A Bíblia revela que o ser
humano é mais profundo do que aquilo que os olhos podem ver. Dentro de nós
existe um “homem interior” formado por alma e espírito; duas realidades
imateriais, distintas do corpo físico, mas igualmente essenciais para nossa
existência (Rm 7:22; 2 Co 4:16; Ef 3:16).
Quando Deus criou o homem,
moldou o corpo a partir do pó da terra. Porém, para formar a parte imaterial do
ser humano, Ele soprou o fôlego de vida (Gn 2:7). Esse sopro divino não
veio da matéria, mas da própria essência de Deus. Assim nasceu o homem
interior, formado de alma e espírito.
E aqui surge a primeira
distinção:
o ser humano tornou-se “alma
vivente”, ou seja, ganhou consciência de si mesmo, capacidade de sentir,
desejar e pensar. A alma nos dá personalidade, emoções e percepções; permite
que nos relacionemos com as pessoas, com o mundo ao redor e com nós mesmos.
Por isso a Bíblia mostra a
alma sendo abatida (Sl 42:5) ou profundamente entristecida, como
aconteceu com Jesus no Getsêmani (Mt 26:38). A alma sente o peso da
vida, sofre, se alegra, deseja, decide. Ela é a sede do “eu”.
Mas a alma, por mais rica e
complexa que seja, não é suficiente para revelar ao homem sua verdadeira
finalidade.
Com a alma, podemos nos
relacionar com outros seres, exercer domínio sobre a criação e reconhecer nossa
própria existência. Mas a alma não é capaz, por si só, de perceber a realidade
espiritual, nem de compreender que existe um Criador ao qual devemos servir e
prestar contas.
Para isso, Deus nos deu algo
a mais: o espírito.
É pelo espírito que o homem
desperta para Deus. É no espírito que nascem a adoração, a consciência
espiritual e o entendimento de que existe um Senhor acima de todas as coisas. O
espírito não apenas nos conecta ao divino; ele nos lembra que fomos criados
para ser mordomos, administradores responsáveis diante do Criador.
A alma nos dá a capacidade
de viver como seres conscientes.
O espírito nos dá a
capacidade de viver como seres responsáveis diante de Deus.
Juntas, alma e espírito
formam uma unidade preciosa: o homem interior.
Um ser capaz de sentir o
mundo, mas também de ouvir a voz do Céu; capaz de dominar a criação, mas também
de se submeter ao Criador; capaz de existir, mas também de encontrar propósito.
Refletir sobre essa
distinção nos chama a algo essencial:
cuidar do corpo, sim;
compreender a alma, sim; mas, acima de tudo, alimentar o espírito, pois é nele
que o ser humano descobre quem Deus é, e, finalmente, quem ele mesmo deveria
ser.


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