o que Ele realmente disse. Ao declarar essas palavras em João 20:23, Jesus não entregou aos discípulos um poder humano de julgar consciências, mas uma missão espiritual: anunciar o Evangelho com fidelidade. O perdão não nasce da autoridade do homem, mas da graça de Deus revelada em Cristo.

João 20:23 nos lembra que o perdão dos pecados está diretamente ligado à resposta das pessoas à mensagem do Evangelho. Quando a Igreja proclama a verdade de Cristo e alguém crê, ela pode afirmar com segurança: há perdão, há reconciliação, há nova vida. Porém, quando essa mesma mensagem é rejeitada, não há como suavizar a realidade: o pecado permanece, não por falta de amor de Deus, mas por resistência do coração humano.

Nos dias atuais, esse texto nos chama à responsabilidade. Não fomos enviados para agradar pessoas, adaptar a mensagem ou negociar a verdade. Fomos enviados para anunciar o caminho da salvação, mesmo quando isso confronta, incomoda ou exige arrependimento. Reter pecados, nesse sentido, não é condenar com dureza, mas não mentir em nome de uma falsa misericórdia.

Ao mesmo tempo, João 20:23 nos livra do peso de tentar ocupar o lugar de Deus. Não somos juízes das almas, somos embaixadores da graça. Nossa missão não é decidir quem merece perdão, mas apontar para aquele que perdoa todo aquele que se arrepende e crê. Onde há arrependimento sincero, a Igreja deve anunciar esperança, restauração e vida nova.

Assim, este texto nos convida ao equilíbrio: verdade sem crueldade e graça sem engano. Em um tempo de relativismo espiritual e discursos vazios, a Igreja é chamada a permanecer firme, proclamando que há perdão em Cristo, e somente n’Ele. Quem recebe essa mensagem encontra liberdade; quem a rejeita, infelizmente, permanece preso.

Que, nos dias de hoje, sejamos fiéis ao chamado de Jesus: anunciar o Evangelho com coragem, amor e clareza, confiando que é Deus quem perdoa, transforma e salva.

 

 Nenhum comentário

Zelo religioso ou obediência a Cristo?


Vladimir Chaves


“Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus” João 16:2

O alerta de Jesus em João 16:2 soa hoje mais atual do que nunca. A perseguição que Ele anunciou não se limita a prisões ou mortes físicas; muitas vezes, ela se manifesta de forma silenciosa, disfarçada de “zelo espiritual”, “defesa da fé” ou “tradição religiosa”.

Ainda vemos pessoas sendo excluídas, difamadas e atacadas simplesmente por permanecerem fiéis às Escrituras. Em nome de Deus, muitos levantam palavras duras, cancelam, julgam e ferem, acreditando sinceramente que estão fazendo a coisa certa. O problema não está na intenção declarada, mas na ausência de um verdadeiro conhecimento do Pai.

A religião sem Cristo continua sendo um terreno fértil para o engano. Quando a fé se apoia mais em sistemas, líderes, datas, rituais ou tradições do que na Palavra, o coração se endurece. Nesse ambiente, o amor é substituído pelo orgulho, o discernimento pela intolerância e a verdade pela conveniência. O erro passa a ser combatido com ódio, e não com luz.

O mais perigoso é que muitos não se veem como perseguidores; consideram-se defensores da verdade. Assim como no passado, rejeitam a correção, resistem ao confronto bíblico e se fecham para o arrependimento. A expulsão da “sinagoga”, nos dias de hoje, pode significar ser afastado de círculos religiosos, rotulado, ignorado ou atacado publicamente por simplesmente permanecer fiel ao Evangelho.

Por isso, o chamado de Deus para este tempo é o mesmo revelado em Ezequiel 44:23: aprender a discernir entre o santo e o profano. Nem tudo o que usa o nome de Deus vem de Deus. Nem todo discurso religioso carrega o Espírito de Cristo. Onde não há amor, verdade e humildade, Cristo não está sendo refletido.

Jesus não prometeu aplausos, mas fidelidade. Ele não nos chamou para agradar sistemas, e sim para obedecer à Sua voz. Permanecer na verdade pode custar aceitação, mas jamais custará a presença de Deus. Que, nos dias atuais, não sejamos movidos por um zelo cego, mas por um coração quebrantado, que conhece o Pai, ama o Filho e anda na direção do Espírito.

Porque, no fim, agradar a Deus será sempre mais importante do que ser aceito pelos homens. Estejamos atentos e firmes na Palavra, pois nem toda ação feita “em nome de Deus” vem de Deus. Onde há a prática da verdadeira fé, há amor, verdade e justiça; não perseguição.

