Renunciar a própria vontade para seguir a de Cristo


Vladimir Chaves

Renunciar à própria vontade é um dos maiores desafios da fé cristã. Isso porque, desde o Éden, o ser humano luta com o desejo de decidir por si mesmo o que é certo, conveniente ou desejável. Porém, quando Cristo nos chama, Ele nos convida a algo maior do que nossas inclinações naturais: Ele nos chama a viver sob o governo dEle, não sob o nosso próprio.

Jesus não escondeu o custo desse chamado. Pelo contrário, deixou claro que segui-lo envolve uma decisão diária, consciente e profunda. Ele declarou:

“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mateus 16:24)

Negar a si mesmo não é anular a personalidade, os sonhos ou a identidade, mas submeter tudo isso ao senhorio de Cristo. É dizer: “Senhor, meus caminhos, desejos e planos podem ser bons, mas os Teus são perfeitos”. É confiar que a vontade dEle não nos empurra para o sofrimento sem propósito, mas nos conduz ao centro da verdadeira vida.

O apóstolo Paulo expressa essa entrega de maneira magistral: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim.” (Gálatas 2:20)

Quando Paulo diz “não mais eu”, ele não está falando de abandono da vida, mas de entrega. Ele reconhece que sua vontade, sem Cristo, tende ao egoísmo, ao pecado e à autossuficiência. Mas quando Cristo governa o interior, a vida ganha direção, propósito e força.

Renunciar à própria vontade também significa confiar na sabedoria divina, mesmo quando não entendemos o que Deus está fazendo. No Getsêmani, Jesus mostrou o maior exemplo de rendição:

“Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua.” (Lucas 22:42)

A submissão de Cristo à vontade do Pai abriu o caminho da salvação. Da mesma forma, nossa submissão diária abre espaço para que a graça transforme nosso caráter, nossos relacionamentos e nossa missão.

Seguir a vontade de Cristo implica:

1. Obedecer, mesmo quando é difícil

A obediência nem sempre coincide com o nosso conforto. Mas Deus honra os que se rendem à Sua Palavra.

“Melhor é obedecer do que sacrificar.” (1 Samuel 15:22)

2. Confiar, mesmo sem respostas

Há momentos em que parece mais fácil seguir nossos impulsos do que esperar em Deus, mas a Bíblia declara:

“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento.” (Provérbios 3:5)

3. Transformar a mente

A renúncia começa no coração, mas permanece pela renovação da mente.

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)

Renunciar à própria vontade para seguir a de Cristo não é perda, mas ganho. É deixar para trás uma vida dirigida por impulsos e assumir uma caminhada conduzida pela sabedoria eterna. É trocar o controle limitado que temos pela direção perfeita do Senhor.

Quem renuncia por Cristo descobre que Ele nunca pede algo para empobrecer a alma, mas sempre para libertá-la. E, no fim, percebemos que a vontade dEle é infinitamente melhor do que tudo aquilo que poderíamos planejar para nós mesmos.

Se você deseja seguir a Cristo, comece por entregar a Ele o governo do seu coração. A verdadeira vida está do lado de dentro da rendição.

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