Nos dias atuais, falar de
apostasia não é apenas mencionar um afastamento declarado da fé, mas refletir
sobre um silêncio perigoso: o silêncio da Bíblia dentro de muitas igrejas. Não
é que as pessoas tenham parado de frequentar os templos; elas continuam indo. O
problema é o que encontram quando chegam.
A Palavra de Deus, que
deveria ser o centro do culto, em muitos lugares foi colocada de lado. Em seu
lugar surgiram conjuntos musicais como atração principal, apresentações
ensaiadas, encenações, shows de luzes e sons, e uma programação pensada mais
para entreter do que para edificar. O culto, que deveria conduzir à reverência,
passou a competir com o palco. O púlpito, que deveria ensinar, muitas vezes se
torna apenas um espaço de discursos rápidos, sem confronto, sem profundidade e
sem Bíblia aberta.
Isso não significa que a
música seja errada. O louvor sempre fez parte da adoração. O problema começa
quando o louvor substitui a Palavra, e não quando a acompanha. A música
emociona, mas é a Escritura que transforma. Emoção passa; a verdade permanece.
Uma igreja pode sair cheia de sentimentos e, ainda assim, vazia de
entendimento.
Quando a Bíblia deixa de ser
ensinada com clareza, o povo perde o referencial. Sem a Palavra, o pecado deixa
de ser chamado pelo nome, o arrependimento se torna opcional e a santidade é
vista como exagero. Aos poucos, a fé vai sendo moldada pelo gosto do público e
não pela vontade de Deus. É assim que a apostasia se instala: não com portas
fechadas, mas com Bíblias fechadas.
Vivemos uma geração que sabe
cantar, mas não sabe discernir; que sabe repetir refrões, mas não conhece as
Escrituras; que reconhece a voz do cantor, mas não distingue a voz do Pastor.
Igrejas cheias de agenda, cheias de atividades, cheias de barulho e, ao mesmo
tempo, carentes de ensino bíblico.
A Bíblia não foi feita para
ser um acessório do culto. Ela é o fundamento. Quando a igreja troca a
exposição da Palavra por distrações constantes, cria-se um cristianismo frágil,
dependente de estímulos e incapaz de permanecer firme nos dias difíceis.
O chamado para os nossos
dias é simples, embora exigente: voltar à Palavra. Abrir a Bíblia, ler,
explicar, aplicar. Não para agradar, mas para confrontar; não para entreter,
mas para transformar. Uma igreja pode sobreviver sem palco, sem show e sem
aplausos, mas nunca sem a verdade das Escrituras.
Onde a Bíblia volta a ocupar
o centro, a fé é fortalecida, o engano é desmascarado e a igreja cumpre
novamente sua missão. Fora disso, o que resta é apenas uma reunião bonita,
emocional e vazia de eternidade.


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