A Bíblia nos ensina que o
ser humano é composto de corpo, alma e espírito. Cada parte pode ser usada para
glorificar a Deus ou pode ser afetada pelo pecado. Porém, entre todos os tipos
de pecado, os mais perigosos são aqueles que se instalam no espírito,
justamente na área mais profunda do nosso ser, onde Deus deseja habitar e agir.
Pecados do espírito: o
perigo que nasce por dentro
Existem pecados visíveis,
como os cometidos pelo corpo, e existem pecados perceptíveis, como os que
ocorrem na alma por meio dos pensamentos. Mas há também os pecados do espírito,
mais sutis e muitas vezes escondidos: orgulho, soberba, vanglória, arrogância,
inveja.
A Palavra mostra que esses
pecados são especialmente destrutivos (Pv 16.18). Eles não apenas ferem
quem os pratica, mas corroem relacionamentos, abrem portas para contendas e
espalham divisão (Tg 3.13-16). Muitas atitudes exteriores (explosões de
ira, discussões, maledicências) são sintomas de um coração já intoxicado por
esses venenos interiores.
O exemplo de Neemias é
esclarecedor: mesmo diante da soberba e da inveja de Sambalate e Tobias, ele
permaneceu firme, vigilante e em oração (Ne 4.1-8). Assim também
precisamos agir. As oposições podem ser constantes e disfarçadas, mas a ordem
bíblica permanece: “não te deixes vencer do mal” (Rm 12.21). A vitória
começa em manter o espírito alinhado com Deus.
Raízes do pecado: uma
transformação que começa no coração
Paulo ensina que Deus deseja
santificar o ser humano por completo (espírito, alma e corpo) (1Ts 5.23). A
ordem não é aleatória. No Éden, Deus formou o corpo e soprou o espírito (Gn
2.7). Mas na redenção, o processo se dá do interior para o exterior:
primeiro o espírito é vivificado, depois a alma é transformada e, por fim, o
corpo será plenamente redimido (1Pe 1.23; Rm 8.23).
O problema do pecado não
começa no comportamento, mas na raiz, no coração (Mt 15.19). Por isso, a
verdadeira santificação é sempre um movimento de dentro para fora (Ez
36.26-27; Gl 5.22). Quando alguém tenta mudar apenas o exterior, cai
inevitavelmente no legalismo e se afasta da verdadeira graça (Ef 2.8-10).
Deus não quer apenas bons hábitos; Ele quer um coração transformado.
Vencendo o pecado: não
por força humana, mas pela graça
A força dos pecados
enraizados no espírito não pode ser quebrada por disciplina humana. A vitória
vem quando deixamos de confiar em nós mesmos e nos rendemos totalmente à ação
da graça de Deus (Rm 6.14; Hb 10.10). É o Espírito Santo quem nos
liberta da lei do pecado e da morte (Rm 8.2).
O que para nós é impossível,
para Deus é plenamente possível (Rm 8.3-4). Mas há um caminho bíblico
para que essa libertação se manifeste: humildade e mansidão, as marcas do
próprio Cristo (Fp 2.3-8). Orgulho e arrogância são incompatíveis com
uma vida espiritual saudável. Quando contendas, inclusive públicas, são
justificadas “em nome de Cristo”, revela-se que ainda não compreendemos o
verdadeiro evangelho. Afinal, “ao servo do Senhor não convém contender” (2Tm
2.24).
A ordem é clara:
purificar-nos de todos os pecados (inclusive os do espírito) e aperfeiçoar a
santificação no temor de Deus (2Co 7.1).
Guardando aquilo que é
essencial
O espírito é o âmago do ser
humano. É nele que Deus habita, fala e transforma. Por isso, não permita que os
cuidados da vida ou as pressões do dia a dia abafem sua sensibilidade
espiritual. Quando o espírito é fortalecido pela presença de Deus, a alma encontra
paz e o corpo recebe vigor para enfrentar a jornada.
Viver em santificação é mais
do que evitar erros externos: é cultivar um coração humilde, dependente, cheio
do Espírito, caminhando diariamente rumo ao Céu.


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