Como cristãos, somos chamados a discernir entre o zelo religioso e a obediência genuína à vontade de Cristo.

sábado, 13 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário

O que te impede de orar, te impede de crescer


Vladimir Chaves

“Quando tiveres removido tudo o que te impede de orar, terás removido tudo o que te impede de progredir.” — J. C. Pilgrim

Há coisas em nossa vida que não percebemos de imediato, mas que, aos poucos, vão levantando barreiras silenciosas dentro de nós. Pequenas distrações, preocupações desnecessárias, mágoas acumuladas e sentimentos que nunca entregamos a Deus começam a ocupar o espaço que deveria ser da oração, da paz e da presença do Senhor.

Orar não é apenas falar com Deus; é alinhar o coração, ajustar a rota e abrir espaço para que Ele conduza nossos passos. Quando algo nos impede de orar, quase sempre também nos impede de avançar. A falta de oração revela um coração pesado, noites mal dormidas, irritações sem motivo, ansiedade e angústias que insistem em ficar.

Por isso, remover o que atrapalha a oração é também retirar o que bloqueia o progresso da alma. Quando deixamos de lado o excesso, o barulho, os pesos e até mesmo as ilusões, descobrimos que orar se torna mais simples… e viver também.

O verdadeiro progresso não começa em grandes conquistas, mas em pequenos alinhamentos internos: um coração limpo, uma mente em paz, um espírito sensível à voz de Deus.

E quando a oração volta ao centro, tudo volta ao lugar.

Orar abre caminhos.

Orar clareia a jornada.

Orar fortalece os passos.

No fim, o progresso que tanto buscamos começa naquele momento silencioso em que escolhemos nos aproximar de Deus sem barreiras.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário

Discernir o santo e o profano: Um olhar reflexivo sobre o Natal


Vladimir Chaves

“E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão discernir entre o impuro e o puro.” Ezequiel 44:23

A Palavra de Deus nos chama a viver com discernimento. Em um mundo que mistura luz e trevas, verdade e tradição humana, o cristão precisa aprender a separar o que vem do Senhor daquilo que apenas parece vir dEle. E poucos temas revelam tão claramente essa mistura quanto a celebração do Natal como é conhecida hoje.

A Bíblia não registra qualquer instrução para celebrar o nascimento de Jesus em 25 de dezembro. Aliás, não existe no Novo Testamento sequer um mandamento para estabelecer uma data anual de comemoração. Essa data foi criada séculos depois, pelos líderes de Roma, com a intenção de “cristianizar” povos pagãos. Em vez de abandonar os rituais idolátricos, muitos foram apenas revestidos de linguagem cristã.

As raízes pagãs da data

O 25 de dezembro era o período da Saturnália, uma festa em honra ao deus Saturno, divindade que representava o tempo e a colheita. Durante esses dias, havia: trocas de presentes, banquetes exagerados, libertinagem sexual e orgias, suspensão temporária de regras sociais.

A ideia de alegria e festividade foi preservada, mas a essência era totalmente pagã. Roma percebeu que substituir o nome da festa seria mais fácil do que tentar extingui-la, e assim nasceu a celebração do “Natal”, agora com o rótulo cristão, mas mantendo muitos elementos anteriores.

O Festival do Sol Invicto

Outra influência direta veio do Dies Natalis Solis Invicti, o “Dia do Nascimento do Sol Invencível”. No solstício de inverno, celebrava-se o triunfo do sol sobre as trevas, pois os dias voltariam a crescer.

Cristo foi associado ao “Sol da Justiça”, e a antiga festa pagã foi absorvida com uma nova roupagem. Porém, a origem continuou sendo idolatria ao sol, não ao Salvador.

O Papai Noel e a mitologia nórdica

O famoso “bom velhinho” também não tem origem bíblica. Muito antes de qualquer referência cristã, povos nórdicos celebravam o Festival de Yule, ligado ao deus Odin.

Segundo a tradição:

Odin cavalgava pelos céus distribuindo presentes, crianças deixavam botas ou meias para receber recompensas, existiam rituais com árvores perenes, símbolos de vida e magia.

Séculos depois, esse personagem foi adaptado, suavizado e pintado como figura cristã, mas sua origem continua firmada na mitologia germânica, não no Evangelho.

Discernir para honrar a Deus

O cristão não é chamado ao fanatismo, mas sim ao discernimento. O problema não está apenas na data ou nos costumes, mas na mistura que apaga a verdade e exalta tradições humanas como se fossem mandamentos divinos.

Quando a Palavra diz para distinguir entre o santo e o profano, é para que o nosso coração não seja enganado.

Podemos e devemos celebrar o nascimento de Cristo, mas de maneira bíblica, verdadeira, limpa, sem tradicionalismos pagãos revestidos de espiritualidade.

