A imaturidade do cristão maduro


Vladimir Chaves

Ao analisarmos cuidadosamente o texto de 1 Coríntios 3:1–9, percebemos que muitas igrejas de hoje não se diferenciam muito da igreja de Corinto, descrita por Paulo. Havia ali uma aparência de maturidade espiritual, mas a essência revelava o contrário.

No capítulo 3 da primeira carta aos coríntios, vemos que a comunidade era formada por crentes imaturos:

“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo.” (1 Co 3:1)

Paulo deixa claro que os coríntios não eram escravos do pecado, mas não haviam amadurecido. Eram “crianças em Cristo”. Sua tristeza era perceber que, mesmo com anos de caminhada na fé, continuavam mimados e imaturos, disputando por coisas pequenas e irrelevantes.

O pastor Clint Archer, em seu artigo “5 Signs of Spiritual Maturity”, expressa bem essa ideia ao dizer:

“Não é errado para um novo convertido ser imaturo, assim como não é errado uma criança ser infantil. A infantilidade só é irritante em um adulto. Quando uma criança de quatro anos veste uma capa, uma cueca por sobre a calça, alegando ter visão de raio-x, isso é fofo. Quando o seu pai faz isso, é preocupante!”

Na vida cristã, o mesmo princípio se aplica. Quando um crente com muitos anos de ministério se magoa por qualquer motivo, se prende a picuinhas que nada edificam, ou usa o púlpito como palmatória para ofender em vez de edificar, isso é sinal claro de imaturidade espiritual.

No versículo 1, Paulo recorda seu primeiro contato com os coríntios durante sua segunda viagem missionária e confessa que não podia tratá-los como espirituais. No versículo 2, ele lamenta que, mesmo com o passar do tempo, a situação não havia mudado:

“Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido, porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais.”

Infelizmente, essa realidade pouco mudou. Ainda hoje, Paulo veria os mesmos sintomas de imaturidade entre muitos cristãos.

Sinais de Imaturidade Espiritual (1 Co 3:3–9)

1. Ciúmes entre irmãos (v. 3)

A imaturidade se manifestava nas relações dentro da igreja. O ciúme gerava contendas e divisões, enfraquecendo o testemunho cristão.

2. Partidarismo na igreja (v. 4)

Alguns membros exaltavam Paulo, outros Apolo, outros Cefas. Amar um líder é normal, mas colocá-lo num pedestal acima do próprio Cristo é idolatria e infantilidade espiritual. Dividir a igreja por preferências humanas é sinal de carne e não de Espírito.

3. Esquecimento de quem realmente faz crescer (v. 6–7)

“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus é quem dá o crescimento.”

Paulo lembra que foi ele quem plantou a semente do Evangelho em Corinto, e Apolo a regou. Mas ambos reconheciam: sem a graça de Deus, o trabalho seria inútil.

A maturidade espiritual entende que todo crescimento vem de Deus, não da eloquência, carisma ou cultura humana.

4. Unidade no serviço (v. 8–9)

Enquanto os coríntios brigavam entre si, Paulo e Apolo trabalhavam em unidade, conscientes de que serviam ao mesmo Senhor.

“Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.”

Eles não buscavam glória pessoal, mas serviam humildemente como cooperadores de Cristo.

Conclusão

O crente imaturo vive dominado por ciúmes, contendas e partidarismos.

O crente maduro busca unidade e humildade, mesmo em meio às adversidades.

Os imaturos dão crédito aos homens pelo seu crescimento espiritual; os maduros reconhecem que tudo vem de Deus.

Os imaturos pensam que são alguma coisa; os maduros sabem que sem Cristo nada são.

 “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” Apocalipse 2:7

0 comentários:

Postar um comentário

Conteúdo é ideal para leitores cristãos interessados em doutrina, ética ministerial e fidelidade bíblica.