Teologias em moda e a perda da expectativa eterna


Vladimir Chaves

Em nome da relevância, muitos cristãos têm reduzido a fé a pautas ideológicas, sociais, políticas ou econômicas, enfrentadas apenas com estratégias humanas. O resultado é um cristianismo cada vez mais secularizado, que fala muito à sociedade, mas confronta pouco o pecado e quase não aponta para a eternidade. Quando a fé é retirada da arena espiritual, ela perde seu poder. E a Igreja, enfraquecida, passa a confundir influência pública com fidelidade ao Evangelho.

A chamada “teologia pública”, quando não nasce do arrependimento e da transformação espiritual, empobrece a missão da Igreja. Jesus não nos chamou apenas para discursos bem articulados, mas para uma fé viva, marcada pelos sinais que acompanham os que creem: libertação, ação sobrenatural de Deus, curas e esperança eterna. Quanto mais secularismo, menos dependência do poder do Espírito. E sem esse poder, a Igreja se torna apenas mais uma voz entre tantas outras.

Outro risco evidente é o de um cristianismo dominado por discursos, mas carente de prática. Em tempos de comunicação rápida e opiniões abundantes, surgem muitas vozes que se dizem cristãs, mas que desprezam a tradição bíblica e espiritual da Igreja, sem compreender seus fundamentos. Como pentecostais clássicos, precisamos permanecer atentos para não abraçar teologias modernas distantes da realidade do crente simples; aquele que vive a fé no bairro, na comunidade rural, no dia a dia da luta e da oração. O Evangelho que transforma continua sendo simples, completo e poderoso: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará.

Quando a expectativa da volta de Cristo é abandonada, a santificação perde valor. A esperança deixa de estar na eternidade e passa a se concentrar apenas no aqui e agora. Isso abre espaço para outras distorções, como a redução da fé à prosperidade material, ao bem-estar emocional ou ao engajamento cultural como fim em si mesmo. A história mostra que muitos desses ventos teológicos passam, deixando frustrações e um vazio espiritual profundo.

O apóstolo Paulo foi firme ao confrontar uma fé sem esperança escatológica. Para ele, se tudo se resume a esta vida, então a fé perde seu sentido mais profundo. Por isso, precisamos ter cuidado com visões que colocam a redenção dos sistemas humanos acima da salvação dos pecadores. A missão central da Igreja nunca foi reformar o mundo por meios políticos ou culturais, mas anunciar o arrependimento e a conversão, para que os pecados sejam apagados.

Diante de tudo isso, o chamado permanece atual e urgente: conservar a fé bíblica, espiritual e cheia de esperança. Um cristianismo que não se rende às modas teológicas, que não troca o poder de Deus por estratégias humanas e que vive à luz da eternidade. Só assim a Igreja continuará sendo sal da terra, luz do mundo e testemunha fiel de que Cristo vive e voltará.

0 comentários:

Postar um comentário

Conteúdo é ideal para leitores cristãos interessados em doutrina, ética ministerial e fidelidade bíblica.