O capítulo 36 de Jeremias
descreve um momento decisivo na história de Judá: Deus ordena que o profeta
reúna em um rolo todas as palavras já anunciadas contra Israel, Judá e as
nações. O objetivo era simples e profundo; que, ao ouvirem a mensagem, o povo
se arrependesse de seus pecados e se voltasse ao Senhor. Jeremias dita, Baruque
escreve, e o texto é lido publicamente no templo, em meio a um dia de jejum.
Ali estava a oportunidade de mudança. Contudo, quando o rolo chega às mãos do
rei Jeoaquim, em vez de quebrantamento, há desprezo: ele corta o texto em
pedaços e o lança ao fogo, rejeitando a voz de Deus e fechando as portas para o
arrependimento.
A intenção de Deus, ao
mandar Jeremias registrar todas as palavras já anunciadas, era clara: dar mais
uma chance ao povo. O Senhor sempre se mostra disposto a perdoar, se houver
arrependimento. No entanto, diante da dureza do coração humano, a paciência divina
dá lugar ao juízo.
Quando olhamos para a
realidade brasileira, percebemos semelhanças nesse episódio. A Palavra de Deus
continua sendo anunciada em nosso tempo: pelas igrejas, pelos pregadores, pelos
cristãos em geral. Mas a maioria reage como Jeoaquim: rejeita, ridiculariza ou
ignora.
Quando leis são propostas em
desacordo com os princípios da justiça divina, estamos queimando o rolo.
Quando líderes políticos e
religiosos se preocupam mais com poder, lucro e imagem do que com verdade,
estamos queimando o rolo.
Quando o povo prefere o
silêncio da indiferença ao chamado ao arrependimento, o rolo continua sendo
lançado ao fogo.
O Brasil enfrenta corrupção
endêmica, violência crescente, desrespeito à vida, desagregação familiar e uma
onda de relativismo moral. Não são apenas crises sociais: são sintomas de uma
crise espiritual. Jeremias 36 nos lembra que a raiz do problema está na
rejeição à voz de Deus.
Mas a mensagem não é só de
juízo. Assim como o Senhor mandou Jeremias escrever outro rolo, mais extenso,
Ele também reafirma hoje: Sua Palavra não pode ser destruída. Governos passam,
ideologias mudam, mas o que Deus declarou permanece. O Brasil pode tentar
apagar a voz profética, mas não poderá impedir o cumprimento da Palavra.
Diante disso, a reflexão é
pessoal e coletiva: vamos ouvir ou rejeitar? Vamos acolher a Palavra como
correção que gera vida ou desprezá-la como incômoda e ultrapassada?
A história de Jeoaquim é um
alerta: rejeitar a voz de Deus é escolher o caminho da ruína. Mas ainda há
tempo de fazer diferente. O mesmo Deus que ofereceu a Judá uma nova chance,
hoje oferece ao Brasil e a cada um de nós a oportunidade de arrependimento,
restauração e vida.
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