“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.” (Mateus 7:6)
As palavras de Jesus em Mateus
7:6 soam fortes, mas carregam um ensino profundamente necessário para a
vida cristã: o valor do discernimento espiritual. O Senhor não está ensinando
desprezo pelas pessoas, nem autorizando arrogância espiritual. Ele está
alertando seus discípulos sobre o cuidado com aquilo que Deus separou como
santo.
No contexto bíblico, “o que
é santo” e “as pérolas” representam as verdades do Reino de Deus, a Palavra
revelada, os ensinamentos que exigem reverência, humildade e disposição para
obedecer. São riquezas espirituais que não podem ser tratadas como algo comum
ou banal.
Já as figuras dos “cães” e
dos “porcos” eram conhecidas entre os judeus como símbolos de impureza e
rejeição. Jesus usa essas imagens para falar de pessoas que, naquele momento,
não têm disposição alguma para ouvir, respeitar ou acolher a verdade. Não se
trata de quem ainda não conhece, mas de quem deliberadamente despreza, zomba ou
ataca as coisas de Deus.
O alerta de Jesus é claro:
quando o sagrado é oferecido a quem o despreza, ele é profanado, e quem o
oferece acaba ferido. Isso acontece quando verdades profundas são lançadas em
ambientes de escárnio, quando a fé é exposta a debates movidos apenas por provocação,
ou quando insistimos em falar mesmo percebendo um coração endurecido.
Esse ensino não contradiz a
missão de pregar o Evangelho a todos. Pelo contrário, ele a equilibra. O
próprio Jesus ensinou que, se alguém não quiser ouvir, o discípulo deve seguir
adiante (Mateus 10:14). Há momentos em que silenciar também é
obediência, e esperar é sinal de maturidade espiritual.
Amar não significa insistir
a qualquer custo. Muitas vezes, amar é respeitar o tempo do outro e confiar que
Deus trabalha nos corações melhor do que nossas palavras. O Espírito Santo é
quem convence; nós somos apenas instrumentos.
Assim, Mateus 7:6 nos
ensina que o sagrado deve ser tratado com reverência, e que o cristão precisa
aprender a discernir quando falar, como falar e para quem falar. Não por medo,
mas por sabedoria. Não por dureza, mas por fidelidade.
Guardar as pérolas não é
egoísmo espiritual; é reconhecer o valor daquilo que vem de Deus. E confiar
que, no tempo certo, Ele mesmo abrirá corações para recebê-las com humildade e
fé.



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