A essência que precisamos resgatar

O foco da fé não está em luzes, árvores, rituais importados ou personagens inventados. Está em Jesus, seu nascimento humilde, sua vida perfeita, sua morte redentora e sua ressurreição gloriosa.

Celebrar Cristo é:

lembrar seu propósito;

exaltar sua encarnação;

viver gratidão e adoração;

ensinar nossos filhos a verdade, não a fantasia;

e manter um coração separado para Deus, mesmo quando o mundo inteiro caminha em outra direção.

 Nenhum comentário

A importância da disciplina: Orar, jejuar e permanecer na Palavra


Vladimir Chaves

Assim como o corpo perde força quando deixamos de exercitá-lo, a vida espiritual também enfraquece quando negligenciamos as disciplinas da fé. Quanto menos oramos, jejuamos e lemos a Bíblia, menos vontade temos de fazer essas coisas. A alma vai perdendo vigor. Os movimentos espirituais (antes firmes e amplos) tornam-se lentos e curtos. Surge o risco da “atrofia” espiritual.

A Palavra nos convoca a reagir: “Tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados” (Hb 12.12). A fraqueza pode ser grande, mas não é definitiva. Deus nos chama a renovar as forças, a lutar e a retomar a caminhada (Jl 3.10; 1Co 16.13).

Apatia, engano e pecado

Quando diminuem a oração, o jejum e a meditação nas Escrituras, diminui também o discernimento. Convicções antes claras tornam-se superficiais, cedendo espaço a ideias distorcidas, “filosofias e vãs sutilezas” (Cl 2.8). O pecado passa a ser relativizado (1Jo 3.7-8). A mente vai sendo moldada não mais pela Palavra, mas pelos valores deste século.

Igrejas e cristãos inteiros podem ser absorvidos pelo secularismo, pela indiferença e por ideologias contrárias ao Evangelho (Lc 18.8; 2Pe 2.1-3). Por isso, a pergunta é urgente: como estão nossas disciplinas espirituais pessoais e da igreja?

Da teoria à prática

A vida cristã não se sustenta apenas com boa teoria, é preciso prática diária. Reservar tempo para a oração e para a Palavra logo ao amanhecer fortalece a alma. Ao longo do dia, pequenos momentos de meditação ajudam a manter o coração alinhado com Deus. E à noite, antes de dormir, retornar à Bíblia e à oração renova o espírito (Sl 55.17; Dn 6.10).

O jejum, quando praticado com propósito, aprofunda nossa dependência de Deus. A frequência aos cultos e, especialmente, às reuniões de oração e consagração é indispensável.  Além disso, hinos sacros e boa literatura cristã edificam a alma e mantêm viva a fé (1Tm 4.13; 2Tm 4.13).

A jornada da santificação não é sustentada pela força humana, mas pela graça divina. Contudo, essa graça nos chama à disciplina, ao compromisso e à prática consciente da fé. Quando cuidamos da vida espiritual como quem cuida do corpo, renovamos forças, abrimos espaço para a ação de Deus e permanecemos firmes contra a apatia e o engano.

E assim seguimos, sustentados pela verdade eterna: tudo é pela graça, e somente pela graça.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário

Quando Deus nos prepara para coisas maiores


Vladimir Chaves

“Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com cavalos? E se numa terra de paz não estás seguro, como farás na floresta do Jordão?” Jeremias 12:5

Às vezes, olhamos para a vida e sentimos que já estamos no limite. Um problema aqui, outro ali, críticas, injustiças, pessoas difíceis… e o coração cansa.

Foi assim que Jeremias se sentiu. Ele achou que já estava enfrentando demais. Mas, quando abriu sua alma diante de Deus, recebeu uma resposta inesperada: “Se você se cansa correndo com homens, como correrá com cavalos?”

À primeira vista, parece duro. Mas, na verdade, é uma das palavras mais amorosas da Bíblia.

Deus estava dizendo: “Jeremias, Eu te fiz para ir além. Eu estou te preparando.”

Assim também acontece conosco.

Muitas vezes achamos que a luta que enfrentamos hoje é grande demais. Mas Deus enxerga além: Ele sabe o que está formando em nós.

O que vemos como um fardo, Ele vê como treino. O que nos parece uma batalha impossível, para Deus é apenas o início do nosso fortalecimento.

Porque ninguém começa correndo com cavalos. Primeiro, corre-se com homens. Primeiro vêm as provas menores, depois as maiores.

Primeiro Deus trabalha o coração; depois, envia a missão.

E então vem a segunda parte da resposta de Deus a Jeremias: “Se você tropeça na terra de paz, como vai enfrentar a floresta do Jordão?”

