Marta e Maria: Quando o serviço toma o lugar da presença


Vladimir Chaves

Em muitas igrejas, vemos o cenário se repetir: membros comprometidos, ativos em ministérios, sempre prontos para servir. São as “Martas”, pessoas que, como na passagem bíblica, se preocupam com cada detalhe, desejando fazer o melhor para Deus e para a comunidade. Esse zelo é admirável, mas também perigoso quando nos rouba o foco principal: estar na presença do Senhor.

Jesus, ao visitar a casa de Marta e Maria, mostrou que, embora o serviço seja importante, ele não pode ocupar o trono do nosso coração. O ativismo religioso, quando desprovido de comunhão verdadeira, torna-se um substituto vazio para a intimidade com Cristo.

A boa parte ninguém pode tirar

Maria, por outro lado, representa aqueles que entendem que o maior privilégio não é fazer algo para Deus, mas estar com Deus. Ao se sentar aos pés de Jesus para ouvir Sua palavra, ela fez a escolha mais sábia e eterna.

A “boa parte” mencionada em Lucas 10:42 não se refere a um momento de descanso ou a uma pausa nas atividades, mas a uma prioridade espiritual que molda toda a vida. Eventos, programações e ministérios podem passar, mas o que é semeado na presença de Deus permanece para sempre.

“Maria, porém, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10:42)

O perigo do ativismo religioso

O trabalho na obra de Deus é essencial, mas quando ele se torna o centro, acabamos confundindo produtividade com espiritualidade. Há um risco real de viver para o ministério e esquecer do Senhor do ministério. É possível estar tão ocupado para Jesus que deixamos de estar com Jesus.

O perigo é sutil: quem se envolve apenas em atividades, mas não alimenta a alma na presença de Cristo, corre o risco de se esgotar, perder a alegria e até servir de forma mecânica, sem o frescor da unção do Espírito.

Equilibrando serviço e permanência

O exemplo de Marta e Maria não nos convida a abandonar o serviço, mas a reordenar nossas prioridades. Jesus não repreendeu Marta por servir, mas por permitir que a ansiedade e a distração tirassem o lugar daquilo que é eterno.

Servir a Deus deve ser fruto de estar com Ele. Primeiro, nos alimentamos da Palavra, nos fortalecemos na comunhão, e então nosso serviço se torna leve, cheio de sentido e poder espiritual.

Um chamado para a igreja de hoje

O desafio para a igreja contemporânea é não perder o foco no essencial. Festividades, eventos e programações têm seu valor, mas não podem substituir o momento de se assentar em silêncio aos pés do Senhor. O corpo de Cristo precisa de mais “Marias” que escolham diariamente a boa parte, pois é dela que brota um serviço verdadeiro e frutífero.

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