A Bíblia esquecida nos templos e o avanço silencioso da apostasia


Vladimir Chaves



Nos dias atuais, falar de apostasia não é apenas mencionar um afastamento declarado da fé, mas refletir sobre um silêncio perigoso: o silêncio da Bíblia dentro de muitas igrejas. Não é que as pessoas tenham parado de frequentar os templos; elas continuam indo. O problema é o que encontram quando chegam.

A Palavra de Deus, que deveria ser o centro do culto, em muitos lugares foi colocada de lado. Em seu lugar surgiram conjuntos musicais como atração principal, apresentações ensaiadas, encenações, shows de luzes e sons, e uma programação pensada mais para entreter do que para edificar. O culto, que deveria conduzir à reverência, passou a competir com o palco. O púlpito, que deveria ensinar, muitas vezes se torna apenas um espaço de discursos rápidos, sem confronto, sem profundidade e sem Bíblia aberta.

Isso não significa que a música seja errada. O louvor sempre fez parte da adoração. O problema começa quando o louvor substitui a Palavra, e não quando a acompanha. A música emociona, mas é a Escritura que transforma. Emoção passa; a verdade permanece. Uma igreja pode sair cheia de sentimentos e, ainda assim, vazia de entendimento.

Quando a Bíblia deixa de ser ensinada com clareza, o povo perde o referencial. Sem a Palavra, o pecado deixa de ser chamado pelo nome, o arrependimento se torna opcional e a santidade é vista como exagero. Aos poucos, a fé vai sendo moldada pelo gosto do público e não pela vontade de Deus. É assim que a apostasia se instala: não com portas fechadas, mas com Bíblias fechadas.

Vivemos uma geração que sabe cantar, mas não sabe discernir; que sabe repetir refrões, mas não conhece as Escrituras; que reconhece a voz do cantor, mas não distingue a voz do Pastor. Igrejas cheias de agenda, cheias de atividades, cheias de barulho e, ao mesmo tempo, carentes de ensino bíblico.

A Bíblia não foi feita para ser um acessório do culto. Ela é o fundamento. Quando a igreja troca a exposição da Palavra por distrações constantes, cria-se um cristianismo frágil, dependente de estímulos e incapaz de permanecer firme nos dias difíceis.

O chamado para os nossos dias é simples, embora exigente: voltar à Palavra. Abrir a Bíblia, ler, explicar, aplicar. Não para agradar, mas para confrontar; não para entreter, mas para transformar. Uma igreja pode sobreviver sem palco, sem show e sem aplausos, mas nunca sem a verdade das Escrituras.

Onde a Bíblia volta a ocupar o centro, a fé é fortalecida, o engano é desmascarado e a igreja cumpre novamente sua missão. Fora disso, o que resta é apenas uma reunião bonita, emocional e vazia de eternidade.

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