Jeremias 36 e o Brasil de hoje: uma reflexão


Vladimir Chaves


O capítulo 36 de Jeremias descreve um momento decisivo na história de Judá: Deus ordena que o profeta reúna em um rolo todas as palavras já anunciadas contra Israel, Judá e as nações. O objetivo era simples e profundo; que, ao ouvirem a mensagem, o povo se arrependesse de seus pecados e se voltasse ao Senhor. Jeremias dita, Baruque escreve, e o texto é lido publicamente no templo, em meio a um dia de jejum. Ali estava a oportunidade de mudança. Contudo, quando o rolo chega às mãos do rei Jeoaquim, em vez de quebrantamento, há desprezo: ele corta o texto em pedaços e o lança ao fogo, rejeitando a voz de Deus e fechando as portas para o arrependimento.

A intenção de Deus, ao mandar Jeremias registrar todas as palavras já anunciadas, era clara: dar mais uma chance ao povo. O Senhor sempre se mostra disposto a perdoar, se houver arrependimento. No entanto, diante da dureza do coração humano, a paciência divina dá lugar ao juízo.

Quando olhamos para a realidade brasileira, percebemos semelhanças nesse episódio. A Palavra de Deus continua sendo anunciada em nosso tempo: pelas igrejas, pelos pregadores, pelos cristãos em geral. Mas a maioria reage como Jeoaquim: rejeita, ridiculariza ou ignora.

Quando leis são propostas em desacordo com os princípios da justiça divina, estamos queimando o rolo.

Quando líderes políticos e religiosos se preocupam mais com poder, lucro e imagem do que com verdade, estamos queimando o rolo.

Quando o povo prefere o silêncio da indiferença ao chamado ao arrependimento, o rolo continua sendo lançado ao fogo.

O Brasil enfrenta corrupção endêmica, violência crescente, desrespeito à vida, desagregação familiar e uma onda de relativismo moral. Não são apenas crises sociais: são sintomas de uma crise espiritual. Jeremias 36 nos lembra que a raiz do problema está na rejeição à voz de Deus.

Mas a mensagem não é só de juízo. Assim como o Senhor mandou Jeremias escrever outro rolo, mais extenso, Ele também reafirma hoje: Sua Palavra não pode ser destruída. Governos passam, ideologias mudam, mas o que Deus declarou permanece. O Brasil pode tentar apagar a voz profética, mas não poderá impedir o cumprimento da Palavra.

Diante disso, a reflexão é pessoal e coletiva: vamos ouvir ou rejeitar? Vamos acolher a Palavra como correção que gera vida ou desprezá-la como incômoda e ultrapassada?

A história de Jeoaquim é um alerta: rejeitar a voz de Deus é escolher o caminho da ruína. Mas ainda há tempo de fazer diferente. O mesmo Deus que ofereceu a Judá uma nova chance, hoje oferece ao Brasil e a cada um de nós a oportunidade de arrependimento, restauração e vida.

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