O versículo de 1 Reis
6:29 descreve a construção do Templo de Salomão e menciona que as paredes
internas foram “lavradas de entalhes de querubins, palmeiras e flores abertas,
por dentro e por fora”. Isso significa que Deus permitiu a presença de imagens
no lugar mais sagrado do culto israelita, mas com um detalhe crucial: essas
imagens não eram objetos de adoração, e sim elementos artísticos e simbólicos.
Deus não proíbe toda imagem
Ao contrário do que muitos interpretam,
a proibição bíblica em Êxodo 20:4-5 não se refere à existência de
qualquer imagem ou escultura, mas ao uso delas como ídolos:
“Não farás para ti imagem de
escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na
terra... não as adorarás nem lhes darás culto.”
A ênfase está em não
fabricar imagens para culto ou para substituir Deus. A própria Bíblia mostra
que representações visuais podiam ser usadas quando o objetivo era pedagógico,
decorativo ou simbólico.
Exemplos bíblicos do uso
legítimo de imagens
Querubins no Templo e na
Arca da Aliança (Êxodo 25:18-22; 1 Reis 6:29), figuras angelicais
feitas de ouro, colocadas sobre a tampa da Arca, representando a presença
protetora de Deus.
Romãs e flores nas vestes
sacerdotais (Êxodo 28:33-34) — arte têxtil com valor simbólico.
Serpente de bronze (Números
21:8-9) — imagem feita por ordem de Deus para que, ao olhar para ela, os
israelitas picados por serpentes fossem curados.
Imagens no Templo restaurado
por Ezequiel (Ezequiel 41:18-19), ornamentos que reforçavam a mensagem
espiritual.
Quando a imagem se torna
pecado
O problema começa quando a
imagem deixa de ser arte e se torna ídolo, recebendo culto, devoção, orações ou
sendo vista como mediadora com Deus. Foi exatamente isso que aconteceu com a
serpente de bronze, que inicialmente foi instrumento de cura, mas séculos
depois passou a ser adorada. O rei Ezequias a destruiu (2 Reis 18:4),
mostrando que até algo originalmente ordenado por Deus pode se tornar objeto de
idolatria.
A diferença entre símbolo e
substituto
Símbolo legítimo: leva a
mente e o coração para Deus, sem receber culto em si.
Substituto ilegítimo: toma o
lugar de Deus, recebendo adoração, orações e confiança.
A questão não é a matéria da
qual a imagem é feita, mas o papel que ela ocupa no coração humano.
O cristão precisa discernir
entre apreciar arte, arquitetura ou símbolos cristãos, e atribuir-lhes poder
espiritual independente de Deus. Cruz, peixe, vitrais, ilustrações bíblicas,
tudo pode ser usado para edificação e beleza, desde que não sejam transformados
em objetos de veneração.
1 Reis 6:29 não
contradiz a proibição do segundo mandamento; pelo contrário, reforça que o
problema não está na imagem, mas no uso que fazemos dela. Deus é Espírito e
deve ser adorado em espírito e em verdade (João 4:24). A arte pode
inspirar, ensinar e lembrar-nos de verdades espirituais, mas nunca substituir a
presença viva do Senhor.
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