A verdade é simples: Se não aprendemos a confiar em Deus nos momentos calmos, não teremos firmeza nos momentos turbulentos.

E Deus, conhecendo nosso futuro, nos treina antes que a tempestade chegue.

Essa palavra, portanto, não é uma cobrança.

É um chamado.

Um convite para levantar a cabeça e entender que: O que você enfrenta hoje não é o fim. É preparação.

Não é derrota. É treino.

Não é abandono. É cuidado.

Deus não está te pressionando.

Ele está te fortalecendo.

Ele está dizendo: “Eu sei o que está vindo e estou te preparando para vencer. Você foi criado para mais.”

Então, se hoje está difícil, lembre-se: Deus não te prepararia para correr com cavalos se você fosse feito para desistir no caminho.

Você pode estar cansado, mas Deus está te formando.

E aquilo que hoje parece pesado será o testemunho da força que Ele está produzindo em você.

Você está sendo treinado para algo maior.

E Deus está correndo ao seu lado.

 Nenhum comentário

Bem-aventurados os que choram: uma promessa para quem se entrega a Deus


Vladimir Chaves



“Bem aventurado os que choram, porque serão consolados.” Mateus 5: 4

Existem lágrimas que apenas expressam dor humana, mas há outras que revelam algo muito mais profundo: um coração que reconhece sua necessidade de Deus.

É sobre essas lágrimas que Jesus fala quando diz: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.”

Esse choro não é sinal de fraqueza, mas de sensibilidade espiritual. É o choro de quem olha para dentro de si e percebe que, sem Deus, não há direção.

É o choro de quem se arrepende, de quem deseja mudança, de quem entende que só a graça do Senhor pode transformar o que está quebrado.

E a promessa é profunda: “serão consolados.”

O consolo de Deus é diferente de qualquer conforto humano.

As pessoas podem até nos ouvir, mas Deus nos cura.

As pessoas podem nos abraçar, mas Deus nos restaura.

As pessoas podem até nos entender, mas só Deus pode renovar a alma.

Quando choramos diante de Deus, não estamos perdendo: estamos sendo restaurados.

A lágrima que cai aos pés do Senhor nunca é desperdiçada.

Ele vê, Ele sabe, Ele entende e Ele consola.

Esse consolo começa agora, pela presença do Espírito Santo, e se completará um dia, quando todas as lágrimas forem definitivamente enxugadas.

Até lá, cada choro sincero diante do Pai é um passo rumo à cura, ao perdão e à vida abundante que Ele oferece.

Feliz é aquele que não esconde sua dor de Deus.

Feliz é aquele que se derrama, porque Deus o levantará.

Feliz é aquele que chora… porque será consolado.

Quando a alma chora, Deus restaura.

 Nenhum comentário

A Palavra que nos livra da morte


Vladimir Chaves

“Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha Palavra, não verá a morte, eternamente” João 8:51

Há palavras que ouvimos e logo esquecemos. Há outras que até nos emocionam, mas passam sem deixar marcas. Mas Jesus fala de uma palavra diferente. Ele diz: “Se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.”

Essa não é apenas uma frase bonita; é uma promessa eterna.

Guardar a palavra de Jesus não significa apenas conhecê-la de memória. Significa deixá-la morar dentro de nós, orientar nossos passos, moldar nossas escolhas e transformar o nosso coração. É permitir que sua voz seja mais forte que o medo, mais clara que a dúvida e mais firme que as tempestades da vida.

Jesus não promete que não enfrentaremos dificuldades. Ele não diz que o corpo nunca vai adoecer ou que a vida será sempre tranquila. Mas Ele garante algo infinitamente maior: quem guarda sua palavra não será vencido pela morte espiritual, não será separado de Deus, não cairá no vazio eterno.

Há uma morte que o mundo teme, mas há outra que é mais profunda, a morte da alma, a separação de Deus. E é dessa que Jesus nos livra quando abraçamos sua palavra.

Ele nos chama a viver com propósito, com fé, com esperança, com obediência. Nos chama para perto, para uma vida que não termina no túmulo.

Quando seguimos a palavra de Cristo, começamos a experimentar aqui mesmo uma vida diferente: paz que o mundo não entende, certeza no meio da incerteza, força onde parece não haver forças. É como se a eternidade já começasse a pulsar dentro de nós.

Guardar a palavra de Jesus é escolher a vida.

É escolher a luz.

É escolher caminhar com aquele que venceu a própria morte.

E essa promessa é para “quem quiser”.

Basta abrir o coração, ouvir sua voz e caminhar na direção que Ele indica.

Que hoje você encontre descanso nessa verdade:

se você guarda a palavra de Cristo, você não está caminhando para a morte, você está caminhando para a vida.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

 Nenhum comentário